Gabigol vibra efusivamente após converter seu pênalti e inflama torcida do Flamengo no Maracanã
Imagem: Marcelo Cortes / Flamengo

A importância de Gabriel Barbosa para o Flamengo é muito mais do que "somente" os decisivos gols. O momento em que ele parou, respirou e pediu calma a si, mesmo pouco antes de resolver a final da Copa Libertadores de 2019, é, para muitos torcedores, a virada de chave daquela complicada decisão. Mas não foi a única vez que o camisa 9 chamou a responsabilidade para além das bolas na rede. Gabigol coleciona episódios marcantes.



O Fla estava nervoso naquele 23 de novembro, em Lima. O River Plate ganhava a partida por 1 a 0 e, aos 42 minutos do segundo tempo, Gabigol foi tentar tirar a bola de Palacios perto da lateral quando o árbitro marcou a falta. O jogador do Flamengo levou as mãos à cabeça, se ergueu e fez um gesto de "calma". Um minuto depois, fez o gol que começou a mudar a história do jogo. A virada veio logo em seguida.


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"Tentei ficar calmo. A minha vontade era socar a cara dele [risos]. A gente estava perdendo, precisávamos ganhar. Eu queria muito vencer. Então, quando aconteceu aquela falta ali, eu não sei o que aconteceu. O Mister 'apareceu' na minha frente, na minha imaginação, me pedindo calma. Aí eu respirei e pensei "calma, fica quieto", contou em entrevista à série "Até o fim", da Rede Globo.
Mal durante quase toda partida, o Flamengo perdia até os últimos minutos no Peru. Foi dos pés do centroavante que vieram os dois gols do bicampeonato. A história poderia ter sido parecida em 2021, quando Gabigol marcou o de empate diante do Palmeiras na final do Uruguai. No entanto, desta vez quem ficou com a taça foi o Alviverde.

Dezoito jogos pendurado
O foco e a maturidade nos momentos decisivos já apareceram também no Campeonato Brasileiro de 2020. Fundamental na campanha que deu o título ao Flamengo, Gabigol passou 18 rodadas pendurado com dois cartões amarelos. Só foi receber o terceiro na última partida, contra o São Paulo, que sacramentou a taça. Na sequência de sete jogos finais, ele marcou seis gols.

Conhecido pelo jeito "pilhado" no campo, desde 2019, o camisa 9 do Flamengo é o recordista de expulsões no futebol brasileiro. Foram sete no total, a última contra o Ceará, pelo Brasileirão. Neste ano, na decisão da Copa do Brasil contra o Corinthians, Gabigol também estava pendurado desde o primeiro jogo, mas não recebeu o amarelo e atuou na ida e na volta. Em entrevista ao "Esporte Espetacular", Gabi falou sobre o temperamento e disse que não vai mais reclamar.

"Então, eu desisti, a verdade é essa. Agora os juízes vão apitar tranquilos. Eu não vou falar com eles mais. E aí, espero que a CBF veja, a torcida veja e os repórteres vejam o que acontece dentro do campo. Agora vai ter um Gabi tranquilo, porque eu já desisti, vi que não vai mudar, eles vão errar do mesmo jeito", afirmou à TV Globo.

Ainda naquele Brasileiro de 2020, no jogo decisivo contra o Internacional na 37ª rodada, Gabigol discutiu com Gerson ainda no primeiro tempo. Quando marcou o gol da virada, o atacante logo procurou o volante para comemorar e selar a paz.

O grito para chamar a torcida e o "inferno"
É inegável a sincronia entre torcida e jogador quando se trata de Gabigol. Mesmo em momentos de crítica, a relação nunca se estremeceu, mesmo que tenha chegado às vaias. Em 2022, ano em que o holofote foi todo para Pedro, isso fica ainda evidente. Herói da Libertadores 2019, o camisa 9 entendeu que precisaria mudar de papel dentro do Flamengo. Mesmo em ano de Copa do Mundo, acabou abrindo mão de ser o homem dos gols para coroar a ótima fase do companheiro, que deve ser convocado por Tite ao Mundial do Qatar.

Mas o papel de menor destaque não impede Gabriel de ser protagonista quando o time precisa dele. Na final da Copa do Brasil, ficou ao seu cargo bater o pênalti que manteve o Fla vivo na disputa contra o Corinthians. Depois de marcar o gol, vibrou e chamou a torcida, que, no momento de tensão, já não estava mais tão animada. Com os rubro-negros pulsando no Maracanã, Mateus Vital perdeu a cobrança e Rodinei garantiu a taça.

Antes disso, no jogo que o Flamengo considera a grande virada de chave na temporada, Gabigol decidiu provocar o Atlético-MG. Disse, após a derrota por 2 a 1 em Belo Horizonte, que os mineiros teriam um ambiente de "inferno" no Maracanã. A ideia foi totalmente comprada pela torcida, que fez festa, apoiou e ajudou na virada e classificação.



"Eu acho que era tudo que nós buscávamos, consistência e maturidade. Já havíamos mostrado isso antes, para mostrar temos que ter uma segurança muito grande. Ser uma equipe que tem uma entrega diferenciada é muito importante, os jogadores têm que ter essa consciência. O que resume é a participação do Gabriel, pela entrega que teve, mesmo fugindo das suas características iniciais. Ele tem se dedicado muito. Aos 43 minutos ele fez um tiro de 80 metros, saindo da área adversária para retomar a bola na nossa intermediária. Isso é muito representativo para o grupo", disse Dorival Júnior, depois da vitória sobre o São Paulo que classificou o Flamengo para a final da Copa do Brasil.

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