Como foi a conturbada relação entre Messi e Sampaoli na seleção argentina

18/4/2023 04:12

Como foi a conturbada relação entre Messi e Sampaoli na seleção argentina

Como foi a conturbada relação entre Messi e Sampaoli na seleção argentina
Sampaoli comanda treino da Argentina com Lionel Messi ao fundo Imagem: Albert Gea/Reuters

Que loucura. Foi em 2017 e 2018, mas parece que foi em outra vida em que estivemos, aqui no UOL, cobrindo de perto os primeiros passos de Jorge Sampaoli na seleção argentina com ninguém menos que Lionel Messi.

Mantendo o blog "Patadas y Gambetas", estivemos juntos no Centenário (sua estreia oficial, contra o Uruguai), no Monumental (diante da Venezuela) e na Bombonera (ante o Peru) em uma sufocante reta final de Eliminatórias.

Foram três jogos e três empates: 0 a 0, 1 a 1 e 0 a 0. Uma sequência nada Sampaoli para o torcedor flamenguista que espera um time agressivo como os do Santos e Atlético-MG.

A então salvação argentina veio só na última rodada, em Quito, contra os reservas do Equador. A seleção ganhou por 3 a 1, três gols de Messi, e ficou com a última vaga direta para a Copa do Mundo de 2018, na Rússia.

Desde o começo, era claro o brutal choque de estilo do elétrico Sampaoli com os jurássicos dirigentes da AFA. E, o que é pior, também com os jogadores.

A seleção era então jocosamente tratada como o "clube dos amigos de Messi" que muitos argentinos garantiam existir.

Ficou para a história que os veteranos (Messi, Mascherano, Di María, Agüero, Higuaín, Biglia...) tripudiaram de Sampaoli em plena Copa do Mundo. Só falavam com ele para submetê-lo aos seus caprichos, e não para serem orientados.

Eliminada nas oitavas de final pela França, a Argentina disputou a Copa do Mundo de 2018, na Rússia, dividindo suas atenções entre os campos e os "incêndios" em uma das mais loucas presenças suas em Mundiais.

E a bagunça veio de cima. O técnico Jorge Sampaoli e o auxiliar Sebastián Beccacece se desentenderam, e a tensão entre ambos obviamente interferiu na equipe que teve Messi como um apático capitão, naquela que foi sua pior participação em Copas.

Quem trouxe mais detalhes sobre a desavença geral com Sampaoli foi Ángel Di María. "Às vezes, Sampaoli dizia uma coisa e Beccacece, outra. Não havia boa comunicação entre eles", comentou ao canal de TV TyC Sports, da Argentina, em agosto de 2021.

O clima entre os dois elétricos treinadores era mesmo explosivo.

Até circularam versões na imprensa argentina de que ambos trocaram agressões no vestiário, e na frente dos jogadores, depois de perder por 3 a 0 para a Croácia, algo que até hoje ninguém confirmou publicamente.

"Em alguns momentos parecia que eles estavam brigados entre si, porque um comia sempre antes que o outro. Aconteceram muitas coisas aí no meio que, como jogador que trabalha com ambos, nos afeta um pouco. Parece que não, mas afeta bastante. Por isso foi um Mundial em que sinceramente tudo foi me desanimando por tudo o que aconteceu", detalhou Ángel.

Di María reconheceu que os líderes do grupo, Messi e Mascherano, interpelaram Sampaoli na Rússia para tentar mudar o rumo da situação.

"Conversamos com ele sim, a partir daí as coisas melhoraram, mas já não vinham bem, e quando não vêm bem, é impossível que se transforme da melhor maneira de uma hora para a outra."

A primeira fase da Argentina de Sampaoli e Messi na Copa do Mundo de 2018 foi tão ruim que a seleção nem sequer conseguir ganhar da estreante Islândia (1 a 1, com Messi perdendo pênalti).

Veio depois uma arrasadora derrota por 3 a 0 para a Croácia e uma milagrosa vitória por 2 a 1 nos minutos finais diante da Nigéria. Nas oitavas, contra a França, o cenário era perfeito para Messi, Di María e companhia.

Maioria da torcida, um ambiente sul-americano e a chance de responder a todos os questionamentos. Entretanto, quem foi ver o argentino testemunhou o brilho do outro lado. Com atuação de gala de Kylian Mbappé, a França derrotou a Argentina por 4 a 3, em Kazan, e avançou às quartas.

A Argentina, por outro lado, apresentou os velhos problemas, com um time bagunçado e sem a menor criatividade.

A equipe de Sampaoli até equilibrou as ações na base da raça e de lances individuais. Di Maria, com um golaço, e Mercado, em uma bola desviada, chegaram a colocar a azul e branca à frente.

Tratou-se apenas de um susto. A França dominou boa parte da partida, cresceu quando acuada e assegurou a classificação com três gols e um grande segundo tempo. Nem mesmo o tento de Agüero nos acréscimos foi capaz de impedir a eliminação argentina.

A sequência está bem fresca na memória: a França bateu Portugal, Bélgica e Croácia para ser campeã do mundo.

E a Argentina mandou Sampaoli embora, efetivou Lionel Scaloni, um de seus assistentes, e saiu da fila de 36 anos com a Copa do Mundo do Qatar, no ano passado.

Escolhido para comandar Messi na Copa do Mundo da Rússia, Sampaoli chegou à seleção com a chancela do próprio craque.

Acredita-se que as conversas entre Sampaoli, Messi e Mascherano tenham começado antes mesmo que o antecessor "Patón" Bauza recebesse o bilhete azul.

O lobby de Messi neutralizou as críticas de diversas personalidades importantes do futebol argentino, a começar por Maradona.

"Sampaoli não conhece mais do que Bauza. Se você joga uma bola para Sampaoli, ele te devolve com a mão", disparou. "O que ele ganhou até hoje? É muita fumaça para pouco fogo", concordou Carlos Bilardo.

César Luis Menotti, campeão do mundo de 1978, disse gostar da proposta de jogo, mas afirmava que Sampaoli chegara à seleção "de maneira obscura, o que não é bom".

O próprio Bauza alfinetou publicamente o sucessor pelas tratativas de bastidores que o levariam ao cargo:

"Eu sabia havia vários meses que ele vinha falando com alguns dirigentes. Não me parece ético, mas a ética sempre perde no futebol".

Sampaoli não se abateu com as controvérsias. Acostumado a se reinventar, buscou ouvir outros técnicos e se disse aberto às suas ideias dentro do projeto de recuperação da equipe nacional.

Nesse aspecto, era uma cópia do "Loco" Bielsa, talvez sua maior referência. O "Loco", por sinal, era um dos poucos defensores de Sampaoli na Argentina.

Num congresso organizado pela CBF, fez um elogio que deve ter mexido com Sampaoli:

"Jorge não é meu discípulo. Primeiro, porque esse termo não combina com o que penso. E segundo, porque acho que ele é melhor que eu".

Só que mesmo sua obsessão não impediu um dos grandes desastres da história recente da seleção argentina.

No último amistoso antes da convocação para a Copa, a Argentina - desfalcada de Messi, machucado - foi colocada na roda pela Espanha em Madri: 6 a 1.

A avalanche de críticas na imprensa argentina (onde Sampaoli foi chamado, entre outras coisas, de "cagão", "papudo" e "vendehumo", gíria para o sujeito que "fala muito e pouco faz") se seguiu a um diagnóstico preocupante de Jorge Valdano, antecipando tudo aquilo que viria a ocorrer na Rússia:

"O clima na seleção é o mais negativo desde 1958", observava, lembrando de outro 6 a 1, que tirou a Argentina daquela Copa logo na primeira fase, diante da Tchecoslováquia.

603 visitas - Fonte: UOL


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