Sócios-torcedores, Adílio e Júlio Cesar

Que Adílio e Júlio Cesar Uri Geller são dois dos maiores ídolos da história do Flamengo todo torcedor rubro-negro sabe. Mas que cresceram e alcançaram esse status juntos, poucos têm conhecimento. Nessa terça-feira, na Gávea, os ex-atletas receberam e contaram várias histórias que viveram juntos para alguns sócio-torcedores. Os sortudos se cadastraram para participar da promoção que daria direito à conhecer os ídolos e a sede rubro-negra e tiveram uma tarde muito divertida e cheia de histórias.

A relação de amizade entre eles teve início ainda fora da Gávea, quando se enfrentavam em peladas na rua. O tempo passou e ambos se tornaram destaques da base rubro-negra, mas até chegar lá, foram muitos momentos pulando os muros da sede do Flamengo para dar um mergulho escondido na piscina, ou apenas assistir aos jogos de seus ídolos. "Começamos pulando o muro, depois passamos a jogar no dente de leite, mas nosso sonho de verdade era jogar no campo dos profissionais. Ficávamos olhando Fio Maravilha, o Onça, e imaginávamos como seria quando estivéssemos lá, com eles", contou Adílio.

Para alcançar o sonho de infância, os ex-jogadores daquele verdadeiro Esquadrão Rubro-Negra passaram por vários desafios que a vida lhes propôs. "Me lembro quando ainda era pequeno e morava numa favela aqui próxima da Gávea com a minha vó e outros 15 familiares, em um quarto e sala, e acordei com essa minha avó chorando e gritando. A favela havia pego fogo, e minha casa também. Saímos todos correndo e nos mudamos para longe. Até que com 13 ou 14 anos, o Flamengo me 'resgatou' e fui morar um alojamento do clube na praia do Flamengo", lembrou Júlio César.

Entre tantas histórias, os dois ídolos do Mais Querido foram a todo momento interpelados pelos sócio-torcedores. Quando perguntado pela rubro-negra presente no grupo, Luana Cristina Alvarez, sobre qual era dica que dariam aos jovens que querem se tornar profissionais, Adílio não titubeou. "O conselho que dou é que eles não esqueçam o que aprenderam jogando bola na rua, no campinho. A ousadia, o jeito moleque, o drible, são coisas que não podem ser deixadas de lado".

Os craques mostraram que mais do que ídolos, todos aqueles jogadores rubro-negros do elenco da década de 1980 eram, acima de tudo, muito companheiros. Segundo Adílio e Júlio César os treinos eram estafantes mas valiam à pena. Todos jogadores se ajudavam em seus pontos fracos para que o time todo se tornasse mais forte. A repetição, por vezes exaustiva, era fundamental e, segundo eles, foi exatamente o que os tornou diferenciados. "Tínhamos treinos muito puxados. Subíamos escadas, corríamos quilômetros, carregávamos coletes com areia dentro para treinar cabeceio. Não era mole. Me recordo que no começo da carreira, eu não chutava muito forte, e então nosso treinador me colocou chutando bola contra um muro, evidentemente evoluí", disse Adílio. Júlio César destacou que essa teoria realmente faz a diferença. "O Vanderlei jogou conosco, e hoje ele aplica justamente isso, de repetição. Ela é fundamental para a melhora do atleta. Hoje tenho um monte de problema no joelho, mas sou cheio de títulos na bagagem (risos). Não é ensinar, é dar coragem, confiança ao jogador. Como o Zico dizia: Boa sorte, mas corre", relembrou Júlio.

Antes de encerrar o divertido bate-papo, os ex-atletas ainda relembraram uma história que arrancou risadas de todos os presentes. Quando perguntados pelo sócio-torcedor Pedro Pires sobre quem seriam os ídolos dos ex-jogadores rubro-negros, ambos disseram dois nomes juntos: Zico e Pelé.

A resposta fez com Júlio e Adílio relembrassem a épica partida em que o camisa 10 do Santos vestiu o mesmo número no Flamengo, contra o Atlético-MG, em uma partida para ajudar as vítimas de uma enchente em Belo Horizonte. Aquele time do Mais Querido, que encantou o mundo, contava com um elenco recheado de grandes jogadores, mas um precisaria sair para do time para dar espaço ao craque tri-campeão do mundo pela Seleção Brasileira. "Me lembro que estávamos conversando no vestiário, e todos se perguntaram quem daria espaço para o Pelé entrar. Obviamente, ninguém queria sair. O Zico disse que passaria a camisa e não ia sair do elenco. O Julinho falou que não jogava na mesma posição então também estaria na partida. Todos foram arrumando uma justificativa para estar nos onze titulares e a coisa foi afunilando. Então, fomos todos para o gramado para o treino e logo no começo tomei uma entrada dura. Quando já ia levantando, os outros jogadores não me deixaram. Me colocaram na maca, me levaram para o departamento médico e engessaram minha perna. E eu não tinha nada (risos). Fizeram aquilo só para o Pelé entrar no meu lugar", relembrou, gargalhando, Adílio.

O sócio-torcedor Fábio Loureiro foi um dos presentes na tarde de hoje. Ganhador de outras promoções, explicou como fazer para ganhar promoções como estas. "É só ficar sempre ligado no site do clube. Não tem erro! (risos)", contou. Perguntado sobre o que achou da tarde ao lado dos ex-jogadores, Fábio não escondeu sua satisfação. "Se percebe nos olhos dos sócios-torcedores que estão aqui o quão impactante são momentos como estes. Foi tudo muito legal, ouvir todas essas histórias é muito bacana. São meus ídolos. Assisti aos dois jogando dentro de campo, então estar perto deles significa muito pra mim, significa relembrar uma época de ouro do Flamengo", finalizou.

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