Como é possível que o presidente do Flamengo saiba do pedido de demissão de seu técnico pelo rádio, após ter deixado o estádio? Como admitir que a decisão seja anunciada em coletiva sem que o vice de futebol (que também ignorava tudo) estivesse presente? Como engolir que o “profissional” responsável pelo departamento permita esta sequência de absurdos?

O futebol rubro-negro, não resta mais dúvida, está em péssimas mãos. E a pergunta que não quer calar é: por que a nova diretoria, que será obrigada a contratar, agora, o seu quarto treinador, em menos de nove meses, não admite humildemente que errou feio na escolha de Paulo Pelaipe e tenta recomeçar tudo direito, colocando em seu lugar alguém que conheça bem o clube e tenha real capacidade de administrar a casa?



Humildade, porém, não é o forte da nova direção, que acredita ser capaz de resolver tudo colocando em prática os métodos que levaram cada um de seus integrantes a bem sucedidas carreiras empresariais. Dirigir o Flamengo, entretanto, é outro negócio, bem mais complexo.



Lembro-me bem quando a FAF assumiu, em 1977, e figurões como Walter Clark (ex-todo poderoso executivo da TV Globo) e Carlinhos Niemeyer (dono do espetacular Canal 100) fracassaram rotundamente no comando do futebol.



Márcio Braga, Antônio Augusto Dunshee de Abranches e seus pares tiveram, então, a humildade de ir buscar no próprio clube colaboradores de outros tempos e correntes políticas, como o “barão” Ivan Drumond e George Helal — que acabaram sendo também fundamentais para a arrancada rubro-negra ao seu período de maiores glórias.



Urge que Eduardo Bandeira de Mello e seus pares façam um profundo exame de consciência e reconheçam seus muitos equívocos e diversas limitações. Walim Vasconcelos e Paulo Pelaipe estão levando o futebol do Flamengo à garra. Ou o clube reage rapidamente ou os riscos de rebaixamento para a Segunda Divisão se tornarão de fato gigantescos.





Desânimo



Mano Menezes percebeu que o barco estava afundando quando o comando deu de ombros à tal festinha na casa de Carlos Eduardo, que antecedeu ao acidente automobilístico de André Santos. Boa parte do time (que se arrastaria em campo, no segundo tempo do jogo contra o Atlético Paranaense, dois dias depois) esteve presente e, perguntado sobre o animado evento, Walim respondeu que nada poderia fazer, “pois era folga dos jogadores”...



Pode ser até que o pedido de demissão do técnico esteja relacionado também ao interesse de algum outro clube, como o Corinthians. Mas conhecendo bem o caráter de Mano e tendo o entrevistado dias antes (do conhecimento da tal festa e da vergonhosa atuação nos 45 minutos finais da última partida, no Maracanã) estou certo de que o motivo principal que levou o técnico a jogar a toalha foi a certeza de que, com a atual direção (???), o futebol do Fla não irá a lugar algum.





Fé demais



O presidente Eduardo Bandeira de Melo garantiu, numa entrevista coletiva tocante por sua ingenuidade, que o Flamengo não cairá. Foi exatamente o mesmo que Mano me disse, na segunda-feira passada, antes de se demitir. Eu só gostaria de saber de onde o dirigente tira essa certeza, em meio ao caos que impera no rubro-negro.



Se for de alguma informação de cocheira dada por Paulo Pelaipe... Todos aos botes!





O responsável



Não foi Kleber Leite, mas o ex-goleiro Gilmar Rinaldi quem indicou Pelaipe ao Flamengo.