Leila Pereira, presidente do Palmeiras, desabafou contra o comportamento de Rodolfo Landim, mandatário do Flamengo, com relação a assuntos relacionados à Libra e a criação de uma nova liga no futebol nacional. A fala aconteceu em entrevista coletiva nesta sexta-feira (14), antes das apresentações de Richard Rios e Artur, reforços alviverdes para a temporada.

Leila chegou até mesmo a usar a provocação do "Real Madrid está esperando", em referência à disputa que poderia ter acontecido no Mundial de Clubes deste ano, em que o Flamengo foi eliminado na semifinal, e usou termos como "soberba" ao se referir ao comando rubro-negro.

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A ESPN apurou que o Palmeiras não é o único clube incomodado, no momento, com a postura do Flamengo nos bastidores. Outras equipes que fazem parte da organização também enxergam que a postura do presidente do time carioca tem atrapalhado possíveis avanços da Libra.

O principal ponto do incômodo não tem nada a ver com a divisão de receitas da futura liga, nem mesmo com a cláusula que protege Flamengo e Corinthians já anunciada pelo grupo. Leila e alguns outros dirigentes estão insatisfeitos com a exigência de unanimidade entre os clubes, defendida por Landim, para mudanças ou aprovações em temas referentes à Libra.

Os rubro-negros batem o pé para que essa regra seja cumprida, algo que acaba garantindo que clubes como Flamengo e Corinthians, que são hoje quem têm as maiores receitas provenientes de direitos de transmissão, possam barrar alguma ideia que agrade boa parte dos demais.

O Palmeiras entende que essa exigência por unanimidade é um entrave para avanços nas discussões, já que os 18 clubes que compõem o grupo precisam estar alinhados. Leila, inclusive, externou descontentamento com "reuniões da Libra que são cansativas e não se decide nada" em seu desabafo.

Horas antes da entrevista da presidente alviverde, inclusive, os presidentes dos clubes da Libra fizeram uma reunião por vídeo, definida apenas como de "atualização" das partes. Na conferência, não houve qualquer troca de farpas ou embates entre Palmeiras e Flamengo. Até por isso, alguns dirigentes ouvidos pela reportagem foram pegos de surpresa pela fala de Leila.

Nos encontros da Libra, porém, Leila e Landim tiveram fortes divergências em assembleia realizada no dia 28 de fevereiro. Foi naquele dia em que o grupo aprovou seu modelo de cálculo para a divisão de receitas de transmissão, se aproximando, inclusive, do que é defendido pelos times da Liga Forte Futebol (LFF), grupo que reúne outras equipes do Brasil para a criação de uma liga nacional.

Apesar do desabafo público de Leila contra Landim, nos bastidores, a Libra não acredita em grande impacto para o futuro da organização. Segundo definiu uma fonte à reportagem, a situação está "sob controle". A fala da dirigente alviverde foi vista mais como uma manifestação da rivalidade entre Palmeiras e Flamengo, do que um "racha" no movimento por uma liga.

Libra é uma abreviação para Liga do Futebol Brasileiro. Além de Palmeiras e Flamengo, fazem parte do grupo: Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Ponte Preta, Red Bull Bragantino, Sampaio Corrêa, Santos, São Paulo, Vasco e Vitória.

Em relação ao modelo de divisão de receitas, a Libra defende, na Série A, que 45% do valor seja distribuído de maneira igualitária, 30% medidos pela performance dos clubes e outros 25% de acordo com engajamento. Além disso, 15% de toda a receita será reservada para a Série B do Brasileiro.

Com isso, a diferença entre quem mais recebe e quem menos recebe foi estabelecida em no máximo em 3,4 vezes. Este patamar será atingido após um período de transição de cinco anos, ou até que a futura liga alcance os R$ 4 bilhões de receitas. Nesse meio tempo, a divisão dos valores seguirá com os 40% distribuídos de maneira igualitária, 30% por performance e 30% de acordo com engajamento. Flamengo e Corinthians também têm uma "cláusula de estabilidade" que os protege nessa transição.

Em oposição à Libra, hoje está a Liga Forte Futebol (LFF), que tem 26 clubes: ABC, Athletico-PR, Atlético-MG, América-MG, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Chapecoense, Coritiba, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Cuiabá, Figueirense, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Londrina, Náutico, Operário, Sport, Tombense e Vila Nova.

Desde a reunião realizada em fevereiro, a Libra tenta a aproximação com o outro grupo, inclusive, com a criação de um comitê para apresentar as propostas aos demais clubes que compõem a LFF.

Até o momento ocorreram três reuniões entre representantes da Libra e da LFF para chegarem a um acordo a respeito dos números, já que a divisão do dinheiro era o principal fator de discórdia entre os dois lados. Apesar da reaproximação entre os dois grupos, uma possível união entre os dois lados ainda é vista como "distante" por figuras importantes ligadas às organizações.