Aos 64 anos, Joel Santana se prepara para tocar um novo projeto na carreira. Com passagens por Arábia Saudita, Japão, África do Sul e títulos conquistados com grandes equipes do Brasil, o desafio agora será em Angola. O treinador tem viagem marcada para o país africano na próxima quinta-feira e vai ouvir o que os dirigentes da federação local têm a dizer para saber se tocará de fato o projeto à frente da seleção até a Copa do Mundo de 2018, na Rússia.

- Vou para lá ver a situação, já estou há mais de cinco meses conversando. E vamos lá para ter uma ideia do que existe e do que pode e não pode fazer. Mas não tem nada de contrato, é só visitar. Estou indo por uma situação acima de tudo que o povo angolano quer investir no futebol. O crescimento lá é grande, com várias empresas nossas (brasileiras) trabalhando. Acho que daqui a pouco tempo vai ser um dos grandes países no futebol. Lá tem bom material humano - disse, por telefone.

O último trabalho com uma seleção foi antes da Copa de 2010, com a África do Sul, quando Joel comandou a equipe local e foi alvo de brincadeiras pela pronúncia da língua inglesa. Desta vez, vai lidar com jogadores que falam português, o que não vê como uma grande vantagem.

- Futebol é universal. O que rola na África do Sul rola na Angola, na China, no Japão... Por causa disso ensinei a vocês como ganhar dinheiro (risos). Ninguém fala que trabalhei na Arábia e sobrevivi - explicou Joel, que abusa do uso do inglês em um comercial de xampu anticaspa.
No meio do caminho das conversas com os angolanos, Joel teve nova oportunidade de assumir uma equipe no futebol brasileiro. O Vasco o procurou para acertar, e o convite foi prontamente negado.

- Eu estava para ir (para o Vasco) desde o Paulo Autuori, e depois fechei esse acordo. Aconteceu uma coisa que pensei que não ia acontecer. Não tenho nada com essa situação (da saída de Dorival Junior). Como vou firmar uma coisa e não cumprir? Depois vão falar que o brasileiro continua sem palavra.

O dia foi corrido. Entre uma ligação matinal durante seus exercícios físicos e outra na hora do almoço, o treinador atendeu a imprensa com bom humor. E não pensa em encerrar a carreira tão cedo. Questionado se esse pode ser último trabalho como técnico, brincou.

- Rapaz, quer encerrar minha carreira agora? Me arruma um emprego para ir para o Real, para o Barcelona... Como vou botar comida em casa? Estou com meia zero (tem 64 anos), meia bomba, mas para com isso. Sou melhor que muitos de 20, 30 que contam histórias para vocês (risos).