21/11/2013 11:41
Com superação, Felipe e Amaral viram protagonistas improváveis
Um passo rumo ao tricampeonato da Copa do Brasil dado com pés e mãos daqueles que talvez melhor representem a "cara do Flamengo", tão propagada por Jayme de Almeida. Desde que assumiu a equipe e mudou o rumo da temporada, o treinador repete que para vestir a camisa rubro-negra é preciso, antes de tudo, garra e determinação. Pois então, essas características sobram nas trajetórias de Felipe e Amaral até o 1 a 1 com o Atlético-PR na noite de quarta-feira, na Vila Capanema, em Curitiba.
Autor do gol que deixa o Flamengo em vantagem (pode até empatar por 0 a 0 na partida de volta no Maracanã), Amaral teve tempo de sobra para aprimorar o chute que estufou as redes de Weverton na capital paranaense. Relegado por Mano Menezes, sequer entrou em campo sob o comando do antigo treinador. Agora, com um golaço, o volante retribuiu a Jayme de Almeida a aposta desde a experiência como interino diante do Náutico, além da paciência nos treinos quase solitários no Ninho do Urubu. O atual técnico era o então auxiliar e responsável pelas atividades quando o camisa 40 não era sequer relacionado.
Já com Felipe, o tempo de espera - e recuperação - foi bem curto. Muito curto. Mas não menos sacrificante. A cirurgia no joelho esquerdo que colocou em risco o restante da temporada aconteceu há menos de um mês - 21 um dias para ser exato. Os prognósticos não eram animadores e apontavam para quatro semanas no estaleiro. Mas o goleiro "foi Flamengo", como quer Jayme, se entregou, seguiu à risca as orientações do departamento médico e acabou como parte fundamental do empate na primeira partida da decisão. Com saídas do gol seguras e defesas importantes no segundo tempo, deixou o campo ovacionado pelos 1.700 flamenguistas presentes e apagou qualquer questionamento pelo chute no gol de Marcelo - em pancada que superou os 120km/h.
Volta por cima do 'Paredão' e pancada do 'Pitbull'
Antes de a bola rolar, Felipe e Amaral já chamavam a atenção por um ponto em comum: a concentração. Com a escalação mantida em sigilo até o fim, o goleiro foi o último dos companheiros de posição a entrar em campo para aquecer. O olhar compenetrado durante os exercícios sob vaias da torcida rival, por sua vez, deixava evidente a preocupação em coroar o esforço com uma boa atuação. Pouco depois, os jogadores de linha entraram em campo de mãos dadas. Amaral, apesar do cabelo extravagante, com tranças no estilo Vágner Love, mantinha a seriedade que lhe é característica. Sorrir parecia ser algo proibido.
O jogo começou, e Felipe, com seu tradicional terço dentro do gol, não parava. De um lado para o outro, mantinha o aquecimento enquanto não era importunado. O Flamengo começou bem, e o primeiro toque na bola aconteceu aos cinco minutos, mas para cobrança de tiro de meta. A defesa inicial só veio quando o relógio já apontava quase 12 minutos, em cabeçada fraca de Marcelo. A essa altura, Amaral também permanecia inquieto, mas em espaço bem maior do que a pequena área onde o goleiro se movimentava. Na caça a Paulo Baier, o volante tomava conta dos espaços no meio-campo e não dava paz ao principal jogador do Furacão.
Aos 17, porém, a dupla bobeou naquele que pode ser o único "porém" durante os 90 minutos. Após cobrança de lateral, Paulo Baier ajeitou, Marcelo dominou, Amaral apenas olhou, e o atacante acertou uma pancada da entrada da área: 1 a 0 Furacão. No primeiro chute que foi ao gol, Felipe foi vazado. Falar em falha pode soar exagerado, mas é inegável que era uma bola defensável, apesar da velocidade: 126km/h. Explosão no Durival Brito em ação daquele que dividiu com Felipe e Amaral o protagonismo da partida.
A diferença a favor dos cariocas, entretanto, era simples e matemática. Se Marcelo lutava quase que sozinho pelo time da casa, correndo de um lado para o outro e dando trabalho por cima e por baixo, Felipe e Amaral se uniam para dar o troco. No caso do volante, até com bônus. Conhecido pelo poder de marcação, o camisa 40 costuma correr para que os outros joguem. Dessa vez, parecia também querer jogar. Bons passes já chamavam a atenção do torcedor mais atento - foram 11 acertos em 13 tentativas. Mas Amaral queria mais.
Aos 29, o Flamengo girava o jogo. Da direita, para esquerda. De Léo Moura para Chicão, de Chicão para Amaral. A ordem natural previa uma abertura para João Paulo, que não passou na lateral. Sendo assim, Amaral resolveu arriscar. Ao dominar, certamente não lembrou que aquele era seu 45º jogo pelo clube, muito menos que ainda não tinha marcado um gol. Dominou, ajeitou o corpo, deu um toquinho na bola e...tudo igual no placar. O chutaço de direita, que chegou a 99km/h, transformava em protagonista um coadjuvante confesso, mas cheio de estilo na hora de brilhar. Com tranças de artilheiro, de imediato agachou e engatinhou. Era a comemoração pitbull do cão de guarda de Jayme de Almeida.
Lá atrás, Felipe já tinha esquecido que a bola de Marcelo era defensável e fazia seu papel. Com Amaral incansável na caça a Paulo Baier e também ao ex-flamenguista Éverton, o poder de criação do Furacão passou a ser limitado a bolas alçadas na área. Quase todas elas afastadas ou defendidas pelo goleiro - foram 15 saídas de gol certas em 23 cruzamentos. O Flamengo de Hernane e Elias ia para o intervalo em igualdade no placar, mas em vantagem na decisão.
Defesas e desarmes que fazem a diferença
No segundo tempo, não demorou muito para Felipe entrar em ação e tranquilizar qualquer torcedor ainda em dúvida sobre sua escalação. Aos três, Luiz Alberto saltou mais do que toda defesa e cabeceou firme após cobrança de escanteio. O goleiro voou e espalmou. Esse, por sinal, foi um verbo muito conjugado aos longo dos 45 minutos finais: espalmar. Dessa maneira, o camisa 1 salvou o Fla também aos 12, em troco a Marcelo, dentro da área, e aos 31, em bom chute de longe de Éverton.
Três grandes defesas, que não aconteceram mais vezes muito graças à correria de Amaral um pouco mais à frente, na entrada da área. Entre bons passes, como o que deixou Léo Moura em ótima condição para cruzar para Hernane, e reclamações com a arbitragem, que não foram poucas, o volante era praticamente perfeito na função que lhe cabe: marcar. Ao todo, foram oito desarmes e duas roubadas de bola, em atuação que tirou a paciência do experiente Paulo Baier.
Exibição de gala daquele que quer passar a ser chamado de pitbull rubro-negro, mas que, na verdade, é o xodó do chefe. Com o empate e um gol na bagagem de volta para o Rio de Janeiro, Jayme de Almeida sorriu ao comentar a atuação de Amaral. Uma aposta pessoal que se tornou não somente titular absoluto, mas também indiscutível.
- O que o Amaral nos dá nos 90 minutos é uma marcação fortíssima, velocidade para cobrir os zagueiros e isso facilitou o trabalho tanto da zaga quanto do meio-campo, que fica mais tranquilo para apoiar. É um rapaz que trabalhou muito dentro do clube, é um exemplo para todos e ficou quatro meses sem nem entrar na lista de concentração, mas nunca deixou a peteca cair. Tem uma finalização forte, erra muito, mas tem treinado isso. Acertou um chute fantástico e nos deu o empate - elogiou o treinador.
Elogios que completam uma noite que o camisa 40 do Fla garante: não esquecerá nunca mais. Até porque, só tinha marcado um gol na carreira: pelo Quissamã contra o Nova Iguaçu, em confronto pela Série B do Rio de Janeiro, no início da carreira.
- Falam que só marco, mas consegui finalizar e estou feliz. Esse (gol) vai ficar na história. Estou feliz por isso. Vou levar para o resto da minha vida. Tenho tentando de fora da área há uns quatro jogos. Saiu em grande estilo. É difícil dominar a bola nesse campo. Tive a felicidade de pegar bem e chutar bem - comemorou Amaral.
Felipe relembra processo de recuperação e vibra
Protagonista ao lado de Amaral, Felipe não tem motivos para ficar com ciúmes: ele também recebeu afagos de Jayme de Almeida. O treinador deixou claro que, em condições normais, o camisa 1 é o dono da posição no Flamengo e elogiou a atuação tanto no processo de recuperação da cirurgia quanto na partida com o Furacão:
- Primeiro, tenho que dar os parabéns ao departamento médico do Flamengo e preparadores físicos. Felipe trabalhou (ao longo das últimas semanas), no treino em Porto Alegre conversamos e todos disseram que ele estava bem, pronto e confiante. O Paulo (Victor) é um menino que jogou quando preciso, foi fantástico, mas expliquei a ele que o Felipe saiu por lesão. Voltou e foi muito bem.
Ainda no campo, o goleiro relembrou o processo de recuperação "relâmpago" e comemorou a atuação:
- Eu trabalhei, lutei, busquei. Praticamente 20 dias fazendo dois períodos, musculação, treino físico, com bola. Folga do pessoal e eu estava treinando. Estou há 21 dias de uma cirurgia, mas não estava parado. No dia seguinte à cirurgia estava dobrando a perna. Depois, academia para não perder muito. Pude dar uma resposta para mim. Já passei por muitos momentos difíceis na minha carreira, era apenas mais um, com apoio de todos superei. E pude mostrar que tinha condições. Não sou maluco, não ia jogar fora um trabalho do Jayme e do departamento médico. Hoje, pude mostrar que estava em plenas condições de atuar - festejou o goleiro.
934 visitas - Fonte: Globo Esporte
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