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Quando surgiu para o futebol, no final dos anos 90, o habilidoso meio-campista Rodrigo Juliano Lopes de Almeida ganhou, pela semelhança física com o craque inglês, um apelido que o acompanha até hoje: Rodrigo Beckham. Com as chuteiras penduradas de 2010, quando parou de jogar pelo Red Bull Brasil, hoje ele se divide entre duas atividades: a bolsa de valores e uma carreira de técnico prestes a decolar.

A paixão pelas finanças começou quando ele encerrou a carreira de jogador, que teve passagens por clubes como Botafogo, Atlético-MG, Corinthian, Vasco e Everton-ING. Cursou gestão esportiva na FGV (Fundação Getúlio Vargas) e também tomou aulas de análises de mercado. Virou investidor, e dos bons.

"Operei na bolsa de valores lá de casa, mesmo, comprando e vendendo ações. Foi um assunto que eu sempre me interessei desde a época em que jogava bola, comprava e vendia umas já naquela época. Aqui no Brasil não é tão comum como nos Estados Unidos investir nisso, mas nos últimos anos tem se tornado um produto mais conhecido", conta Rodrigo ao ESPN.com.br.

O ex-jogador, aliás, chegou a começar duas faculdades na juventude, mas não conseguiu conciliar a vida universitária com a carreira de atleta.

"Quando era moleque, fiz seis meses de administração e mais seis meses de direito, mas acabei abandonando, porque a carreira como jogador engrenou", lembrou.

Agora, depois de 14 anos como meia, ele quer ser técnico, e de ponta. A primeira experiência como auxiliar foi no Boavista-RJ, no Carioca de 2014, ao lado de Américo Faria, com a equipe alviverde realizando boa campanha. Beckham permaneceu por lá, e acabou encarando seu primeiro desafio como treinador neste ano, em uma situação bem diferente.

"O time estava em uma fase ruim. Faltavam seis jogos para terminar o Estadual e estava na zona do rebaixamento quando eu assumi meu primeiro clube na carreira. Acredite se quiser, conseguimos nos salvar! Foi uma experiência muito rica, aprendi demais com as dificuldades e o tempo curto para tomar decisões e corrigir os erros", relata.

Mas Rodrigo não quer ser o famoso técnico que "apaga incêncio". Seu objetivo vai além.

"Não é fácil recomeçar um ciclo nessa fase de transição e construir uma nova carreira, ainda mais em um mercado competitivio como o de treinadores. Mas coloquei na minha cabeça que quero dar sequência e, um dia, dirigir grandes clubes", decreta.


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Rodrigo Beckham durante treino do Corinthians, time que defendeu em 2004

Estágio na Espanha

Para virar técnico de ponta, nada como se preparar em alguns dos maiores clubes do mundo. Nos últimos dias, Rodrigo Beckham partiu para a Espanha e estagiou no Real Madrid, além de ter acompanhado o dia a dia de trabalho do Barcelona.

"Eu tenho uma amizade de muitos anos com o Ronaldo 'Fenômeno', e ele me convidou para passar 10 dias em Madri. Com ele, consegui arrumar uma vaga para acompanhar os treinos e trabalhos do Real Madrid, com o Rafa Benítez. Foi muito bacana!", afirma.


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Rodrigo Beckham durante seus tempos no Everton

O treinador campeão da Uefa Champions League de 2004/05, aliás, se lembrou do "Beckham genérico".

"Conversei bastante com o Rafa, foi muito especial. Na época que ele era treinador do Liverpool, eu estava jogando no Everton, e ele comentou isso. Foi extremamente gentil comigo, se colocou totalmente à disposição pra me ensinar. E ele é muito preocupado, me perguntava o tempo todo se eu estava entendendo tudo o que ele fazia. Acho que absorvi bastante do trabalho dele", comentou.

Já no Barça, Rodrigo acabou não trabalhando diretamente com Luis Enrique, mas conseguiu observar como funciona por dentro o último vencedor da Champions.

"Conversei bastante com o Neymar. Para mim, hoje, ele é nossa maior referência no futebol, a maior revelação do Brasil, e, mesmo com toda a juventude, mostrou maturidade e levou nossa seleção nas costas nos últimos anos. Estou acompanhando todos os treinos do Barça, observando tudo, e espero tirar tudo o que puder de mais essa experiência", salientou a revelação da Portuguesa Santista, hoje com 39 anos.


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Rodrigo Beckham com Neymar no Barça

Durante a carreira, o ex-meia trabalhou com técnicos famosos, além de também ter enfrentado grandes nomes na Inglaterra, como Sir Alex Ferguson e Arsene Wenger. Agora treinador, o "Beckham brasileiro" quer criar o próprio estilo.

"Tive grandes treinadores, que me ajudaram em vários momentos, mas quero ter um estilo novo de comandar. Para mim, o mais importante é o que o jogador entende do que você passa pra ele. Na minha visão, o jogador deve ser tratado de uma forma mais individual, apesar do futebol ser coletivo. Acredito muito no trabalho específico", finaliza.