Apesar dos altos e baixos que viveu na Gávea, Bruno Viana guarda com grande carinho a passagem pelo Flamengo, que encara o Red Bull Bragantino pelo Brasileirão, nesta quarta-feira (8).



O zagueiro, que estava na Europa há quatro anos e meio, vinha sendo alvo o clube rubro-negro há um bom tempo.


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"Não poderia recusar uma proposta do Flamengo porque era um sonho de criança. Decidi com a esposa e os filhos ficar perto da família. O Jorge Jesus havia tentado me contratar antes para o Flamengo, mas o Braga queria um valor muito alto e não queria emprestar", contou o jogador ao ESPN.com.br.

Em 2021 chegou outra oferta rubro-negra, mas a situação era diferente. Bruno não estava jogando após se desentender com o treinador do Braga, que não colocou barreiras para a saída.

"A chegada foi louca! O Flamengo é o maior clube do Brasil e as coisas mudaram nas minhas redes sociais de uma hora para outra. Não entendia nada, só fui entender mesmo quando joguei a primeira partida pelo Campeonato Carioca. A ficha caiu e agradeci demais. A sensação foi única".

Nas 38 partidas que disputou, Bruno marcou um gol. Ele venceu o Carioca de 2021 e a Supercopa do Brasil, além de ter sido vice do Brasileirão e da Conmebol Libertadores.

"O momento mais especial foi meu gol contra o Grêmio (pelas quartas de final na vitória por 4 a 0) na Copa do Brasil e até ganhei o prêmio de melhor em campo. O Flamengo é uma montanha-russa: no jogo que você vai bem é o herói, mas quando vai mal, não presta (risos). Mas é algo normal. Precisamos saber lidar com isso".

"Os piores momentos foram quando errei na Libertadores contra o La Calera e contra o Atlético-MG (pelo Brasileirão) no primeiro tempo. Eu não estava bem, mas coloquei a cara e assumi", confessou.

Outro sonho que o jogador realizou foi ter chegado à final da Libertadores contra o Palmeiras. No entanto, a equipe foi derrotada por 2 a 1 na prorrogação.

"É difícil, qualquer um dos dois times poderia ter vencido. Eu queria muito ter conquistado esse título, é o sonho de qualquer jogador. Até mesmo na Rússia e na China falam de Libertadores. Espero que esse ano possa chegar à final e vencer de novo".

Bruno defendeu Andreas Pereira pelo erro no gol decisivo de Deyverson na partida.

"Infelizmente aconteceu com ele e poderia ter acontecido a qualquer um. Estamos expostos a erros e acertos. Ninguém quer errar, mas somos humanos. Independentemente do que aconteceu estávamos unidos", garantiu.

A única coisa que talvez tenha assustado um pouco o defensor foi a grande quantidade de informações internas vazadas com clube rubro-negro para a imprensa.

"Infelizmente todo mundo sabe o que se passa dentro do Flamengo, o que acho errado. O que acontece no CT e no nosso ambiente não deveria sair, mas é normal no Brasil. É futebol...", assegurou.

Começo meteórico
Após começar em uma escolinha em Macaé-RJ, ele ficou dois anos no PSTC-PR, de Londrina, antes de chegar à base do Cruzeiro, em 2010.

Promovido aos profissionais em 2015, ele passou a jogar nos profissionais no ano seguinte e se firmou com o técnico Paulo Bento. No entanto, com a chegada de Mano Menezes, ele perdeu espaço e resolveu aceitar uma oferta da Europa.

"O Paulo Bento me chamou para ir ao Olympiacos. Eu fechei o olho e fui, não pensei duas vezes. Realizei muito rapidamente meus dois sonhos: chegar ao profissional e ir para a Europa", contou.

Na única temporada time, ele disputou 23 jogos, venceu o Campeonato Grego e chegou às quartas de final da Europa League.

"O Paulo saiu, fraturei a costela e fiquei três meses sem jogar. Perdi espaço com o treinador que chegou e surgiu o Braga para ser emprestado por um ano. Precisava jogar e aparecer para aproveitar ao máximo possível".

Na equipe portuguesa, Bruno foi comandado por Abel Ferreira, atualmente técnico do Palmeiras.

"Foi a melhor temporada da minha carreira com o Abel e aprendi muito. Foi uma passagem muito boa porque ganhei títulos e fiz muitos jogos".

No total, o defensor permaneceu três anos e meio em Portugal antes de mudar-se para o Flamengo em 2021. No começo deste ano, ele voltou ao Braga, mas treinou separado até mudar-se para o Khimki, da Rússia.

"Recebi uma oferta e aceitei porque não queria ficar parado. Mas por causa da guerra contra Ucrânia precisei tirar a família de lá porque não estava confortável. Precisava ir embora antes que fechassem as fronteiras porque não teríamos como sair depois. Fiz apenas dois jogos pelo time", lamentou.

Bruno retornou para casa e treinou por um mês até surgir uma oferta para ser emprestado ao Wuhan FC, da China, até o fim do ano. Por conta da pandemia, ele foi sem a família.

"Tudo aqui é diferente, o fuso-horário é complicado e tive que passar por uma quarentena de quase um mês. A gente quer sempre ganhar e vamos ver o que irá acontecer".



Logo na estreia, o zagueiro fez o gol da vitória por 1 a 0 sobre o Shanghai SIPG, em partida válida pela Superliga Chinesa, no último sábado.

Ex-Flamengo, Bruno Viana, defesa, Andreas Pereira