Lá se vão 12 anos desde que Léo Moura despontava para o futebol brasileiro com a camisa do Botafogo, rival desta quarta-feira no Maracanã. O sobrenome e o penteado moicano indefectível vieram com o tempo e traçaram a personalidade do lateral-direito que completa 35 anos neste 23 de outubro. Em um jogo marcado pelo encontro de raízes, de coração e profissão, Léo atinge os 454 jogos com a camisa do Flamengo com oito anos de clube nas costas e fôlego renovado para conquistar mais um título.
O caminho da carreira de Léo Moura esteve traçado entre os dois clubes de hoje. Garoto, fã de Zico, com quem entrou abraçado no Maracanã em certa tarde da década de 80, o camisa 2 sonhou começar a carreira no clube do coração. Não conseguiu. Reprovado, acabou na base do Botafogo, onde começou a carreira como meio de campo e sem utilizar o sobrenome como identidade. Apenas Leonardo, o magrinho bom de bola. A qualidade e a velocidade o fizeram tornar a lateral direita seu habitat. Léo passou por todos os quatro clubes cariocas, mas hoje, aos 35 anos, está realizado no seu Flamengo, ainda que saiba reverenciar seu início alvinegro na estrada da bola.

"Nunca escondi de ninguém o carinho que tenho pelo Botafogo, clube que me revelou. Os anos vão passando, você vai ganhando experiência, tranquilidade num momento como esse. Isso eu ganhei bastante. Hoje com mais experiência posso passar isso para os companheiros. Hoje jogo em um clube onde sempre fui trocedor. Não vou negar que passo por um momento especial", admite Léo Moura.

Com a camisa rubro-negra, Léo colecionou inúmeros sucessos nos últimos 453 jogos. Gols foram 45. Títulos foram seis. E o primeiro deles ficou marcado na memória. 2006, Copa do Brasil. Mesma competição que o time busca alcançar neste ano. Léo evita comparações entre as duas equipes. Mas só de lembrar do gostinho de levantar a taça, o lateral-direito sonha com um repeteco sete anos depois.

"Foi meu primeiro título. Para mim é o mais especial por ter sido o primeiro. Agora tenho a chance de passar para mais uma semifinal, depois quem sabe uma final. Seria bom para fechar o ano com chave de ouro. Para mim seria mais especial ainda", comentou Léo.

Como presente de aniversário, lógico, ele deseja avançar na Copa do Brasil e bater o Botafogo. O pedido foi feito aos companheiros. Mais experiente do elenco rubro-negro, Léo traça no horizonte a meta de jogar mais duas temporadas. O contrato atual com o Flamengo vai até o fim do ano e a diretoria, antes reticente, acena com a possibilidade de estender o vínculo mais um pouco. Com fôlego renovado e preparação física adequada, o veterano Léo apresenta disposição de garoto ao dar um pique aos 40 minutos do segundo tempo e cruzar para um gol como o de Hernane, contra o Bahia, há uma semana.

Após enfrentar as duas últimas temporadas com lesões e um desempenho aquém do normal na carreira, Léo confessa que tinha saudade de viver novamente uma boa fase. Com carinho, ele mira continuar em dia com o físico, mas sem exageros. Veterano, a família já clama por um descanso.

"Não quero parar agora, não. Quero jogar mais dois anos. Até os 37 anos já será um tempo necessário para cumprir bem a minha carreira. Às vezes vejo o Seedorf e o Zé Roberto jogando em alto nível. São jogadores que se cuidam e estão prolongando. Se eu estiver nas condições deles, por que não alongar mais? Mas mais do que isso já é muito, tenho de pensar na família, a concentração desgasta. São essas coisas que a gente coloca na balança", afirmou o lateral.

A balança, no entanto, ainda pesa para a lateral direita do Flamengo. Aos 35 anos, 454 jogos, 45 gols, 51 assistências e mais uma um jogo decisivo. Não há como negar, ainda mais nesta quarta-feira. Leonardo da Silva Moura está mesmo de parabéns.