As histórias de vida dos jogadores de futebol são, em geral, marcadas por sacrifício e pobreza. Mas poucas são mais duras e sofridas do que as do zagueiro Wallace, titular absoluto do Flamengo. Ele quase morreu durante a infância, por causa de uma pneumonia.

O episódio ocorreu pouco depois de o menino ter se mudado com a família de Conceição de Coité, no interior da Bahia, para o Rio de Janeiro. O período de seca no Nordeste, que chegava a causar até seis meses sem chuva, fazia com que um banho fosse momento raro em sua terra natal.

Então, o pai de Wallace arrumou um emprego de frentista no Rio e levou a mulher e os filhos em busca de uma vida menos pobre. As condições, no entanto, continuavam precárias. A família precisou morar em uma casa com somente um dormitório. Não havia dinheiro sequer para cama e eles dormiam no chão.

Logo no primeiro inverno carioca, o menino Wallace teve uma grave pneumonia, devido à mudança drástica na temperatura. Ele acabou parando no hospital, em estado grave, onde ficou internado por dias. E as pneumonias voltaram a atacá-lo nos dois invernos seguintes, para desespero de seus pais, que não sabiam mais como curá-lo.

A boa lembrança é que foi naquele período que o zagueiro começou a se apaixonar pela bola, sua amiga inseparável. E Wallace era dos mais habilidosos, a ponto de ter virado meia-esquerda. Em um campeonato de futsal, ele marcou tantos gols que foi convidado por um olheiro para um teste no Vitória.

Lá estava Wallace de volta para o calor da Bahia. Mas o futebol foi fazendo-o jogar cada vez mais atrás. Primeiro, como volante, depois como zagueiro. “Achei minha posição e da defesa não saio mais”, assegura o flamenguista.