O comentário de Eduardo Bandeira de Mello classificando a detenção do diretor executivo do Flamengo, Bernardo Accioly, por investigadores do Procon na sede como digna de um regime militar não foi a única referência rubro-negra à ditadura que vigorou no Brasil de 1964 a 1985 nesta quarta-feira.

Na saída do gramado do estádio Novelli Júnior, em Itu, onde o Mais Querido foi derrotado por 2 a 0 pelo São Paulo, o volante Elias fez duras críticas ao árbitro da partida, Alício Pena Júnior, de Minas Gerais. Reclamando de pênalti duvidoso, cometido pelo próprio camisa 7 sobre Luis Fabiano, o jogador do clube carioca foi além e questionou a postura do juiz no campo de jogo.

"Ele é um árbitro dos tempos da ditadura, temos que tirar pessoas assim do futebol. Sem contar o linguajar que ele usou com Chicão, xingando ele de tudo quanto foi nome", afirmou Elias, pedindo uma renovação no quadro de árbitros da CBF. "Tem que colocar gente nova para apitar, o pessoal antigo já está ultrapassado."

Mineiro de São Gotardo, Alicio Pena Júnior, nascido em 1968, tinha 17 anos quando o regime militar chegou ao fim no Brasil. Árbitro FIFA de 2003 a 2009, o juiz vai se aposentar ao final da temporada de futebol. Neste Campeonato Brasileiro, Alicio esteve à frente de 11 partidas.

Numa rodada de protestos dos jogadores incitados pelo movimento Bom Senso FC e de críticas frontais à atitude da CBF, que orientou árbitros a punir com cartão amarelo os atletas que cruzassem os braços após o apito inicial, as declarações do volante do Flamengo também podem respingar no presidente da entidade máxima do futebol brasileiro, José Maria Marín.

Ex-governador biônico - quando o representante assume o cargo sem disputar eleições - de São Paulo, Marín foi deputado estadual pela ARENA, partido de sustentação dos militares, durante a década de 1970.