Simeone e Sampaoli se cumprimentam em jogo na Espanha — Foto: Jose Breton/Getty Images

A relação que virou idolatria entre Jorge Sampaoli e a torcida chilena começou após o técnico argentino vencer a concorrência de um treinador que, dois anos depois, disputou a final da Liga dos Campeões da Europa. Quando foi contratado para a Universidad de Chile, o técnico do Flamengo superou o conterrâneo Diego Simeone.

Presidente do clube no período, Federico Valdés interrompeu a aposentadoria da vida de cartola para lembrar a história ao ge. Ele comandou La U de 2007 a 2012, período em que o clube conquistou o único título internacional da galeria, a Sul-Americana de 2011.

- Falamos com Sampaoli e, paralelamente, "Cholo" Simeone manifestou interesse em treinar a U de Chile. Nos reunimos com os dois no mesmo dia e, no fim, escolhemos Jorge Sampaoli. Isso aconteceu no fim de 2010, e no início do ano seguinte ele estava no comando da nossa equipe - disse.

Aquela foi a segunda tentativa da diretoria chilena, que quis tirar Sampaoli do O'Higgins após a boa campanha em 2008 e 2009. O acerto não aconteceu, e o treinador foi para o Equador e passou uma temporada e meia no Emelec. A assinatura com a Universidad de Chile aconteceu no fim de 2010, e o ano seguinte foi o mais vitorioso da carreira do profissional.

Começou naquele momento uma história de seis anos ininterruptos no futebol chileno. Três por La U, três pela seleção nacional, que conquistou o seu primeiro título internacional da história sob comando do argentino, a Copa América de 2015.

Nesta quarta-feira, às 21h30 (de Brasília), contra o Ñublense, pela Libertadores, ele enfrentará pela primeira vez um clube local desde que deixou o Chile, em 2016.

Palestrante de primeira
"Cholo" Simeone foi para o Atlético de Madrid na temporada seguinte à disputa perdida, em 2012, e está lá até hoje. Colocou no currículo troféus espanhóis e continentais. Na época, no entanto, ele era um treinador promissor na América do Sul, assim como Sampaoli. Valdés explicou o motivo da escolha.

- Ele (Sampaoli) me mostrou um conhecimento grande de campo e um conhecimento absurdo da realidade chilena. Ele mostrou que sabia o meio em que estava.

Impressionar em entrevista de emprego foi uma característica que apareceu na trajetória de Sampaoli em outras ocasiões. No próprio Flamengo, inclusive, que tentou contratá-lo ao menos em outras duas oportunidades. A admiração conservada no primeiro desses encontros, em 2012, fez o presidente Rodolfo Landim se entusiasmar com a contratação 11 anos depois.

A convivência não foi tão longa, mas Valdés se lembra de um período de poucos atritos com o treinador. Até quando o assunto foi contratações. O dirigente se lembra que, na primeira conversa sobre o assunto, Sampaoli se mostrou 100% satisfeito com o elenco de La U. O mesmo não aconteceu em trabalhos posteriores, em que o técnico se mostrou exigente com reforços.

Comparação com Bielsa
Os três anos vitoriosos no clube levaram o treinador à seleção nacional, onde também fez história. O período rende idolatria até hoje, como mostraram os chilenos que fizeram questão de fazer um registro do treinador, assim como dos conterrâneos Arturo Vidal e Erick Pulgar.

Para Valdés, Sampaoli é o melhor treinador que já passou pelo país. E há nessa comparação outro argentino, Marcelo Bielsa, um dos técnicos mais influentes do planeta. A justificativa, para o ex-cartola, passa pelo futebol brasileiro.

- É o melhor treinador que eu vi no Chile. Aqui, o comparam muito com o Bielsa. Mas eu penso que ele é melhor do que o Bielsa. Bielsa gostava muito de enfrenta as equipes brasileiras, mas nunca ganhava. Sampaoli sabia muito bem como enfrenta-los. Ganhamos do Flamengo duas vezes, eliminamos o Vasco... Ele sabia enfrentar os brasileiros, tinha muita segurança - finalizou.