Na primeira rodada do Campeonato Brasileiro, quando se preparava para entrar em campo fazer o aquecimento antes de enfrentar o Palmeiras, Rodrigo Caio sentiu uma incomum. Percebeu que havia travado as costas e mal conseguia se mexer. Ficou transtornado. Afinal, acabara de se recuperar de uma delicada lesão na coxa direita.
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Foi o capitão Diego quem consolou Rodrigo. Sentou-se ao lado dele no vestiário e explicou que, por mais que o zagueiro se cuidasse, havia coisas fora do controle do jogador.
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Isso me marcou bastante. O que a gente consegue controlar é se cuidar dentro e fora de campo, se alimentar bem, treinar, e tudo isso eu faço muito bem. Mesmo assim acontecem as lesões e você começa a se perguntar o porquê. Mas eu procurei me fortalecer muito, parar de me perguntar o porquê das coisas e tentar entender que é o que tem que ser. Se está acontecendo isso nesse momento é porque acredito que Deus está me livrando de algo muito pior. O mental é o que mais afeta. Para mim, naquele momento, foi muito complicado, porque eu vinha constantemente sofrendo lesões. Hoje, poder me sentir saudável novamente é muito importante e gratificante que tudo valeu a pena. Espero que eu possa continuar desta forma - contou Rodrigo Caio, em entrevista ao ge.
No período em que ficou fora dos gramados, Rodrigo Caio e o departamento médico do Flamengo tentaram investigar um possível foco dos problemas físicos. O zagueiro fez exames para saber se havia alguma inflamação causada por alimentação ou até mesmo um foco dentário. Nada apareceu.
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Eu fui atrás de muitas soluções quando essas questões começaram a acontecer. Eu nunca fui um cara que teve lesões. Tive duas lesões sérias no joelho lá atrás, e depois nunca mais tive lesões, nem musculares. Eu me cuido muito mesmo. Tenho meus equipamentos de fisioterapia aqui em casa tem um profissional que me acompanha e cuida de mim. Tenho todo o acompanhamento do staff do Flamengo. Chega um momento que você começa a pensar: "Estou fazendo de tudo, estou me cuidando, estou dormindo bem, estou me alimentando bem".
- Eu fui atrás junto com o DM, fiz alguns exames para ver se tinha alguma inflamação por alimento, algo dentário, e não foi nada detectado. Isso te dá uma tranquilidade para continuar fazendo as mesmas coisas, fortalecendo a musculatura, me cuidando fora do CT, procurando se suplementar da melhor forma para que você possa se recuperar melhor. Tudo que está no meu controle eu estou fazendo, não só agora por causa das lesões. Eu já vinha fazendo. É a única forma que eu conheço. O importante é que agora estou bem - completou Rodrigo.
Autor do primeiro gol na goleada sobre o Defensa y Justicia, pela Libertadores, Rodrigo conversou com o ge para falar também do novo momento do Flamengo, sob o comando de Renato Gaúcho, e da partida contra o São Paulo, neste domingo, pelo Brasileirão.
Confira a entrevista:
Maior vibração
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Temos um grupo espetacular. Independente dos momentos, tanto nos bons que vivemos desde que construímos este grupo em 2019, temos um grupo muito unido, muito focado. Isso a gente sempre conseguiu deixar muito visível. Claro que, quando você tem momentos difíceis, como vivemos isso com o Rogério, acabamos perdendo alguns jogos. Tudo que envolve o Flamengo, né? Perdemos dois jogos consecutivos e já começaram muitas críticas, muitas cobranças.
- Quando a gente começa a passar por um momento bom como esse, é mais que natural que a gente tire de dentro de nós toda aquela energia que, de alguma forma, acaba nos prendendo um pouco, em alguns momentos perdendo a nossa confiança.
- Sabemos que o futebol é aquela questão de ter confiança e fazer aquilo que sabe. Acredito que hoje o grupo vem muito bem nesta questão, conseguindo com uma vibração muito grande dentro de campo. Nas partidas estamos conseguindo fazer com que isso nos coloque para cima. Acho que isso é fundamental.
Chegada de Renato Gaúcho
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É muito pouco tempo de trabalho. Estamos tendo muito pouco tempo de treino. Isso é uma dificuldade muito grande para um treinador quando ele chega para colocar sua ideia de jogo. O Renato é extremamente inteligente, soube explorar muito bem o que a gente mais precisava que era a confiança.
- Porque a gente vivia num momento difícil pelas derrotas. A confiança no futebol é essencial. Em muitos momentos, quando você está sem confiança, o simples se torna difícil, e o Renato conseguiu mexer com o grupo nessa questão. Conseguiu recuperar muitos jogadores, mostrar para que todos que eles são importantes. Dentro do treino, podendo orientar em alguns detalhes, mudar e colocando pouco a pouco.
- Ele não chegou de cara e quis mudar tudo. Não, ele foi nos detalhes, mostrando vídeos, mostrando nos treinos alguns fatores que precisavam ter ajustes. Perguntou aos jogadores alguns movimentos ou posições onde cada um se sente mais à vontade. Acho que esse é o fator principal que fez com que a gente pudesse fazer grandes jogos.
Problemas físicos
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É o momento mais crítico da carreira de um atleta de alto rendimento. Constantemente a gente convive com isso. Antes do jogo contra o Palmeiras, na primeira rodada do Brasileiro, 15 minutos antes de subir para o campo aquecer, eu travei as costas de uma forma que eu não conseguia me mexer. Fiquei tão transtornado com aquilo, por tudo que eu vinha vivendo. Tive uma lesão complicada no adutor que demorei um mês e meio, voltava e sentia dor. Quando aconteceu isso, eu fiquei muito triste, sentava na minha cadeira transtornado.
- Aí, o Diego, nosso capitão, virou para mim e falou: "Fica tranquilo. Tem coisas que a gente não controla". Isso me marcou bastante. O que a gente consegue controlar é se cuidar dentro e fora de campo, se alimentar bem, treinar, e tudo isso eu faço muito bem. Sou um cara muito dedicado nessa questão. Mesmo assim acontecem as lesões e você começa a se perguntar o porquê. Mas eu procurei me fortalecer muito, parar de me perguntar o porquê das coisas e tentar entender que é o que tem que ser. Se está acontecendo isso nesse momento é porque acredito que Deus está me livrando de algo muito pior. Eu procurei me fortalecer bastante. O mental é o que mais afeta.
- Para mim, naquele momento, foi muito complicado, porque eu vinha constantemente sofrendo lesões. Hoje, poder me sentir saudável novamente é muito importante e gratificante que tudo valeu a pena. Espero que eu possa continuar desta forma.
Duelo contra o São Paulo no domingo
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Por incrível que pareça, eu só fiz dois jogos contra o São Paulo. É um grandíssimo jogo, expectativa sempre muito grande por ser um jogo de altíssimo nível, contra uma equipe que vem numa crescente. O que a gente deixa para a nossa torcida é que vamos dar o nosso melhor, nos preparar muito para a partida, porque é muito importante para a nossa sequência no Brasileiro. Para isso, precisamos estar muito concentrados e focados.
Necessidade de poupar jogadores
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Isso é fundamental. Infelizmente, o nosso calendário é uma coisa que... Foge do nosso controle. Não existe um jogador que consegue jogar 80 jogos na temporada. Ainda mais o Flamengo, que briga em todas as frentes. Impossível.
- Eu lembro que em 2019 eu joguei 61 jogos. É uma coisa absurda, você chega no fim da temporada e está destruído. Isso porque tive algumas paradas, senão teria jogado 65, 66 jogos.
- É mais do que natural esse rodízio. Sabemos que nosso torcedor muitas vezes não entende, mas é impossível você estar 100% fisicamente em todos os jogos. São todos os jogadores, não só o Rodrigo. Temos um departamento com muita capacidade para analisar, dar esse feedback ao Renato e ele tomar a melhor decisão. O mais importante é entrar em campo 100% saudável para dar seu melhor. O que adianta entrar com 70% do seu melhor? Além de atrapalhar a equipe, vai ter risco grande de lesão. Acho que todas as equipes do futebol brasileiro vêm fazendo isso. É importantíssimo. Quem tem esse controle vai chegar no fim da temporada brigando por todas as competições.
Tabu contra o São Paulo
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Dá mais motivação, com certeza. É o jogo que a gente gosta de jogar, contra uma grande equipe. Podemos dizer que é um clássico do futebol brasileiro. Sem dúvida vamos entrar muito focados, com objetivo somente na vitória. Por termos o objetivo real de chegar no fim do ano para buscar o tricampeonato brasileiro, que é o nosso objetivo, porque é um sonho de todo jogador.
O efeito Renato
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O Renato me surpreendeu muito positivamente. Não tive oportunidade de trabalhar com ele antes. Tive muitos colegas de profissão que trabalharam com ele e foram muito positivos nas falas.
- O Renato vem nos ajudando bastante. Claro que com pouquíssimo tempo de trabalho. Não seria justo falar que mudou muita coisa do Rogério, porque não tivemos tempo para treinar, a oportunidade de treinar uma semana cheia para que pudéssemos trabalhar arduamente e entender cada vez mais a ideia de jogo dele.
- As partidas que fizemos, contra Bahia e Defensa, vimos que tem o dedo dele. Um detalhe ou outro. Onde ele enxergou que precisava ter o ajuste, e ele foi cirúrgico nisso. Isso é importante. Mostra que o treinador tem uma visão, enxerga o jogo, enxerga o time e a qualidade que tem. É mérito total dele. Estamos muito felizes com o trabalho.
Mudança de lado na zaga
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Tivemos uma conversa sobre isso. Deixei bem claro para o Renato e para o Gustavo que não tenho tanto essa questão de lado. É sempre importante se fixar em um lado para criar alguns conceitos, o movimento de corpo é um pouco diferente. O mais importante é o bem da equipe, o Gustavo prefere jogar do lado direito, então fiquei do lado esquerdo. Isso é uma coisa natural. O mais importante é que seja bom para a equipe.
Renato mais sério?
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No dia a dia ele continua da mesma forma. Cara brincalhão, extrovertido, que coloca o ambiente no maior astral possível. Isso vem sendo muito positivo para nós. É de se valorizar, porque a gente sabe que quando se joga no Flamengo, a cobrança por vitórias e grandes partidas é sempre muito grande. Você precisa desse momento de tranquilidade, e o treinador precisa ter essa questão. O Renato é um cara que controla muito bem isso. No dia a dia, ele vem sendo muito bacana mesmo, muito descontraído. Brinca muito com todos os jogadores, e isso tem sido fundamental para nós.
Conhecimento de Flamengo
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Faz diferença. Ele (Renato) sabe o que significa o Flamengo, a grandeza. Isso faz uma grande diferença para nós e para ele. Para que ele possa chegar com mais tranquilidade. Ele está com muita sede de ser campeão com o Flamengo e está encontrando um grupo fantástico. Não só pelo que construiu nos últimos anos, mas pelo dia a dia. Ele está vendo a vontade, um grupo que não se contenta com o que tem. Com a ajuda dele vamos conseguir alcançar os objetivos.
Planejamento para evitar lesões
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Eu fui atrás de muitas soluções. Quando começa a acontecer essas questões, eu nunca fui um cara que teve lesões. Tive duas lesões sérias no joelho lá atrás, e depois nunca mais tive lesões, nem musculares.
- Fui ter lesões agora no Flamengo. Eu me cuido muito mesmo. Tenho meus equipamentos de fisioterapia aqui em casa tem um profissional que me acompanha e cuida de mim. Tenho todo o acompanhamento do staff do Flamengo. Chega um momento que você começa a pensar: "Estou fazendo de tudo, estou me cuidando, estou dormindo bem, estou me alimentando bem".
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Eu fui atrás junto com o DM, fiz alguns exames para ver se tinha alguma inflamação por alimento, algo dentário, e não foi nada detectado. Isso te dá uma tranquilidade para continuar fazendo as mesmas coisas, fortalecendo a musculatura, me cuidando fora do CT, procurando se suplementar da melhor forma para que você possa se recuperar melhor. Tudo que está no meu controle eu estou fazendo, não só agora por causa das lesões. Eu já vinha fazendo. É a única forma que eu conheço.
- O importante é que agora estou bem. Espero poder permanecer assim, saudável, para ajudar meus companheiros, sempre batendo naquela questão: vai ter um jogo ou outro que teremos que ter esse descanso, para não estourar e perder cinco e seis jogos. Estamos sempre debatendo com o departamento médico para ter as melhores informações.
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