OFF - Palmeiras, Cuca e o debate: afinal, o que é "jogar bonito? "

25/9/2016 14:57

OFF - Palmeiras, Cuca e o debate: afinal, o que é "jogar bonito? "

OFF -  Palmeiras, Cuca e o debate: afinal, o que é  "jogar bonito? "
Palmeiras e Flamengo não só disputam a liderança como estão protagonizando uma grande polêmica nesse Brasileirão. O time paulista é tido como uma equipe que “joga feio”, abusando das bolas paradas - 19 dos 47 gols saíram assim - e dos laterais longos na área. Já o Flamengo é tido como um time mais “leve” e moderno, tido como “futebol bonito”.

Esse debate sobre “joga bonito” e “joga feio” não é novo. Para entender de onde surgiu isso, precisamos voltar ao tempo. Mais precisamente em 1958 e 1962, quando o Brasil ganhou 2 Copas apresentando um futebol muito diferente para o mundo: lances geniais, dribles, revoluções táticas (como o 4-3-3 com o recuo de Zagallo e o apoio de Nilton Santos) e um craque chamado Pelé. Mais tarde, em 1970, o ápice do chamado “futebol-arte”: técnica, bola pelo chão, passes rápidos, jogadas verticais e individualidade. De preferência, muitos gols.

A história também nos diz que em 1966 o Brasil foi eliminado da primeira fase por times que jogavam de forma oposta: disciplina tática, obediência, marcação e muita bola aérea. Para piorar, os clubes brasileiros tinham dificuldades na Libertadores, ainda mais quando enfrentavam os argentinos, como você já leu aqui. Nascia aí o “futebol-força”.

O fato é que “futebol-arte” e “futebol-força”, assim como “joga bonito” e “joga feio” são rótulos, e como todo rótulo, podem criar mitos e mentiras que atrapalham a análise. Aliás, o próprio ato de analisar é sair do lugar comum. E se fizermos isso, vamos descobrir que esse “bonito x feio” não é bem como te contam.

Um bom exemplo é o mesmo Brasil de 70. Futebol ultra-mega-blaster ofensivo, certo? Nem tanto: dos 19 gols, 9 saíram de jogadas de contra-ataque, para muitos uma arma de “time pequeno”. Com 3 meses de preparação e um inovador método Cooper, aquela equipe abafava, pressionada e depois se recolhia, como Tostão declarou em 2005: “é uma mentira dizer que em 70 jogávamos pra fazer gols. Quando perdíamos a bola, a equipe recuava e fechava os espaços”.

Foi assim que o São Paulo de Telê Santana venceu Milan e Barcelona no Mundial Interclubes: fechadinho, marcando e contra-atacando. Ou seja: existem outras formas de ser ofensivo sem tocar a bola toda hora.

Aliás, essa coisa do “toque de bola” que todo brasileiro gosta é um outro mito. Entre 2008 e 2014, só se falava no “tiki-taka” de Espanha e Barcelona, tidos como exemplo de futebol moderno. Mas 20 anos antes, Zinho fazia o mesmo que Xavi e Iniesta e era chamado de enceradeira. O Brasil de 1994 jogou um futebol muito à frente de seu tempo, usando conceitos até hoje modernos. Tanto que Parreira ganhou um inesperado defensor: “O Brasil parece ter recuperado sua magia futebolística”, escreveu Johan Cruyff na Folha de São Paulo, após a estreia da Seleção.

Não existe um consenso do que é jogar bonito ou feio. Por serem conceitos subjetivos, eles foram manipulados e mal-interpretados ao longo da história, atrapalhando no entendimento do jogo. A coisa piora quando os clubes estão na jogada, pois cada clube tem sua cultura, suas noções do que é bonito e feio: um gremista jamais aceitaria que o Grêmio jogue como o Barça, pois isso vai contra a cultura de “sujar o calção” do clube. Para o palmeirense, tanto faz, contanto que haja muita entrega. Já para o flamenguista e o santista, não adianta só ganhar: é preciso encantar.

É essa multiplicidade de estilos que faz o jogo ser tão apaixonante e adorado por milhões. Na parte conceitual do jogo também existe diversidade, pois tudo está relacionado à proposta de jogo e quanto um time consegue colocá-la em campo: o Palmeiras marca por encaixes individuais, algo que está em desuso, mas o faz com tanta aplicação que tem a 2º melhor defesa do Brasileirão.

Nem tudo que ganha é moderno e nem tudo que perde é atrasado. Na dúvida, vale o bom-senso. E aqui vale um adendo: técnicos são contratados para um determinado objetivo, nem sempre para deixar ideias e possíveis legados táticos. Discutir trabalho é uma outra história, talvez para outro texto.

Voltando ao Palmeiras, Cuca explicou que o lateral longo na área surgiu da ideia de aproveitar o campo menor e o poder de dois grandes cabeceadores (Vítor Hugo e Mina). Se você se lembrar bem, Corinthians-15, Cruzeiro-14 e Fluminense-12 também tinham uma forte bola parada. Até o Bayern de Munique de Guardiola tinha! Mais um recurso de jogo, mais uma forma de surpreender o adversário e em nenhum momento isso desmerece a liderança do time paulista.

A discussão não vai terminar por aqui. Mas vale lembrar que existe muito mais futebol além desses rótulos e pré-conceitos que nem sempre narram a realidade. Se é feio ou bonito, depende de você – e também de respeitar o coleguinha que pensa diferente. Um viva à diversidade – na vida e no futebol!

Leonardo Miranda

1187 visitas - Fonte: Globoesporte


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PAULO SERGIO. ZANQUIM. FLAMENGO

que vale e bola na rede

Vamos falá do jogo palmeiras e Coritiba não quero pensar que o goleiro e o seu companheiro entregaram o jogo de ontem.

flamengo sempre é o futebol mais bonito do brasileirão

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