Quis o destino que Paulo Sousa assistisse a seu primeiro jogo como treinador do Flamengo numa casa portuguesa. Com certeza sentiu-se à vontade no Estádio Luso Brasileiro e retribuiu com um coração o carinho de um dos inúmeros rubro-negros que lhe gritavam. O gesto veio após alguns berros de "Paulo, eu te amo!".



A reportagem do ge acompanhou algumas das reações de Paulo, assistindo a algumas partes da vitória por 2 a 1 sobre a Portuguesa de dentro da torcida do Flamengo, único local possível para sentir o comportamento do treinador e de sua comissão.


Paulo Sousa surgiu no acesso às cabines do Luso Brasileiro pouco depois de 20h40. Conseguiu atravessar o estacionamento sem grande assédio, mas parou para fotos antes de subir as escadas. Chegou juntamente com os auxiliares Manuel Cordeiro e Victor Sánchez, além dos preparadores Lluís Sala e António Gomez. O quinteto teve a companhia do gerente técnico Juan, ex-zagueiro e ídolo do clube.

Paulo Grilo rouba a cena mais uma vez

Já na boca da torcida do Flamengo por sua simpatia e treinamentos frenéticos que comanda diante de Diego Alves e Hugo Souza, o preparador de goleiros Paulo Grilo, o sorridente grisalho que aparece na foto que abre a matéria, estava soltinho. Batia palmas e dançava enquanto os torcedores cantavam em meio à batucada. De longe era o que mais se divertia.

Grilo respondeu a alguns torcedores, e um deles o perguntou se tratava seus pupilos no "carinho ou na porrada". Aos risos, afirmou que usava um pouquinho de cada para orientá-los.


Aliás, até Paulo Sousa dar as caras na janela da cabine de onde assistiria à partida, só deu Paulo Grilo, que, como citado antes, distribuía sorrisos.

O auxiliar Manuel Cordeiro também cantou e bateu palmas com a torcida, enquanto Victor Sánchez, António Gómez e Lluís Sala mais se preocupavam em observar a nova atmosfera à qual estavam entregues. Volta e meia sacavam celulares para vídeos e fotos.

Preparador, Paulo Grilo se anima no Flamengo: "Tu és um grande guarda-redes, c..."

"Olê, olê, olê, Mister" para Paulo Sousa fica só no ensaio

No intervalo, enquanto muitos torcedores iam ao fundo da cabine para pedir reforços ao vice de futebol Marcos Braz, outros - estes na arquibancada - ensaiavam gritos para o treinador português. O "ah, é Paulo Sousa" saiu alto, mas teve rápida duração.


O outro foi ainda mais breve: houve uma tentativa de reeditar o "olê, olê, olê, Mister", dedicado a Jorge Jesus de 2019 a 2020. Nada feito e logo perdeu força. Sabe-se que embora atletas e comunicação do Flamengo deem tal tratamento a Paulo, o apelido virou praticamente o nome de JJ.

Concentração total no segundo tempo

A reportagem do ge conseguiu voltar para o meio da torcida por volta dos 15 minutos da etapa final. Àquela altura, o Flamengo vencia por 2 a 1, e Paulo acompanhava os mínimos detalhes com semblante compenetrado e praticamente o tempo inteiro de braços cruzados.


Direcionou seus olhares bastante para defesa e, frequentemente, virava-se para a esquerda a fim de fazer colocações ao auxiliar Manuel Cordeiro.

Quando tudo parecia encaminhado para a vitória, um susto por pouco não frustrou o primeiro contato de Paulo Sousa com a torcida dentro de um estádio. Victor Feitosa recebeu livre na risca da pequena área e, quando tinha tudo para empatar, chutou seco, de pé esquerdo, mas a bola não ganhou força. Matheus Cunha defendeu em dois tempos.

Paulo Sousa reprovou o espaço dado pelo Flamengo balançando a cabeça de forma negativa por três vezes, mas logo em seguida suspirou, deu um sorrisinho de alívio e olhou, mais uma vez, para o auxiliar Manuel Cordeiro.



Na Ilha do Governador, os lusitanos tiveram as primeira amostra do que é a torcida do Flamengo. E souberam cativá-la com reciprocidade. Enquanto não há Maraca, nada melhor do que uma casa portuguesa para chamar de sua com certeza.