Evandro Brandão já foi uma das grandes promessas do Manchester United, que enfrenta o Burnley pela Premier League nesta quinta-feira (30), às 17h15 (de Brasília), com transmissão pela ESPN no Star+.

Filho de ex-jogador, o atacante passou a infância em Luanda (Angola), onde aprendeu a amar a música e as telenovelas brasileiras ao lado da mãe. Aos sete anos, mudou-se para Portugal, onde ficou até 2011. Depois, foi para a Inglaterra em busca de uma vida melhor. Seu começo no futebol foi no modesto Walsall-ING, até ser descoberto pelo Manchester United, em 2006.



"Eu estava me destacando pela equipe sub-15 quando fui emprestado para jogar a Copa Nike pelo United. No fim, as coisas ocorreram bem e fui comprado. Assim que assinei o contrato, Sir Alex Ferguson disse que conhecia as minhas características e pontos fortes", disse ao ESPN.com.br.

Evandro jogou ao lado de Welbeck, Joshua King, Ravel Morisson e Jesse Lingard. Além disso, treinou algumas vezes com a equipe principal, que tinha astros como Giggs, Scholes, Van der Saar, Anderson, Nani e Cristiano Ronaldo.

"Ronaldo era um dos grandes jogadores do mundo e olhava para eles como uma inspiração. O United dava o privilégio de convivermos com os profissionais no mesmo espaço. Não havia grande diferenças, isso era bom. Tive a sorte de treinar com eles e vou levar isso para sempre. Poder pisar no Old Trafford, o teatro dos sonhos, foi a maior realização. Pude compartilhar também a festa de campeão da Premier League ao lado deles", afirmou.

"Ferguson era um treinador diferente e que tinha uma equipe técnica muito competente. Em alguns treinos ele não estava, mas o auxiliar fazia o mesmo papel e os jogadores trabalhavam da mesma forma. Era uma pessoa muito calma, inteligente e sabia tudo que acontecia no clube. Eu era muito bem tratado por todos os colegas e os treinadores do clube. Me sentia muito bem", contou.

Trabalho com Jesus
No entanto, aos 18 anos, Evandro estava com o contrato no fim e decidiu sair do Manchester United para retornar a Portugal. Antes de deixar Old Trafford, ele ouviu de Alex Ferguson que deveria acreditar no próprio potencial para alcançar os objetivos.

"Era novo, queria jogar por uma equipe principal e achei que seria a melhor opção para mim. Eu ia para o Braga porque o Mister Jorge Jesus era o treinador, mas não assinei porque ele foi para o Benfica. Depois, houve uma complicação nas negociações. Passado algum tempo, fui para o Benfica".


"Na altura foi o que eu decidi, óbvio que não foi a melhor opção. Eu era garoto e com decisões importantes para tomar e sem alguém para me dizer que deveria esperar mais um pouco para chegar ao meu objetivo. Foi uma decisão que, aos 18 anos, tinha que tomar".

O atacante ficou por seis meses na base do Benfica e aprendeu um novo futebol, pois nunca havia atuado antes em Portugal. Além disso, foi treinado várias vezes por Jorge Jesus na equipe principal.

"Benfica é um grande clube e só quem passa por lá consegue ter a noção disso. O Ederson, goleiro do City, era mais novo, mas treinava conosco. Tinha muito potencial e batia muito forte na bola com as duas pernas! Era impressionante, um goleiro muito ágil".

Evandro jogou pela segunda equipe do Benfica antes de ser emprestado para Gondomar e Fátima antes de chegar ao Videoton, da Hungria. Durante a temporada 2011-12, o atacante foi comandado por Paulo Sousa no vice-campeonato da Liga Húngara.

Depois, o atacante defendeu Olhanense e Tondela antes de voltar para Angola, onde jogou por Libolo e Kabuscorp.

"Não tinha como recusar porque a proposta era muito boa e queria dar estabilidade financeira para a minha família. Era uma oportunidade no país que nasci e ficaria perto da minha mãe, que morava lá. Eu fui campeão duas vezes".

Evandro também jogou por vários anos nas seleções de base de Portugal na mesma geração que foi vice-campeã Mundial sub-20 em 2011, perdendo a final para o Brasil. No entanto, ele ficou de fora da competição. Em 2014, o atacante decidiu defender a seleção principal de Angola, participando da Copa Africana de Nações de 2019.

"Foi uma honra jogar uma competição tão grande e representar o país onde nasci".

Relação com o Brasil
Evandro ainda defendeu Benfica Castelo Branco, Fafe, Leixões, Maccabi Petah Tikva até chegar ao Vilafranquense, em 2020. Pouco tempo atrás, o atacante rescindiu contrato e ficou sem clube.



"Rescindi meu contrato por justa causa porque houve mudanças no clube e o treinador não contava comigo. O clube me proibiu de treinar. Tive que tomar uma decisão e saí. Estou nesse momento esperando o mercado abrir para abraçar novos projetos".

Sem clube, ele não descarta atuar no futebol brasileiro caso chegue uma proposta.

"Estou aberto para ouvir novos projetos e não fecho portas a nada. O que for bom para mim e para minha família eu aceitarei. Já me perguntaram sobre ir ao Brasil, nunca imaginei, mas nunca direi nunca. Quem sabe um dia? Gosto de desafios e novas aventuras na minha carreira".



"A cultura angolana é muito parecida com a brasileira. Vivenciamos não somente o futebol do Brasil, mas também as novelas e as músicas, principalmente pela minha mãe. Esse gosto está no sangue. Não seria uma novidade para mim".