Arrascaeta, do Flamengo, em entrevista exclusiva ao ge, no Marrocos — Foto: Fred Gomes

Prestes a completar 200 jogos pelo Flamengo nesse Mundial de Clubes - tem 198 -, Arrascaeta é ídolo histórico do clube por protagonizar lances como o que resultou em gol dele contra o Al Hilal na vitória por 3 a 1 em 2019. O uruguaio revê o adversário da última participação rubro-negra na competição, e a lembrança da linda jogada coletiva é inevitável.



O gol de Arrascaeta trata-se de uma marca do decantado Flamengo de Jorge Jesus. Foram 29 toques em uma troca de passes envolvente que durou 38 segundos. Somente Diego Alves e Everton Ribeiro não encostaram na bola (veja a trama completa no vídeo abaixo).


LEIA TAMBÉM: FIFA fica impressionada com festa da torcida do Flamengo no Mundial: "Força do futebol"


- A gente ficou quase um minuto com a bola, giramos de um lado para outro até encontrar o espaço. Acredito que isso vai ser fundamental para esse jogo com eles: ficar com a bola e esperar o momento certo para fazer o gol. Rafinha lançou o Gabi, que procurou o Bruno. Ele foi muito bem no lance porque me deixou sozinho na cara do gol.

- Galvão é muito bom narrando (risos). Foi bem no comecinho do segundo tempo, né? Nossa, o Bruno foi muito bem no lance. Ele criou o espaço e me depois me deixou sozinho na cara do gol. Foi muito importante o gol no comecinho. Acho que animicamente também para o time, que cresceu bastante - disse o 14 em entrevista exclusiva.

Tão fundamental hoje quanto era em 2019, Arrascaeta preocupou a torcida no fim da última temporada. Uma pubalgia o fez jogar no sacrifício por diversas vezes. Para livrar-se do incômodo, as férias pós-Copa do Mundo foram separadas para um repouso total, zero exercício e muito descanso mental também.

- Para zerar e ficar bem, tive que dar um tempo de descanso para a mente, para o corpo e não trabalhar nada nas férias. Estava precisando muito porque nos últimos meses sofri bastante com isso. Chegava ao ponto de nem conseguia chutar a bola às vezes. Mas sabemos que tem momentos em que, assim mesmo, temos que dar um pouco a mais do que podemos. Eu sabia no começo do ano ia sofrer mais na parte física porque só agora estou encontrando o meu melhor. É me preparar para dar o meu melhor.
Outra possibilidade que dá calafrios na torcida são os rumores quase que inevitáveis a cada janela de transferências. Arrasca, porém, garante que nem pensa em deixar o Flamengo no momento.

- Já falei: sou totalmente feliz e agradecido. Estou em um grande clube e conquistando coisas importantes a cada ano. Tenho um contrato longo. Não passa pela minha cabeça sair do clube agora.

E o atleta de 28 anos é feliz mesmo no Rio, tanto que está a um passo de obter cidadania brasileira. "Arraxca" já domina o chiado carioca e precisa de pouco para se tornar ainda mais "local" no Brasil.

- Ainda preciso fazer algumas coisas. Tenho que fazer uma aula ao vivo com uma pessoa para ver se está tudo certo. Acho que é uma aula de português, mas "tamo pronto" (risos).
O Flamengo estreia no Mundial de Clubes nesta terça-feira, às 16h (de Brasília), contra o Al Hilal, em jogo válido pela semifinal do torneio. O Estádio de Tânger é o palco do duelo.

Confira Arrascaeta reagindo ao gol com narração de Galvão Bueno a partir de 12h50 (de Brasília), no GE TV. Abaixo leia outros tópicos da resenha com o "uruguaio carioca".
Volta ao Mundial com o Flamengo

- Para todos do elenco é um prazer poder estar representando a América mais uma vez nesse Mundial de Clubes. Vamos enfrentar mais uma vez uma grande equipe, então temos que focar no nosso trabalho porque vai ser um jogo muito intenso.

Os jogadores sul-americanos têm a mesma expectativa que a torcida em relação ao Mundial em termos de representatividade?

- Todo mundo está nessa expectativa. Ainda mais que tem muito tempo que um clube brasileiro não conquista. Ou um clube da América. Para nós também seria ficar em uma glória desse grande clube se conquistar um título dessa magnitude. Vamos pensar primeiro em chegar à final porque temos um jogo muito complicado.

Lembranças do último jogo contra o Al Hilal

- Sofremos muito no primeiro tempo. Eles poderiam até ter feito mais do que um gol. Voltamos melhores no segundo tempo, construímos o jogo aos poucos, conseguimos o gol. Era um time bem organizado, intenso e de muita qualidade.

Completará 200 jogos no Mundial (tem 198)

- Chegar a um clube como o Flamengo e conquistar o que a gente tem conquistado, para mim, é um privilégio. Temos que continuar representando dentro de campo da mesma forma. E os torcedores mostram o carinho fora dele. Fico muito feliz e muito grato.

Processo para obtenção de dupla cidadania

- Estamos aí (risos), na expectativa. Estou tentando ter esse privilégio. E ajuda o clube a contratar mais algum jogador estrangeiro, se precisar.

Você já recebeu o título de cidadão carioca, não é?

- Ainda não peguei.

Carioquês

- A gente brinca no dia a dia com os caras, algumas palavras que eles falam, e eu aprendo (risos). Não posso falar, mas tem muitas palavras que eles brincam. É só besteira, então não posso falar. Ele arrastam muito o "x". Os meus amigos do Uruguai sempre brincam comigo: "e aí, 'Arraxca', tudo bem?"

Relação com Gabigol e o crescimento do agora camisa 10 do clube

- A relação é muito boa. Chegamos praticamente juntos ao Flamengo, nos entendemos muito bem. É um privilégio jogar ao lado dele e dos outros companheiros. Isso é importante para as conquistas, porque nos momentos não tão bons a gente sempre está junto para fortalecer o grupo.

Reencontro com Cuéllar e Michael

- A gente já jogou contra ele (Cuéllar), é um cara muito bom no um contra um, é difícil passar. O Michael é um cara muito especial, temos muito carinho. Ele conquistou com o clube também e é uma figura que a gente teve o prazer de conhecer, até pela história de vida. A gente conhece bem o Micha, não podemos deixá-lo no um contra um porque é o forte dele.

Momentos diferentes em relação a 2019

- O momento é totalmente diferente, porque agora estamos assimilando as ideias de um treinador novo, estamos iniciando uma temporada. Ficamos um mês de férias. Jogar um mês e já ter de jogar no alto nível com certeza nos faz sentir um pouquinho. Ainda não estamos 100%, mas estamos preparados, principalmente mentalmente.



Adaptação do compatriota Varela, ainda em dificuldade

- É difícil chegar em um futebol diferente. É um grande profissional, antes de tudo. Tomara que ele possa estar 100% para nos ajudar, porque será importante para nós.

Arrascaeta, cita, repouso, total