Um Flamengo com a assinatura de Rogério Ceni decide uma Supercopa do Brasil com cara de dejà vú.

Foi justamente contra o Palmeiras no Mané Garrincha que o treinador deu seu toque autoral no trabalho deste time que arrancou para conquistar o Brasileirão e se classificar para o duelo deste domingo, às 11h (de Brasília), no Mané Garrincha. O triunfo por 2 a 0 em 21 de janeiro mudou o rumo de uma equipe que trocou o rótulo de questionada pelo de campeã.



Foi no mesmo palco e contra o mesmo adversário que Ceni deslocou Willian Arão para a defesa como titular, colocou Diego de volante ao lado de Gérson e apostou na qualidade técnica de um time que rateava apesar do favoritismo. Dali em diante, foram seis vitórias, um empate e duas derrotas na campanha até o oitavo título do Brasileirão. Retrospecto que merece o clichê "divisor de águas":

- Elas (opções) são vistas como arriscadas até hoje. É que culminaram com o título, por isso são mais plausíveis e aceitáveis pelas pessoas que assistem. Até hoje as pessoas estão sempre preparadas para, se acontecer algo de errado, colocar em dúvida - ressaltou Ceni, em entrevista coletiva.

- Eu acho que o Arão e o Diego são jogadores altamente técnicos, de boa leitura de jogo. Eu não me prendo muito à função, ao nome do atleta. Para mim, basta que execute, não importa a posição de origem. Tantos volantes se tornaram zagueiros e continuaram sendo bons jogadores. Para mim, o que importa são jogadores de qualidade e competitividade, desejo de título. É o que encontro neste grupo com o qual trabalho - completou o treinador.
A estratégia de sucesso foi mantida por Rogério na temporada 2021 e tem sido lapidada. O que se viu do time principal do Flamengo nos jogos contra Bangu e Madureira foi um futebol vistoso e consistente, mas que será colocado à prova no reencontro com o Palmeiras.

Desde a volta das férias, dia 15 de março, o treinador comandou mais de 20 sessões de treinos, corrigiu erros, fez ajustes e vê o Flamengo cada vez mais ao seu jeito.



- Tivemos duas semanas. Resolvemos que seria importante descanso para os jogadores após o Campeonato Brasileiro. Isso foi positivo no sentido do lado psicológico, esquecer o futebol, fazer uma curva de baixa para depois subir - disse Ceni

- Vai chegar no momento em que o time tenha melhor condição física, mas o time vem bem. Os jogadores já estão juntos pela terceira temporada, são atletas de alto nível. A gente sempre tem um detalhe para expor a eles, mas eles já têm boa noção do sistema de jogo. No futebol brasileiro geralmente é o resultado que diz se você está pronto ou não. Mas acho que o Flamengo tem a crescer no decorrer do ano - concluiu o treinador.

Figura central deste novo Flamengo, Diego foi um dos que concedeu entrevista coletiva neste sábado em Brasília. Capitão da equipe com 10 às costas, ele sabe que precisa se desdobrar para cumprir as exigências da nova função e observa nomes que já tiveram sucesso jogando por ali para se inspirar, como o espanhol Gabi e o alemão Frings:

- Eu fui me transformando, de acordo com a posição que eu jogo. Fui me transformando num jogador mais defensivo, sem perder minhas características ofensivas. As referências positivas me ajudam muito, principalmente nessa questão de posicionamento defensivo. Procuro fazer isso, me inspirar naqueles que são boas referências - afirmou Diego.

Com Diego de volante e Rogério Ceni no banco, tal qual no dia 21 de janeiro, o Flamengo decide a Supercopa do Brasil na manhã de domingo, às 11h (de Brasília), diante do Palmeiras, no Mané Garrincha. A TV Globo, o Sportv e o ge transmitem a partida.

Confira outras respostas de Ceni:
Estilo de jogo após jogos no Carioca

- Com uma mini pré-temporada de duas semanas já ajuda muito a ter um poder físico durante o jogo. É um campeonato diferente, são equipes diferentes. Vamos tentar propor o nosso ritmo de jogo, tentar sempre se sobrepor ao adversário. A diferença é que jogamos contra o Palmeiras, um dos grandes campeões do ano passado.

Quem joga melhor futebol hoje?

- Isso é secundário em uma final. Não tem um peso hoje. O importante é quem irá jogar melhor amanhã. As duas equipes já provaram. Têm estrutura física, grandes atletas, opções de jogo, mas quem está jogando melhor no dia anterior à final não é tão importante. O importante é quem se portou melhor e conseguiu executar a ideia de jogo. Antes do jogo, não existe vencedor.



Melhor fase desde chegada ao clube?

- Chega mais preparado do que ano passado, quando chegamos num campeonato em andamento, com muita slesões. 70& do time estava ou no departamento médico ou na seleção brasileira. A condição física hoje é melhor. Os conceitos e gatilhos são melhores treinados para que possamos exercer quando possível a pressão no adversário. É um time construído para jogar.

Se você conquista o título, é o melhor momento. Se não conquista o título, as pessoas acham que volta à estaca zero. A conquista, e não só a forma de jogar, faz parte da avaliação das pessoas que assistem.

Flamengo, Rogério Ceni, Supercopa