Dentro de campo e até mesmo no vestiário, o clima no Flamengo é bom às vésperas da final da Copa do Brasil. Nos bastidores, porém, há um certo incômodo da diretoria com parte do elenco. E o fato não se deve pelo rendimento em campo, considerado muito bom pelos cartolas, mas sim pelas cobranças excessivas de alguns líderes do grupo pelo atraso no pagamento de premiações por vitórias e classificações.

Apesar de evitar o assunto e ressaltar que pagamentos são assuntos de "economia interna", a cúpula do clube da Gávea está insatisfeita com Chicão, Elias, André Santos e Wallace. É sempre do quarteto de ex-corintianos a decisão de conversar com o vice-presidente de futebol Wallim Vasconcellos sobre os prêmios.

Wallim e diretoria entendem que as reuniões são normais, mas se incomodam com a frequência com que as reclamações ocorrem. Pelo menos duas vezes por semana o grupo de ex-atletas do Corinthians, que agora veste a camisa rubro-negra, cobra uma posição sobre os prêmios.

Atualmente, a única pendência é o pagamento da vaga na final. Jogadores e comissão técnica receberão R$ 600 mil pela classificação no duelo contra o Goiás, no último dia 6. A diretoria já prometeu quitar o valor nos próximos dias. Mas há outra reclamação: os valores.

Para os líderes do elenco, o montante deveria ser maior. Em um encontro no vestiário para definir o dinheiro a ser pago, um jogador chegou a reclamar: "Ganhávamos isso por vitória simples no Corinthians, e ainda pagavam no vestiário, depois da partida", disse, ao saber de um dos valores oferecidos pela diretoria por classificação.

Os comandantes do clube, porém, decidiram que não vão entrar em rota de colisão com os líderes do elenco por dois motivos: as cobranças partirem de jogadores queridos pela torcida e o momento de decisão na Copa do Brasil.

Após a derrota por 2 a 0 para o São Paulo na última quarta-feira, pelo Campeonato Brasileiro, os rubro-negros só pensam na decisão. No próximo domingo, o time irá encarar o Grêmio com reservas, poupando os titulares para o confronto contra o Atlético-PR na próxima quarta, no duelo de ida da final da Copa do Brasil.

Os diretos de transmissão em 2012 para o clube da Gávea atingiram R$ 105 milhões, contra R$ 31 milhões do Furacão. O Flamengo sempre investiu em times caros e pouco em infraestrutura. Muitos desses gastos elevados geraram dívidas trabalhistas e fiscais, além de outros problemas por falta de recolhimento de impostos e contribuições sociais.

Outra grande dificuldade para o clube são suas despesas financeiras, provenientes de empréstimos, que financiam parte de suas atividades.

Os custos com futebol do clube da Gávea, que em 2003 eram de R$ 35 milhões, em 2011 atingiram R$ 109 milhões. O clube não apresentou os custos com futebol de forma consolidada de 2012, mas minha projeção é que atingiram R$ 130 milhões.

A nova gestão que assumiu o Flamengo em 2013 começou a enfrentar o problema das dívidas e seu recorrente fluxo de caixa negativo, em um projeto de reestruturação importante para o seu fortalecimento. Os finalistas da Copa do Brasil, um clube gigante em torcida e dimensão nacional, com sérios problemas financeiros e outro fora do eixo RJ-SP, que virou uma potência financeira para os padrões nacionais, graças ao investimento realizado.
Bastante simbólico e representativo para o momento atual do nosso futebol.