Santos e Weverton Atlético-PR — Foto: Monique Silva
Clássico recheado de histórias por conta do domínio que Palmeiras e Flamengo têm exercido dentro do país, a Supercopa do Brasil reserva atração especial para as traves: o duelo entre Weverton e Santos, companheiros de Athletico-PR entre 2012 e 2017.
As semelhanças não se referem somente à consolidação de ambos como grandes jogadores dentro do CT do Caju - centro de treinamentos do Athletico -, local cujo nome é em homenagem ao apelido de Alfredo Gottardi, também ex-goleiro e que era conhecido como a "Majestade do Arco". As trajetórias da dupla têm em comum a seleção brasileira, um ouro olímpico e títulos de peso.
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As diferenças estão na personalidade e no comportamento, especialmente dentro de campo.
Weverton: explosão em campo e de títulos
De relacionamento extremamente respeitoso, convivência muito boa e admiração mútua, Weverton e Santos têm características diferentes em campo. O palmeirense é mais midiático e não se furta de interagir com os fãs em efusivas comemorações. Cerra os punhos, grita e sempre busca o olhar do torcedor.
Dessa forma tornou-se rapidamente ídolo no Athletico-PR, principalmente por ter apostado no projeto do clube e consequentemente aceitado o desafio de jogar a Série B em 2012, um dos anos mais complicados da história rubro-negra. A receita de sucesso se repetiu no Palmeiras, mas a chegada a São Paulo foi num cenário de uma equipe pronta para decolar.
Obviamente não foi somente a conexão criada com as torcidas de Athletico e Palmeiras que o transformou em ídolo dessas duas camisas. Isso foi o plus. Grandes defesas, o bom jogo com os pés e a fama de pegador de pênaltis o aproximou de rubro-negros e alviverdes.
No Furacão, conquistou apenas um Paranaense, mas foi vice da Copa do Brasil em 2013, ano em que o time terminou com a terceira colocação no Brasileiro. O grande destaque em vermelho e preto, porém, fez brilhar de amarelo. O levou à seleção e o transformou no goleiro titular da primeira medalha de ouro do Brasil no futebol, na Rio 2016.
Chegou ao Palmeiras em 2018 e esperou até o segundo semestre para ganhar se consolidar como titular. A partir daí tomou conta da posição, conquistou seu primeiro Brasileiro e passou a empilhar taças.
Em quatro temporadas, foram oito títulos. Voltou a conquistar o Brasileiro, ergueu duas Libertadores, dois Paulistas, duas Copas do Brasil e uma Recopa Sul-Americana. No ano passado, realizou o sonho de jogar uma Copa do Mundo e entrou no segundo tempo da goleada por 4 a 1 sobre a Coreia do Sul e se tornou o primeiro acreano a atuar em uma partida válida pela competição mais importante do futebol.
Santos: discreto no comportamento, nada tímido em conquistas
No Athletico-PR desde 2008, onde chegou aos 17 anos, o paraibano Santos aguardou quase 10 temporadas para se firmar no clube. Foi justamente a saída de Weverton que lhe abriu espaço, e o atual dono da camisa 1 do Flamengo não desperdiçou a oportunidade.
Reservado tanto dentro quanto fora de campo, Santos iniciou a fama de ser um goleiro extremamente seguro e avesso a defesas espalhafatosas nos tempos de Athletico-PR. E a temporada de 2018 lhe deu projeção nacional e internacional. Terminou o ano conquistando a primeira Copa Sul-Americana do clube e na condição de destaque.
O ano seguinte foi de mais título de peso. E com direito a participação fundamental na, à época, também inédita Copa do Brasil. O Furacão passou por Flamengo e Grêmio, nas quartas de final e semifinal respectivamente, em disputas de pênaltis. Diante do atual clube, pegou cobranças de Diego e Everton Ribeiro. Contra os gaúchos, parou Pepê e classificou seu ex-time para a final. Os rubro-negros levaram a competição com duas vitórias sobre o Internacional.
Voltou a conquistar a Sul-Americana em 2021 e deixou o CT do Caju como um dos grandes ídolos do clube e com oito títulos.
Santos chegou ao Flamengo em abril. E, após sofrer lesão na coxa esquerda e passar por questionável rodízio de goleiros com Paulo Sousa, firmou-se com Dorival Júnior.
O clube vivia um problema crônico no gol. Hugo Souza, tido como joia da base, acumulava falhas e mostrava-se nervoso durante os jogos. Diego Alves, por sua vez, enfrentava problemas físicos e de relacionamento com a comissão de Paulo Sousa.
Após superar a lesão e ser efetivado por Dorival, Santos fez jus à fama de "homem de gelo". Notabilizou-se por dificilmente soltar bolas e por fazer defesas complicadas parecerem simples. Com a aposentadoria de Diego Alves, assumiu a camisa 1 em 2023.
Santos mais "soltinho"
Em menos de um ano de clube, conquistou a Copa do Brasil e a Libertadores como figura importante do Flamengo. Ao comemorar os títulos, Santos deixou a faceta "discretão" de lado e foi flagrado brincando em comemorações. Platinou o cabelo juntamente com outros companheiros e, ao lado de Pedro, deu voltas com as taças antes de a bola rolar para Flamengo 1 x 2 Corinthians, em 2 de novembro de 2022.
Menos tímido e com o cabelo descolorido, ergueu a taça com desenvoltura por diversas vezes durante o passeio pelo gramado do Maracanã.
Única final: Recopa de 2022
Companheiros por cinco temporadas no CT do Caju, que hoje vive próspera linha de sucessão com os promissores Bento, Léo Linck e Mycael, Weverton e Santos vão disputar apenas a segunda final entre si.
A única aconteceu em fevereiro do ano passado, em dois dos últimos jogos de Santos pelo Athletico, na disputa da Recopa Sul-Americana. A primeira, no dia 23, terminou em 2 a 2, em Curitiba. Na volta, em 2 de março, o Palmeiras de Weverton conquistou a taça com vitória por 2 a 0 no Allianz Parque.
No retrospecto geral, o goleiro palmeirense leva a melhor. Foram seis confrontos, com quatro vitórias e dois empates.
08/06/2019 - Palmeiras 1x0 Athletico (Brasileiro)
19/08/2020 - Athletico 0x1 Palmeiras (Brasileiro)
28/08/2020 - Palmeiras 2x1 Athletico (Brasileiro)
23/02/2022 - Athletico 2x2 Palmeiras (Recopa)
02/03/2022 - Palmeiras 1x1 Flamengo (Brasileiro)
Passado à parte, Santos e Weverton têm num futuro para lá de próximo a possibilidade de um título inédito. E outra coincidência os une: ambos tiveram apenas uma chance de conquistarem a Supercopa do Brasil, e um mesmo adversário os frustrou, o Flamengo.
Em 2020, o hoje flamenguista Santos não teve chances contra o time de Jorge Jesus e foi derrotado por 3 a 0. Na edição seguinte, Weverton viveu disputa de pênaltis emocionante contra o Flamengo de Rogério Ceni após empate por 2 a 2 no tempo normal, mas seu colega Diego Alves levou a melhor.
Sábado é dia de um dos destes dois supercampeões somarem ao currículo uma nova conquista. Santos desencantará ou Weverton manterá a freguesia do ex-companheiro no confronto pessoal? A resposta será dada pouco depois das 18h30 (de Brasília).
3x1 flamengo ????