Crédito: Patricy Albuquerque / Staff Images Woman / CBF

Este que escreve entende muito bem os motivos pelos quais se espera muito do Flamengo nesse Brasileirão Feminino. O investimento na montagem do time foi alto e a diretoria rubro-negra espalhou aos quatro ventos que o objetivo era retornar ao patamar mais alto da modalidade no país. A vitória por 3 a 1 sobre o Cresspom (Clube Recreativo e Esportivo de Sub-Tenentes e Sargentos da Polícia Militar do Distrito Federal) no Abadião, no entanto, nos apresentou uma equipe que joga um futebol que está longe daquilo que Luis Andrade idealiza. Um dos motivos é o tempo de trabalho, ainda muito pequeno para a consolidação dos conceitos do treinador português. E o outro foram os desfalques de Rayanne, Darlene e Duda (todas elas lesionadas). Tudo isso influenciou no desempenho do Flamengo na partida disputada neste domingo (13).

Virada e três pontos!

O @Flamengo vence o Cresspom por 3x1 e garante a primeira vitória no #BrasileirãoFemininoNeoenergia! pic.twitter.com/S7FjxadpLQ

— Brasileirão Feminino Neoenergia (@BRFeminino) March 13, 2022

Isso tudo acabou gerando um verdadeiro jogo de “trocação” pura com o Cresspom. Sem ter quem controlasse a bola e desse a cadência que o time pedia na criação, o escrete rubro-negro muitas vezes se via apelando para passes longos sem trabalhar mais as jogadas de ataque pelo chão com Gica, Maria Alves e Leidiani. A experiente Thaisa tentou exercer esse papel ao orientar o Flamengo na marcação e no posicionamento defensivo, mas Cris e Ariane tendiam a se lançar demais ao ataque. Isso abria uma cratera no meio-campo que nenhuma das jogadoras conseguia cobrir. Do outro lado, o Cresspom apenas se fechava na defesa e ganhava confiança com o gol marcado por Thaynara em cobrança de pênalti logo aos quatro minutos.

A desvantagem no placar fez com que o Flamengo se lançasse ao ataque de maneira ainda mais desorganizada e completamente afobada. Monalisa e Gisseli tentavam abrir o campo, mas não encontravam com quem jogar por ali, visto que o time teimava em tentar entrar na área do Cresspom por dentro. Apenas quando as duas laterais do escrete rubro-negro começaram a atacar as costas da zaga adversária é que os passes mais longos começaram a surtir algum efeito. Mesmo assim, este que escreve ainda via a necessidade de quem controlasse mais a velocidade das jogadas de ataque. Por mais que Maria Alves, Gica e Leidiane se movimentassem bastante na frente para abrir espaços, o time seguia afobado demais nas horas decisivas.

Um dos conceitos mais defendidos e trabalhados por Luis Andrade é a marcação alta seguida da pressão na portadora da bola. No entanto, a característica de algumas das principais equipes do futebol feminino jogado aqui no país precisa de tempo e mais treinamentos para ser feita de maneira mais coordenada e de modo que não deixe a defesa desguarnecida. E esse era um dos grandes problemas do Flamengo. Não foram poucas as vezes em que o Cresspom conseguiu explorar os espaços às costas da última linha de defesa do escrete rubro-negro (principalmente quando Gisseli e Monalisa avançavam). É natural que Luis Andrade queira que sua equipe marque alto e com bastante intensidade. A questão aqui está na maneira como isso é feito e como o time se comporta quando o adversário vence a primeira pressão. É algo que precisa ser corrigido o quanto antes.

Cida empatou a partida ainda no primeiro tempo (aos 21 minutos). Luis Andrade esperou o intervalo e metade da segunda etapa para dar sangue novo para sua equipe com as entradas de Anny Marabá, Pimenta e Stella. Com fôlego renovado e as jogadoras melhor posicionadas em campo, o Flamengo conseguiu se impor na partida na base do físico e da intensidade tão pedida pelo treinador português (apesar dos problemas crônicos na transição defensiva). Pimenta marcou o segundo aos 35 minutos e Maria Alves fez o terceiro aos 47 em jogada que teve início numa reposição de bola de Letícia Rodrigues (goleira do Cresspom) e de uma das poucas jogadas trabalhadas pelo escrete rubro-negro em toda a partida com a camisa 9 recebendo de Stella na intermediária, tabelando com Cris e acertando um belo chute cruzado.

A vitória por 3 a 1 em cima do Cresspom teve um pouco de tudo, mas acabou sendo o resultado mais justo. O Flamengo conseguiu superar seu adversário muito mais na base do preparo físico do que na organização tática. Este que escreve entende muito bem o fato de que Darlene e Duda fazem muita falta e que o time sentiu demais a ausência das suas referências técnicas numa partida que poderia ter sido muito mais tranquila do que foi. Por outro lado, todo o contexto influenciou muito em todo o desempenho do escrete rubro-negro no Abadião. E a grande verdade é que Luis Andrade só conseguiu trazer um pouco da intensidade que tanto busca para sua equipe no momento em que resolveu trocar peças e trazer as linhas do Fla para um bloco mais médio. Com espaço para atacar, Maria Alves e Pimenta fizeram aquilo que se espera delas.

É bem possível que o Flamengo encontre ainda mais dificuldades no decorrer da temporada por conta dos desfalques e da adaptação de jogadoras aos conceitos do treinador português. Por mais que a diretoria rubro-negra afirme em alto e bom som que o desejo é marcar presença entre as melhores país, o tempo ainda é o fator fundamental para que o escrete rubro-negro finalmente se encaixe e renda aquilo que se espera dele. Principalmente num campeonato tão equilibrado como o Brasileirão Feminino.

Confira os gols do Mais Querido pelas lentes da FlaTV!

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— Flamengo (@Flamengo) March 13, 2022

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