Em meio ao escândalo de apostas revelado pela "Operação Penalidade Máxima 2", do MP-GO (Ministério Público do Estado de Goiás), a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) descartam paralisar o Campeonato Brasileiro 2023 ou mexer na classificação do Brasileirão 2022, segundo apurou a ESPN nesta quarta-feira (10).
De acordo com fontes ouvidas pela reportagem, a alta cúpula da Confederação está reunida em caráter de urgência desde a última terça-feira (9) para avaliar todas as repercussões da investigação.
A CBF mantém contato com Fifa, Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) e outras entidades e federações internacionais para pedir auxílio e entender como pode se movimentar para previnir novos casos de manipulação.
Já no STJD, foram formadas seis equipes de trabalho de procuradores, que estão debruçados exclusivamente em cima do tema, examinando as mais de 2 mil páginas do processo e as peças de acusação enviadas pelo MP-GO.
Tanto CBF quanto o tribunal tentam apressar suas ações, prometendo "punições exemplares" aos envolvidos nos escândalos.
Ao mesmo tempo, porém, está descartada qualquer tipo de paralisação no Campeonato Brasileiro, ao menos por ora.
Segundo apurou a ESPN, isso ocorre porque todas as investigações divulgadas até agora apontam para movimentações individuais de atletas específicos com a mágia de apostadores, não tendo nada orquestrado entre clubes.
As punições aplicadas, portanto, serão individuais, e não coletivas.
Quanto ao Brasileirão 2022, que tem diversas partidas investigadas no escândalo, também não haverá mudanças na tabela de classificação. O campeão Palmeiras, portanto, não tem qualquer chance de ter sua conquista suspensa.
Vale lembrar que, na última terça-feira (9), a Justiça de Goiás acatou a denúncia feita pelo MP contra os 16 investigados na "Operação Penalidade Máxima 2".
Ao todo, sete atletas se tornaram réus na ação, ao lado de nove apostadores que comandam a organização criminosa.
Os réus vão a julgamento após o processo de instrução feito pelo juiz.
Entre a última terça e esta quarta-feira (10), diversos jogadores também foram afastados por seus clubes, como Eduardo Bauermann (Santos), Vítor Mendes (Fluminense), Palmeiras x Juventude
Juventude x Fortaleza
Goiás x Juventude
Ceará x Cuiabá
Red Bull Bragantino x América-MG
Botafogo x Santos
Palmeiras x Cuiabá
Eduardo Bauermann (Santos)
Gabriel Tota (Ypiranga-RS)
Victor Ramos (Chapecoense)
Igor Cariús (Sport)
Paulo Miranda (Náutico)
Fernando Neto (São Bernardo)
Matheus Gomes (Sergipe)
Vitor Mendes (Fluminense)
RiCruzeiro)
Nino Paraíba (América-MG)
Dadá Belmonte (América-MG)
Kevin Lomonaco (Red Bull Bragantino)
Moraes Jr. (Juventude)
Nikolas Farias (Novo Hamburgo)
Jarro Pedroso (Inter de Santa Maria)
Nathan (Grêmio)
Pedrinho (Athletico-PR)
Bruno Lopez de Moura
Ícaro Fernando Calixto dos Santos
Luís Felipe Rodrigues de Castro
Victor Yamasaki Fernandes
Zildo Peixoto Neto
Thiago Chambó Andrade
Romário Hugo dos Santos
William de Oliveira Souza
Pedro Gama dos Santos Júnior
A investigação da "Operação Penalidade Máxima" aponta que grupos criminosos convenciam jogadores, com propostas que iam até R$ 100 mil, a cometerem lances específicos em partidas e causassem o lucro de apostadores em sites do ramo.
Um jogador cooptado, por exemplo, teria a "função" de cometer um pênalti, receber um cartão ou até mesmo colaborar para a construção do resultado da partida - normalmente uma derrota de sua equipe.
As primeiras denúncias ouvidas pela operação surgiram no fim de 2022, quando o volante Romário, então jogador do Vila Nova (GO), aceitou R$ 150 mil para cometer um pênalti contra o Sport, em partida válida pela Série B do Brasileiro.
Na ocasião, o atleta embolsou R$ 10 mil imediatamente e só ganharia o restante caso o plano funcionasse. Romário, porém, sequer foi relacionado para a partida, o que estragou a ideia.
A história chegou até Hugo Jorge Bravo, presidente do time goiano e também policial militar, que buscou provas e as entregou ao Ministério Público do estado. A partir daí, criou-se a operação "Penalidade Máxima" para investigar provas e suspeitas sobre o assunto.
Na primeira denúncia, havia a suspeita de manipulação em três jogos da Série B, mas os últimos acontecimentos levaram os investigadores a crer que o problema era de âmbito nacional e havia acontecido em campeonatos estaduais e também na primeira divisão do Brasileiro.
Além de Romário, outros sete jogadores foram denunciados pelo Ministério Público por participarem do esquema de fabricação de resultados: Joseph (Tombense), Mateusinho (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Cuiabá), Gabriel Domingos (Vila Nova), Allan Godói (Sampaio Corrêa), André Queixo (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Ituano), Ygor Catatau (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Sepahan, do Irã) e Paulo Sérgio (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Operário-PR).
Nenhum jogador preso, só pessoas envolvidas nos pedidos de manipulação. Foram três mandados de prisão em São Paulo, mas só para não atletas.
Foram apreendidas granadas de efeito moral em um mandado de prisão em São Paulo a armas de fogo em outro endereço, também em terras paulistas. Nesse local, houve também um flagrante de armas de fogo sem o devido registro.
Os atletas ou aliciadores podem ser indiciados via Estatuto do Torcedor e também podem responder por crime por lavagem de dinheiro, se for o caso. Segundo o Estatuto do Torcedor, a pena varia de 2 a 6 anos de prisão.
Os atletas e envolvidos suspeitos estão sendo investigados por manipulação da seguinte forma: receber cartões amarelo ou vermelho, cometer um pênalti, garantir uma derrota parcial no 1º tempo, número de escanteios, etc.
515 visitas - Fonte: ESPN
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