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Gustavo Villani é um dos principais narradores do Grupo Globo na atualidade. Na emissora desde 2018, quando deixou o Fox Sports, o locutor se destaca pelas narrações vibrantes e "fora da caixa". O bordão mais característico, por exemplo, é o "gol de Videogame". Essa característica, entretanto, já lhe rendeu alguns puxões de orelha.

Em entrevista ao canal "Mundo GV Betano", Villani revelou ter recebido uma "bronca" da Globo pela narração em gol marcado por Pedro, do Flamengo. O episódio aconteceu na semifinal da Copa do Brasil de 2022, contra o Athletico-PR, na Arena da Baixada. O atacante Rubro-Negro marcou um golaço de biclicleta que acabou gerando a frase "Puskas que pariu".

"O "Puskas que pariu" cabe no Sportv, mas na Globo… [eu recebi] uma chamada de canto. A Globo tem um alcance muito maior que o da TV fechada, que é mais segmentada, com um público de conhecimento mais específico do esporte. Eles [direção da Globo] entendem que o Puskas é mais conhecido para o Sportv e Premiere do que para a TV Globo. Talvez o tiozão lá na portaria ou a tia cozinhando não escutem Puskas, escutem "p*** que pariu". E "como é que você fala um palavrão na hora do gol na TV Globo?"", disse Villani.

"[A frase] É uma coisa que estava dentro de mim, eu não sabia que o Pedro iria marcar um gol de bicicleta. Eu não iria usar um "Puskas que pariu" para um gol qualquer, um gol de pênalti. Está em mim, mas como eu consumo o vestiário, a mesa do bar e estou ligado nas metáforas do futebol, eu ouvi isso em algum lugar. Isso é muito bom. Puskás é o prêmio para o gol mais bonito da temporada, "que pariu" todo mundo pari desde que dê luz a algo. O Puskas pariu um golaço. Obviamente que faz uma menção ao palavrão, mas vamos combinar que hoje em dia é vírgula", brincou o narrador.

Na sequência, Villani explicou a reação da direção da Globo em relação a narração, que chegou a ganhar destaque da Fifa. O locutor ainda relembrou da repercussão que o episódio teve nas redes sociais e na imprensa.

"Eu só usei aquela vez. Não foi uma dura, mas foi uma ligação assim "cara, está a maior repercussão, gente escrevendo contra e a favor". A Milly Lacombe [colunista do UOL], por exemplo, disse que fazer menção a "p*** que pariu" é uma coisa machista. O Menon [também colunista do UOL] disse que era uma licença poética. São pontos de vista. E eles me chamaram atenção para a questão da TV Globo. Eu disse que não estava entendendo se havia sido bom ou ruim, e explicaram que era só pra não usar na TV Globo. Virou chamada no Sportv depois, ai eu entendi que tinha sido legal", comentou.

"Eu não fico chateado, mas eu fico pensativo. Se a ideia geral é fazer uma disrupção, porque isso é uma pauta da grande mídia, (…) até onde e quando eu posso tentar arriscar? A ideia é fazer uma sucessão, então eu tento fazer. Eu perguntei "vocês querem que eu faça o que sempre foi feito? Porque esse eu conheço, eu já sei como o pessoal narra futebol na TV Globo". Eu não posso inventar a roda, então "vamos jundo tentar tocar algo novo ou [não]?"", acrescentou o narrador.

Villani contou ainda que também foi chamado atenção durante a Copa do Mundo no Catar por um episódio semelhante. Na ocasião, ao narrar um gol do inglês Phil Foden, ele disse que o meia da Inglaterra era "Foden".