Zé Rafael e Murilo marcam Éverton Ribeiro, na partida entre Flamengo e Palmeiras
Imagem: AGIF

Foi um jogo de ritmo pouco visto no Brasileiro, corrido, disputado palmo a palmo, com bons desempenhos coletivos e individuais. Flamengo e Palmeiras mostram o que pode ser o futebol nacional se oferecidas as condições ideias. Dito isso, um time rubro-negro ainda evolução só não venceu a equipe alviverde bem mais pronta porque futebol não segue uma lógica cartesiana.



O cenário era o ideal com praticamente 70 mil pessoas no Maracanã. E havia ainda a rivalidade recente posta, ainda mais se consideramos que era o primeiro confronto após a final da Libertadores vencida pelos palmeirenses.

Mas os times em campo eram bem diferentes em seus modelos. O esquema de Paulo Sousa evolui para uma mobilidade que não apresentava no início do trabalho. Comandado por Everton Ribeiro, o setor ofensivo rubro-negro tinha trocas constantes de posição que fugiam da marcação palmeirense e achavam espaços na intermediária ofensiva. Gabigol girava no ataque, Arrascaeta também.

O Palmeiras tinha um contra-ataque forte pela direita bem pensado por Abel Ferreira. Ele posicionou Rafael Veiga mais à direita, bem próximo de Dudu. Havia um buraco ali na marcação rubro-negra e ambos dobravam sobre Filipe Luís, que, por sorte do Flamengo, viveu grande noite. Ainda assim, os dois criaram duas chances claras. Paulo Sousa gritou bastante para corrigir posicionamentos.

Do outro lado, Lázaro também tinha espaço ao atacar pela esquerda, inclusive fechando pelo meio. Foi dele o passe para Gabigol servir Arrascaeta para fazer o gol. Não entrou por um erro de execução, por um capricho, como a bola na trave dele depois.

E também foi assim no chute de Danilo para bela defesa de Hugo, em ótima trama palmeirense que girou pelo ataque inteiro. Foram 45min de um zero a zero que prendeu o torcedor no sofá ou na arquibancada.

O jogo foi também bom porque o árbitro Wilton Pereira Sampaio deixou o correr mais. Sim, errou em faltas que não marcou aqui e ali - a mais clara foi a em Everton Ribeiro em arrancada no segundo tempo. No geral, adotou um critério mais permissivo que agilizou a partida. Ainda assim, foram 36 faltas.

Parênteses: o novo chefe da arbitragem da CBF, Wison Seneme, deixou claro que pretende um jogo mais corrido com menos faltas. Será preciso educar torcedores e jogadores, que reclamaram muito de Sampaio no Maracanã. Não adianta querer jogo de ritmo europeu e 30 faltas para o seu time. São itens excludentes.

A volta do intervalo, no entanto, não foi equilibrada. O Flamengo continuou bem, móvel, escapando ao encaixe de marcação palmeirense. Everton girou em todas as posições do ataque, Arrascaeta também e apareceu como centroavante, Gabigol saia constantemente da área.

Mas o time de Abel Ferreira não conseguia mais ter o espace em velocidade e foi sendo empurrado para trás. Foi uma versão do Palmeiras que é criticada constantemente, muito atrás. Foi capaz de reduzir os espaços rubro-negros ao custo de não criar nada. É possível que tenha sentido fisicamente a partida.

O gol do Flamengo poderia ter saído nas seguidas bolas que giravam na defesa alviverde. Ao final a partida, o Flamengo concluiu 17 vezes no gol, contra 10 do Palmeiras. Ressalte-se que os dois times só acertaram o gol duas vezes cada um.



Paulo Sousa, que acertou na sua formação, tomou uma decisão aberta o debate que foi não incluir Pedro na partida. Isso porque o Flamengo teve que apelar a mais jogadas aéreas e acabou consagrando Gustavo Gomez como um dos melhores em campo. Ao final, ambos os times estavam exaustos, exauridos de jogar bola, não de reclamar. É um ótimo sinal.

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