Quem nunca sonhou jogar uma pelada com um ídolo do futebol? Nadar ao lado de um craque das piscinas? Correr contra um renomado velocista? No Rio de Janeiro, cerca de 20 jogadores de basquete de rua viveram a experiência em uma das quadras poliesportivas do Aterro do Flamengo.

A convite da reportagem do Globo Esporte, o armador argentino do Flamengo, Nicolas Laprovittola, topou a ideia de chegar à paisana no local e participar de uma partida junto com anônimos basqueteiros, que nem sonhavam quem ele era.
Com cabelos cortados e caracterizado com gel e um óculos sem grau, para passar um estilo mais formal e disfarçar do semblante habitual, Nico, como é conhecido, chegou de mansinho, sem chamar a atenção. Enquanto isso, os peladeiros acreditavam que a reportagem era sobre como a modalidade moldava a vida de cada um e os motivos que os levam a se reunir em uma sexta-feira à noite, em vez de desfrutarem da boemia carioca.

Sem ser reconhecido por quase todos, o camisa 7 do Rubro-Negro foi para a quadra e disputou duas partidas, sendo que foi aconselhado pela produção a errar tudo nos minutos iniciais - o que irritou alguns peladeiros. Só passou a jogar como um profissional no meio da brincadeira. Do lado de fora, apenas o menino João Pedro reconheceu o hermano, mas, ao saber do que se tratava, ficou calado, apenas admirando o armador do seu time do coração.

Ao fim da brincadeira, a revelação deixou os "companheiros" de Nico boquiabertos. A salva de palmas e as diversas fotos com os novos fãs coroaram uma noite que deixou o argentino cada vez mais brasileiro.

- Uma quadra muito bonita, ao lado de uma praia muito bonita. Eu gostei de atuar ao lado de gente que costumar jogar sempre nas ruas, e fico contente porque estou há pouco tempo aqui no Brasil e pude conhecer um pouco mais o Rio e esta parte, que eu gostei muito e, com certeza, voltarei mais vezes - elogiou Laprovittola, que ainda mora em um hotel em Copacabana com a namorada Flor, mas está em vias de se mudar para um apartamento no Leblon.

O momento com atletas amadores, que jogam apenas pelo amor ao esporte, fez Nico recordar a infância em Buenos Aires ao lado de seu dois irmãos, o quanto teve que percorrer até chegar ao atual campeão do NBB e, principalmente, ter a certeza de que fez a escolha certa ao trocar sua terra natal por algo desconhecido.

- Não foi fácil sair de minha casa, de Buenos Aires. Mas sentia que tinha que sair para crescer como pessoa e jogador. Tenho dois irmãos pouco mais novos e jogávamos sempre em minha casa ou em um clube. Estar com a bola todos os dias era o que mais desejávamos. Tudo aqui me fez recordar a minha infância, desde quando comecei, até chegar ao Lanús e ao Flamengo. Foi um caminho comprido, mas sempre foi divertido e espero que continue sendo assim - disse o atleta de 23 anos, que estava no Rio há um mês com a namorada, e que teve recomendações para vir de seus compatriotas Federico Kamericks e Gonzalo Garcia, ex-rubro-negros.