A atual diretoria do Flamengo sofreu na madrugada de quarta-feira a primeira grande derrota nos bastidores do clube desde que assumiu a gestão em janeiro. Por 170 a 133 votos, o Conselho Deliberativo inocentou a ex-presidente Patricia Amorim, o ex-vice-presidente de finanças, Michel Levy, o ex-presidente do Conselho Fiscal, Leonardo Ribeiro, e o ex-controller da contabilidade, William Pereira, no caso do parecer da Comissão de Inquérito que apontava os quatro como infratores sobre as contas reprovadas do exercício de 2011. Se fossem condenados, os envolvidos poderiam até ser excluídos do quadro social do Rubro-Negro.

Os grupos políticos da oposição se mobilizaram para o arquivamento do parecer, o que acabou acontecendo. Os discursos a favor dos acusados foram bem argumentados, deixando clara a diminuição da força política do grupo da situação. Vice de patrimônio do Flamengo desde a gestão Patricia Amorim, Alexandre Wrobel é um exemplo disto e pode estar de saída do clube. Ele está isolado há alguns meses da atual cúpula e, na votação do parecer, foi o único dirigente de situação que votou pela absolvição da ex-presidente, mostrando, assim, fidelidade a quem o colocou dentro da Gávea. Alexandre Póvoa e Plínio Serpa Pinto, outros vice-presidentes que ficaram até o fim da reunião, votaram pela condenação de Patricia Amorim. Os principais aliados de Eduardo Bandeira de Mello não compareceram ao Deliberativo.

Uma irregularidade grave constatada no parecer realizado contribuiu para que os acusados fossem inocentados. No depoimento de Patricia Amorim, por exemplo, uma palavra foi trocada no momento da digitação, fazendo com que a ex-presidente praticamente se condenasse. Originalmente, Patricia afirmou à Comissão de Inquérito que “autorizava pagamentos sem a programação“, mas foi registrado como “autorizava pagamentos sem a comprovação“. Moysés Akerman, presidente da Comissão, confirmou a falha, dizendo que não foi por maldade o erro de digitação no depoimento e fez com que o parecer perdesse força.

Inicialmente, as contas de 2011 tinham R$ 7 milhões não comprovados, passando para R$ 1,68 milhão após a auditoria e, por fim, para cerca de R$ 500 mil na segunda-feira. Com o arquivamento do parecer, o Deliberativo irá convocar nos próximos dias uma nova reunião para homologar as contas e já começar a analisar as de 2012. Porém, o caso das de 2011 deve ganhar novos capítulos, já que os quatro acusados cogitam ir à Justiça comum por danos morais contra as pessoas que fizeram o parecer.