Mano Menezes chegou no limite. Mesmo evitando expor suas insatisfações com diretoria e elenco, o técnico já não estava mais contente no comando do Flamengo. E o estopim foi a derrota de virada por 4 a 2 para o Atlético-PR na noite da última quinta-feira, no Maracanã. Antes disso, porém, fatores como a falta de reforços de peso e o relaxamento da equipe em algumas partidas definiram o pedido de demissão do treinador.

Ainda que não comentasse as duas situações e optasse pelo discurso de que estava "satisfeito com a evolução do time" - entrevista coletiva da última quarta -, o agora ex-técnico não digeriu bem as promessas não cumpridas da diretoria e, principalmente, o desempenho de seus atletas.

"Eu peço, vocês balançam a cabeça, mas não fazem as coisas. Não dá mais. Não consigo mais motivar vocês. Não dá para aceitar essa derrota de hoje. Vocês precisam de alguém que chegue aqui e dê uma motivada, e eu não sou esse cara no momento", disse Mano Menezes aos jogadores, ainda no vestiário após a derrota, quando comunicou sua saída.

Com a diretoria, a paciência também já não era das maiores, tanto que o treinador não se preocupou em dar satisfações à cúpula do clube. O vice-presidente de futebol do Flamengo, Wallim Vasconcellos, soube da notícia enquanto escutava uma rádio esportiva, em seu carro, na saída do Maracanã. Imediatamente, ligou para o presidente Eduardo Bandeira de Mello, que também se informou do pedido de demissão por terceiros.

Mano Menezes evitava expor o desgaste, mas não tinha bom trânsito com os mandatários. O técnico escutou a promessa de que teria três bons reforços para a disputa do Campeonato Brasileiro - condição imposta para aceitar o convite do Flamengo em junho - e teve que se contentar com André Santos, única contratação. O lateral não vinha bem e foi até barrado na quinta-feira.

Reflexão e comunicado no vestiário
O acúmulo de irritações fez Mano Menezes chegar ao vestiário após o jogo de quinta-feira e se trancar em uma sala reservada durante 40 minutos. Lá, pensou e "bateu o martelo". Só saiu dali para comunicar a saída ao elenco e, posteriormente, à imprensa presente no Maracanã.

Em breve conversa, sentenciou aos seus atletas. "Vou fazer algo que nunca fiz, que é pedir demissão", deixando todos os presentes atônitos no vestiário. Nem mesmo o auxiliar técnico de Mano, Sidnei Lobo, parecia acreditar.