Ser artilheiro de um Campeonato Sub-20 não é, em hipótese alguma, garantia de sucesso nos profissionais. E nem atestado de qualidade do jogador em questão. O motivo é bem simples: o nível dos Estaduais, com exceção dos grandes e um ou dois pequenos, no caso do Rio de Janeiro, é fraquíssimo. E os goleadores empilham gols nessas equipes fracas, criando estatísticas que, por mais que sejam baseada no mérito deles, não podem servir como parâmetro para medir a qualidade dos jogadores na maioria das vezes.

A exceção, no caso carioca, é quando o artilheiro é de um time pequeno. Na lista dos últimos cinco artilheiros do Carioca Sub-20 (que pode ser vista abaixo), há os nomes de Biro Biro, um então desconhecido atacante do Nova Iguaçu que rapidamente foi para o Fluminense e se destacou na Ponte Preta na última Série A a ponto de chamar a atenção e ser vendido para a China, e Rodrigo Pinho, que fez sucesso pelo Madureira no Estadual de 2015. Marlon, também do Nova Iguaçu, foi artilheiro em 2014 e quase foi parar no Internacional.

Nos artilheiros entre os grandes clubes, ninguém conseguiu se firmar ainda, e tudo indica que, em alguns casos, a situação não mudará. Stéfano, atacante do Fluminense, fez 15 gols no Carioca Sub-20 de 2011 e em 2015 esteve emprestado ao Fort Lauderdale Strikers, dos Estados Unidos, time que tem Ronaldo como um dos investidores. Fez 16 gols em 29 jogos, uma boa média, mas está longe de ser cotado para voltar ao Brasil em algum time grande.

Mattheus, filho de Bebeto, fez 21 gols em 2012, e chegou a ter oportunidades no Flamengo. Não conseguiu se firmar e hoje atua no Estoril, de Portugal. Ainda tem 22 anos e pode evoluir, assim como Douglas Baggio, goleador do Carioca Sub-20 de 2013 e vice em 2014, que estourou a idade e não foi inscrito no Carioca de profissionais em 2016.

Outro caso semelhante é o de Vinícius Tanque, atacante que marcou 21 gols no Carioca Sub-20 de 2015, mas sequer disputou a decisão da Taça Rio contra o Flamengo porque estava nos profissionais. Após perder espaço com a rápida ascensão de Luís Henrique, ele foi emprestado ao Volta Redonda.

Em São Paulo, a situação é ainda mais complicada. Nenhum dos cinco últimos artilheiros do Paulista Sub-20 está atuando nos profissionais de um clube da Série A.

Entre os artilheiros dos grandes, há nomes promissores que ainda buscam espaços, como Gabriel Vasconcelos e Tocantins, do Corinthians, e Diego Cardoso, que foi emprestado pelo Santos ao Bragantino na última temporada. Mas há também o exemplo de Alfredo, que terminou como goleador do torneio em 2012 e tem como maior feito na carreira os três gols marcados na histórica vitória por 5 a 2 do América-RN sobre o Fluminense na Copa do Brasil de 2014. Atualmente, está no Luverdense.

Veja as listas abaixo:

Artilheiros do Carioca Sub-20

2011 - Rodrigo Pinho (Bangu) - 20 gols
Entre os quatro grandes: Stéfano (Fluminense) - 15 gols

2012 - Biro Biro (Nova Iguaçu) - 27 gols
Entre os quatro grandes: Mattheus (Flamengo) - 21 gols

2013 - Douglas Baggio (Flamengo) - 10 gols

2014 - Marlon (Nova Iguaçu) - 21 gols
Entre os quatro grandes: Douglas Baggio (Flamengo) e Gabriel Vasconcelos (Fluminense) - 16 gols

2015 - Vinícius Tanque (Botafogo) e Lohan (Friburguense) - 21 gols


Artilheiros do Paulista Sub-20

2011 - Alfredo (São Paulo) - 19 gols

2012 - Gian (Ponte Preta) - 15 gols
Entre os quatro grandes: Alfredo (São Paulo) - 12 gols

2013 - Rodolfo (Rio Claro) - 24 gols
Entre os quatro grandes: Lucas Douglas (Corinthians) e Diego Cardoso (Santos) - 14 gols

2014 - Lauder (Flamengo-SP) - 18 gols
Entre os quatro grandes: Tocantins (Corinthians) - 13 gols

2015 - Gleyson (São Caetano) - 19 gols
Entre os quatro grandes: Gabriel Vasconcelos (Corinthians) - 15 gols

Nota: O blog tentou acrescentar Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, estados com mais de um time na Série A na pesquisa. Mas esbarrou na falta de dados disponíveis nos sites das federações locais.