Para os times que brigam na parte de baixo da tabela do Brasileiro, na incômoda proximidade com a zona de rebaixamento, qualquer ponto é suado e pode fazer a diferença ao fim da 38ª rodada. E neste ano há grande chance de o caminho para a salvação ser um pouco mais árduo. Segundo o matemático Oswald de Souza, neste momento os números apontam para um risco de queda de 40% para quem chegar aos 45 pontos, o máximo que um time somou e ainda assim acabou rebaixado, o Coritiba da edição de 2009.
Baseado na situação atual, o limite para que um candidato à degola seja considerado livre de risco é 48 pontos, segundo Oswald. Isso representa um aproveitamento de 42,1%, bem acima dos 39,4% daquele time do Coritiba de 2009. Na verdade, é um desempenho superior a oito times do atual Brasileiro: Fluminense (41,7%), Portuguesa (40,5%), São Paulo (40,5%), Coritiba (40,5%), Criciúma (38,1%), Vasco (38,1%), Ponte Preta (31%) e Náutico (20,2%).
Se o time somar 47 pontos, o risco ainda é pequeno, de 5%, mas existe. Com 46 pontos, são 15%; e quem chegar aos 45 tem 40% de risco. Daí para baixo, a coisa fica bem mais complicada. Os 44 pontos ao fim da 38ª rodada representam um perigo de 64%, enquanto o risco de cair para quem só conseguir 43 pontos é de assustadores 83%. Como comparação, das sete edições disputadas sob o atual sistema, de pontos corridos com 20 clubes, apenas em 2009 os 45 pontos não foram suficientes para livrar do rebaixamento.
Para o especialista, o fenômeno se explica por dois motivos: o fato de só haver, neste momento, duas equipes praticamente rebaixadas (Ponte Preta, com 92%, e Náutico, com 99,9%), e o alto número de concorrentes para escapar da degola (o décimo colocado, o Flamengo, tem 7% de risco). Isso faz com que a disputa se acentue, e o perde e ganha pulverize os pontos entre os times envolvidos.
Uma análise das tabelas de classificação das edições desde 2006 mostra que quase 70% dos times (29 de 42) que chegam às últimas 12 rodadas colocados entre 15º e 20º melhoram seu desempenho nos jogos finais. O caráter de urgência em conseguir pontos para escapar da degola muda o comportamento dessas equipes.
Um bom exemplo é o Fluminense de 2009, que passou do 20º lugar, com 26,4% de aproveitamento para 40,4% ao final do campeonato, arrancada fundamental para levá-lo aos 46 pontos e escapar por apenas um do rebaixamento, na 16ª posição. Outro é o Atlético-MG de 2010, que tinha apenas 28,2% de aproveitamento, na 19ª posição, e conseguiu terminar com 39,5%, finalizando a competição em 13º.
Em 2013, o fenômeno começa a se repetir. Dos seis times da parte de baixo da tabela, quatro têm desempenho melhor nos últimos cinco jogos do que seu aproveitamento geral no campeonato: São Paulo (46,6% contra 40,5%), Criciúma (53,3% contra 38,1%), Vasco (53,3% contra 38,1%) e Náutico (40% contra 20,2%). Se o ritmo se mantiver na luta pela sobrevivência, maiores as chances de a briga contra a degola ser ainda mais apertada até o fim do Brasileirão.
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