O Flamengo de Jorge Sampaoli ultrapassou a barreira dos dez jogos em pouco mais de um mês com aproveitamento ruim, desempenho irregular e sem dar sinais de que conseguirá engrenar em 2023.

Depois do empate com o fraco Ñublense pela fase de grupos da Libertadores, a equipe chegou a 11 jogos sob o comando do treinador, com 5 vitórias, 3 empates e 3 derrotas, 54% de eficiência.

Sofreu, também, 13 gols, mais de um por partida, na média, embora tenha marcado 22 vezes, oito delas na goleada sobre o Maringá pela Copa do Brasil.

Mas o que explica o fato de o Flamengo de Sampaoli não engrenar em nenhuma das competições?

Questão física: já não há mais como esconder que as condições físicas do elenco do Flamengo estão longe do ideal. Além de uma série de lesões, sobretudo musculares, que afetam boa parte dos atletas, também há claros sinais de desgaste e riscos de novos problemas, o que tem influenciado no desempenho e no resultado. Entre os jogadores que são baixa por lesão ou que passaram por isso recentemente estão Éverton Ribeiro, Arrascaeta, Matheus França, Pedro, Gerson, Filipe Luis, Varela, Léo Pereira, David Luiz, além dos casos mais graves, que vem desde o ano passado, Bruno Henrique e Rodrigo Caio, que não têm a ver com o calendário atual.

Decisões de Sampaoli: o técnico justifica as escolhas também por questões físicas, mas elas não são a única razão para algumas tomadas de decisão. Por exemplo, que sustentariam a opção por Vidal como titular contra o Ñublense e em outras partidas. O técnico chegou com o discurso de buscar mais contundência e intensidade, chegou a conseguir extrair da equipe isso de forma pontual, mas não foi capaz de dar regularidade e constância, sobretudo por ter que modificar a escalação a todo jogo, às vezes por opção técnica, às vezes por lesão. Em alguns momentos optou por três zagueiros com Fabricio Bruno de lateral, em outros jogou de forma mais tradicional, mas sempre com a preocupação defensiva, e muitos volantes e meias.

Planejamento errado: A diretoria do Flamengo tem papel fundamental na dificuldade de a equipe performar na temporada 2023. Não apenas em função do planejamento atropelado que começou no fim de 2022, mas também pela forma como montou e previu o elenco desta temporada, com renovações de jogadores contestados e em queda visível, casos de David Luiz e Filipe Luis, os mais veteranos. Com a previsão de investimentos mais pesados no meio do ano, o trabalho até aqui passou por validar uma qualidade questionável do elenco, que tem carências em diversas posições, e não permite que o técnico que o comanda, seja Sampaoli, seja Vitor Pereira, consiga imprimir no time as ideias que possui com as peças disponíveis.

Má fase técnica: Também é verdade que apesar dos problemas os jogadores do Flamengo não vivem momento tecnicamente bom. Há espasmos de alguns deles, como Pedro e Gabigol, artilheiros da equipe. No meio-campo, a principal contratação da temporada, Gerson, ainda não consegue ter consistência em suas atuações e oscila a cada jogo. O mesmo vale para o atacante Cebolinha, outro que custou uma fortuna, e não disse ainda a que veio. A má fase técnica do elenco de forma geral, sobretudo do meio para o ataque, tem feito a diretoria priorizar essas posições no mercado para tentar uma reformulação gradual.

O Flamengo folga nesta quinta-feira para que os jogadores se recuperem melhor e se apresenta nesta sexta para o jogo de sábado contra o Cruzeiro, pelo Brasileiro. Na quinta-feira, terá pela frente o Fluminense, no segundo jogo das oitavas de final da Copa do Brasil, após 0 a 0 na ida.