Gabigol toca a taça do Campeonato Carioca 2021 antes do jogo (Imagem: Alexandre Vidal/Flamengo)
Enquanto o Campeonato Paulista já teve sorteio dos grupos e novos contratos de direitos de transmissão, o cenário em relação ao Carioca preocupa os clubes, sobretudo os de menor investimento.
Como a CBF estipulou 26 de janeiro para início dos estaduais de 2022, faltam 77 dias para o pontapé inicial. Há contrato para mais uma temporada com a Record para a TV aberta no estadual do Rio, mas ainda não existe um cenário definido sobre como será o pay-per-view, a tabela ainda não foi divulgada e tampouco foram fechados acordos para patrocínios.
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O paralelo com o estadual vizinho, que fez ontem (9) um sorteio da tabela transmitido na TV fechada, aumentou o incômodo nos dirigentes cariocas. Uma reunião estava marcada para segunda-feira (8), na qual a Ferj e a Sportsview deveriam trazer atualizações sobre o cenário, mas ela foi adiada.
Nos grupos de WhatsApp dos quais os cartolas dos clubes fazem parte, não se esconde a demanda por uma resolução mais célere. Há expectativa por uma sinalização da Ferj nos próximos dias.
"Estou muito preocupado, como todos estão. Porque estou contratando, montando time e não sei quando e quanto vou receber. Estamos sem receber há dois anos. Paguei para jogar o Brasileiro. Está complicado para mim, mas estou fazendo time assim mesmo, sem saber o que vai acontecer. Mas estamos acreditando que vai acontecer alguma coisa. Vou pagar para ver", disse o presidente do Madureira, Elias Duba, que emendou:
"São Paulo está muito na frente. Fecharam patrocínios, parcerias. E aqui a gente não consegue fechar nada".
O que passa pela cabeça dos dirigentes do Rio é o temor da repetição dos atropelos da edição 2021. Para o último campeonato, a justificativa da Sportsview foi a de que os contratos foram fechados de última hora — o que de fato aconteceu —, e isso dificultou acertos comerciais e desenvolvimento melhor da estratégia de pay-per-view.
Agora, para 2022, com meses de janela de negociação, os clubes ainda aguardam um cenário mais promissor.
"Essa semana deve ter uma reunião. Estou aguardando uma posição da empresa, que foi contratada para negociar. Até agora, não passaram nada para a gente. Não sei por qual motivo não se manifestou ainda. Ela tem que apresentar o plano de negócio e estamos aguardando. Acho até que está demorando. A preocupação dos outros é a mesma que a minha e estamos aguardando, porque queremos fazer um belo campeonato. Continuo acreditando que a empresa vai apresentar um grande projeto", disse o presidente do Bangu, Jorge Varela.
A aproximação que a Globo fez para comprar os direitos do PPV do estadual morreu quando a Ferj exigiu compensação financeira em relação ao rompimento contratual de 2020, quando a emissora rescindiu unilateralmente após o Flamengo transmitir um jogo na Fla TV.
Se não fechar com nenhuma plataforma ou emissora além da Record, o Carioca deve novamente ser transmitido pelas TVs dos clubes. Os rivais veem o Flamengo muito interessado nesse modelo, até para turbinar a plataforma própria. Esse cenário fez com que a receita rubro-negra no estadual atingisse em 2021 algo na casa dos R$ 14 milhões, enquanto os demais — mesmo os grandes — passaram aperto: o Vasco, por exemplo, ficou com pouco mais de R$ 4 milhões.
Como a Sportsview, contratualmente, é a responsável pela captação no mercado, a pressão aumenta. Marcelo Campos Pinto, principal executivo da empresa, disse ao UOL que está no mercado captando fontes de receita e alega que mantém a Ferj atualizada sobre o andamento das conversas.
"A Ferj tem todas as informações. Estamos trabalhando. O trabalho de venda de direitos já foi realizado no ano passado. A Federação Paulista está vendendo agora porque começou a vender. Na parte comercial, tanto eles quanto nós ainda estamos em processo de venda. Já fizemos o trabalho de prospecção de direitos e continuamos fazendo", disse ele, que assegura: "Os resultados financeiros serão significativamente melhores".
Procurada, a Ferj não se manifestou oficialmente. Mas o UOL apurou que o presidente Rubens Lopes, ao adiar a reunião que seria na segunda-feira, citou que a entidade precisaria conhecer alguns pontos, tirar dúvidas e apresentar as sugestões pertinentes antes de levar o tema ao debate geral.
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