Carlos Eduardo se diz triste com as vaias, pede ajuda à torcida e desabafa: ‘Eu nem levo meus pais ao Maracanã’

10/11/2013 13:05

Carlos Eduardo se diz triste com as vaias, pede ajuda à torcida e desabafa: ‘Eu nem levo meus pais ao Maracanã’

Carlos Eduardo se diz triste com as vaias, pede ajuda à torcida e desabafa: ‘Eu nem levo meus pais ao Maracanã’
Carlos Eduardo deixa o Maracanã, mas o eco da vaia o acompanha até o travesseiro. Contratado para ser o camisa 10 do Flamengo em 2013, ele segura as lágrimas ao falar como os pais sofrem com as vaias, admite que está sem confiança, narra o drama da operação no joelho direito, afirma que não sabe dar carrinho, rebate diretores que o deram como investimento fracassado publicamente e diz que não “precisa passar por humilhação”.

Por que escolheu o Flamengo no início do ano?

Escolhi pela grandeza do Flamengo. Confiei nas pessoas, no Pelaipe (Paulo, diretor de futebol), que brigou por mim. Pelo esforço que a diretoria do Flamengo fez. Achava que era o ideal entre tantos clubes.

Mas você está devendo...

Sei que não estou no meu melhor nível. Ninguém sabe o que eu passei. Foram dois anos praticamente sem tocar na bola. Os piores momentos da minha vida profissional. Não sabia nem se voltaria a jogar. E, olha, está sendo difícil até hoje. Estou trabalhando sério, e muito, para ser o velho Carlos Eduardo.

O que houve com o joelho?

A lesão se deu por causa de desgaste. Na Alemanha, eu já havia sentido dores. Mas jogador é assim, quer continuar a jogar, não quer parar. E fui vendido para o Rubin Kazan. Sem exame. Se fizessem, não teria negócio. Seria reprovado. Não ia passar mesmo. Estava empolgado (a negociação foi de 24 milhões de euros). Fiz uns jogos pela Champions League, mas meu nível começou a cair. A perna era a da arrancada, a do apoio. Já não sentia firmeza. Fui para a Alemanha fazer exames com o médico do Bayern de Munique. E ele me disse que não acreditava como eu estava jogando. Na visão deles, o tendão patelar ia se regenerar. No Brasil, os médicos me disseram que era caso de cirurgia. Mas o Rubin Kazan não permitiu, de primeira. Voltei a treinar, sentindo dores. Até que operei. Ficava duas semanas no Brasil, duas semanas na Alemanha. Na volta, fiz dois ou três jogos pela Liga Europa e entrei de férias. Foi quando aconteceu a negociação com o Flamengo.

A readaptação, então, é ao futebol brasileiro e ao reencontro com a bola?

Achei que a readaptação seria difícil mesmo. Os jogadores que voltam da Europa passam por esse processo, em seis, sete meses. E sem problema de lesão. Para mim, tem sido mais difícil em campo. Aqui, é mais correria. Lá é mais técnica. Eu estou sentindo falta de confiança. Antes, prendia a bola, passava o ala, vinham dois, três marcadores, eu driblava. Estou precisando de uma pré-temporada cheia. Cheguei em março, todos estavam inteiros. Fui uma contratação que explodiu, que precisava vingar rápido. E tinham pressa para eu jogar logo.

E as vaias?

Isso tem sido bem difícil. Não quero mais passar por humilhação. Não posso errar duas, três bolas que a torcida cai em cima. Estou ajudando a equipe. Não estou de sacanagem. Sou legal, querido no grupo. A torcida tem o direito de cobrar, claro, mas tenho que pensar na minha vida. Tem clubes interessados em mim, no Brasil e na Europa. Depois, eu penso no futuro. Tenho personalidade para receber isso. Se fosse outro jovem, talvez não suportasse, não desse conta.

Você não acha que seu estilo de jogo passa a impressão de preguiça? A torcida do Flamengo quer carrinho, raça...

Eu não sei dar carrinho. Se é isso que a torcida quer, se é assim, eu vou rever, tentar mudar. Mas não sei dar carrinho. Vou machucar alguém ou ser expulso. Sei também que preciso fazer algo para melhorar. Buscar o estilo que a torcida do Flamengo quer. Correr mais, brigar mais, me doar mais.

E sua família? De onde vem o apoio nessa hora?

As torcidas organizadas me apoiam. Mas é difícil ouvir as vaias. Não só para mim. Não levo meus pais ao Maracanã. Meu irmão até levo. Eles sofrem. O tipo de sofrimento do pai é diferente. Eu me sinto sufocado. Eles sentem dor. Eu tenho os números. Tenho 87% de acerto nos passes. Mas se erro um ou dois, acabou. O mundo cai na minha cabeça. Sou tranquilo. Já passei por muita dificuldade na vida. Saí de casa com 13 anos (morava em Ajuricaba, 430 km de Porto Alegre). Isso já é pressão. Mas, olha, aqui no Flamengo tem sido uma escola.

E os companheiros de time?

Eles me dão muita força. Sabem que sou importante para o time, que prendo a bola na frente. Mesmo sendo muito criticado, sou importante. Eles mesmo já disseram que, quando não joguei, como contra a Portuguesa, o time caiu. O legal é que o grupo tem me dado apoio.

A camisa 10, do Zico, pesou?

A camisa do Zico tem o seu peso. Mas vale lembrar que já usei a 10 da seleção. Acho que tem mais peso. A 10 do Flamengo é um manto, obviamente.

Logo que você chegou no Rio, disseram que era presença garantida na noite.

Vou esclarecer isso. Saí duas vezes no Rio de Janeiro. Mas me colocaram como sucessor do Ronaldinho Gaúcho na noite carioca. Nunca fui ao Barra Music, nem sei como entra e nem as cores lá de dentro. Fui, sim, à Boate 021. Mas como não estava bem, o motivo a ser falado era esse: balada. E não é verdade.

Você bebe?

Socialmente. Na minha folga, tenho o direito. Bebo meu chope, um vinhozinho.

E as críticas de diretores, dizendo que o investimento em você fracassou?

Magoou muito. Sou homem. Chega e fala para mim. Pode chegar e cobrar. Não sou mais moleque. Conversei muito com o Pelaipe. Ele me deu apoio total. Conversei com o Wallim. Antes do jogo contra o Cruzeiro, mandaram email para o meu empresário (Jorge Machado) dizendo que queriam me devolver. Aí, eu fiz o gol e pararam com o assunto. Tem que ser homem. No futebol, a sacanagem tem que acabar. Todo mundo é homem o suficiente. Mesmo não gostando, isso é bom. É aprendizado.

Quer ficar no Flamengo?

Penso em ficar. O clube é grande. Até porque tenho contrato em vigor. Mas como te disse antes, não quero passar por humilhação. Não preciso mais disso. Meu pensamento, na negociação, era voltar para o Sul. Mas no Flamengo disseram que acreditavam em mim, no meu potencial, no meu toque de bola.

Quando houve a mudança do time do Flamengo?

Depois do jogo contra o Atlético-PR (derrota por 4 a 2 que culminou na saída de Mano Menezes), colocamos na cabeça que era o momento de mudar. A barca estava afundando. Os mais antigos chamaram todos e disseram para se dedicar mais. O Jayme entrou e deu confiança. Jogamos e todo mundo começou a aparecer. O time conseguiu evoluir.

O que falar do Atlético-PR para a final da Copa do Brasil?

Time forte fisicamente demais. Corre o tempo inteiro. Vai ser brabo. Mas vamos com tudo, com a nossa força.

Qual a mensagem que você gostaria de enviar à torcida?

À torcida do Flamengo eu digo que quero ajudar e que preciso do apoio dela. É muito duro o time estar ganhando e você ser vaiado. Dói muito. Passei por momentos difíceis. E com a ajuda dela vou superar. Tenho certeza que Deus tem algo guardado para mim.


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