O oficial de Justiça Marcelo Benevides Silva tentou fugir depois de beijar sem autorização a repórter Jéssica Dias, da ESPN, dizem testemunhas ouvidas pela polícia no Maracanã. A cena de assédio foi transmitida ao vivo, anteontem (7), antes da partida entre Flamengo e Vélez Sarsfield, pela semifinal da Libertadores, e causou revolta de que assistiu ao fato.



O relato da fuga do torcedor enfraquece a tese da defesa de Marcelo, segundo a qual o torcedor deu um "beijo fraternal" na repórter, por admirar o trabalho da emissora.


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A reportagem teve acesso ao inquérito que investiga Benevides pelo crime de importunação sexual. O torcedor foi preso preventivamente em Benfica, na zona norte do Rio, mas ontem conseguiu alvará de soltura para responder em liberdade. Segundo o relato da jornalista e outras duas testemunhas que presenciaram o ato, Benevides tentou fugir logo após beijar a bochecha da profissional, que fazia a cobertura da partida.

O cinegrafista Maurício Bandeira e o assistente André Luiz Duarte Souza presenciaram o assédio e ajudaram a colega desde o início das ações de Benevides, que começou a importunar Jessica antes da transmissão ao vivo.

Segundo o relatório dos depoimentos, Bandeira "viu que o torcedor se aproximou de Jessica, deslizou a mão por seu ombro e braço, se posicionando atrás dela em seguida." O profissional disse também que, antes do início da transmissão, "Marcelo beijou o ombro da repórter e que, com a equipe ao vivo, sem que Jessica pudesse esboçar reação, Marcelo beijou o rosto dela e foi saindo do local."

A ESPN informou ontem que entregou à polícia imagens que mostram o torcedor assediando a jornalista continuamente, mesmo antes da entrada ao vivo.

Segundo o cinegrafista, depois que a transmissão saiu do ar, "enquanto membros da equipe foram procurar ajuda policial, [...] policiais militares conseguiram capturar o autor." O assistente de câmera André Souza afirmou em depoimento que não viu o beijo, mas também percebeu que Marcelo "se evadia" do local. Ele afirmou que "viu Jéssica chorando, e foi com Maurício atrás do autor". Logo em seguida, os dois profissionais encontraram o assediador e chamaram a polícia.

Em seu depoimento, Jéssica Dias afirmou que, antes do assédio filmado, Marcelo Benevides Silva havia xingado os profissionais pela "demora" no início da transmissão, ocasião em que passou a importunar a repórter.

Foi assim que o delegado Carlos Eduardo de Araújo Rangel descreveu os fatos que levaram à prisão do flamenguista: "O torcedor deu um beijo no ombro da depoente, que se esquivou. A depoente tornou a se posicionar em frente à câmera, e torcedor tentou dar outro beijo em seu ombro, mas o cinegrafista Maurício Bandeira gritou com ele, pedindo que não fizesse aquilo e se afastasse. A depoente entrou ao vivo na programação da emissora, e enquanto falava com a apresentadora do 'SportCenter', o torcedor deu um beijo em seu rosto. O torcedor tentou fugir do local, porém Maurício e André Luiz Duarte Souza, assistente de câmera, foram atrás dele, o encontraram logo à frente, e chamaram a polícia militar, que conduziu todos a delegacia."

Marcelo, de 47 anos, foi levado ao Jecrim (Juizado Especial Criminal) do estádio e, após audiência de custódia, teve prisão preventiva decretada. Ele ficou detido na cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, e responde por importunação sexual, crime inafiançável, que tem pena de um a cinco anos de prisão. Ontem, ele teve o alvará de soltura concedido pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

O que diz a defesa do torcedor
Ao ser interrogado pelos investigadores da Polícia Civil após ser preso, o torcedor Marcelo Benevides preferiu ficar em silêncio. Ontem, seu advogado de defesa enviou à reportagem um vídeo no qual afirma que seu cliente "não cometeu um crime". "Aquele beijo foi um beijo fraternal. Um beijo de torcedor, um beijo de admirador, de uma pessoa que admira a equipe da ESPN", afirmou o criminalista Thiago José.

Entenda o caso
Jéssica Dias, repórter da ESPN no Rio de Janeiro, foi assediada enquanto fazia a cobertura dos arredores do Maracanã antes do duelo entre Flamengo e Vélez Sarsfield, da Argentina, pela semifinal da Libertadores. O responsável pelo ato, Marcelo Benevides Silva, foi detido e levado para prestar depoimento. Durante uma passagem ao vivo feita próxima ao estádio, torcedores do Fla estavam ao fundo cantando músicas da arquibancada quando, de repente, um deles lhe deu um beijo. Ele deixa o quadro da imagem logo depois, enquanto a jornalista fica, nitidamente, desconfortável com a situação.

Foram os próprios cinegrafistas da ESPN que agiram e alertaram os policiais sobre o assédio, e o torcedor foi imediatamente conduzido à delegacia do estádio.



Marcelo passou por um julgamento no Jecrim (Juizado Especial Criminal) do estádio e, após audiência de custódia, teve prisão preventiva decretada. No estádio, ele estava na companhia de um filho menor de idade (17 anos). Em conversa informal com a imprensa, o menino, muito assustado, pediu desculpas aos jornalistas em nome do pai.

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