26/11/2013 20:05
Campeões de 90 recordam primeiro título: 'Não tinha a mesma dimensão'
Na segunda edição da Copa do Brasil, Flamengo usa base promissora para conquistar a taça e é conduzido por Júnior. Nesta quarta, time tenta o tricampeonato
Título que provavelmente gera lembranças mais remotas nos torcedores rubro-negros, a Copa do Brasil de 1990 já valia vaga na Libertadores, mas, ainda em sua segunda edição, não atraía os mesmos olhares que atualmente. Porém, serviu para alavancar a carreira de um grande número de jogadores revelados na base do clube. Nomes como Djalminha, Nélio, Rogério Lourenço e Marquinhos, todos com cerca de 19 ou 20 anos na ocasião, foram alçados ao futebol profissional depois de vencerem a Copa São Paulo de Futebol Júnior na mesma temporada. No caso do meia Zinho, que havia sido campeão da Copa União de 1987, a conquista era uma consolidação na equipe. Todos os jovens comandados por Júnior, que assumira o papel de irmão mais velho daquele grupo.
- A gente tinha aquela coisa de título nacional. Para a gente foi muito importante. Para mim especialmente, porque o Brasileiro de 87 tinha aquela polêmica, nós todos nos sentimos campeões brasileiros, mas não havia o reconhecimento da CBF (a entidade reconhece o Sport como campeão nacional daquele ano). Acho que todos os torcedores coerentes reconhecem o Flamengo como campeão de 87, mas esse título de 90 era reconhecidamente o meu primeiro nacional. Foi o início, né? A primeira vez você nunca esquece. Foi minha primeira Copa do Brasil, depois ganhei mais duas (em 98 com o Palmeiras e em 2001 com o Grêmio). Era novinho, 22 aninhos. A gente tinha o Júnior, que era o nosso grande líder, o Fernando zagueiro. Jogadores mais acostumados com decisões. Passaram muito a importância daquele título para os mais novos - conta o ex-meia, que hoje é gerente de futebol no Santos.
Nos jornais, nada de manchetes de destaque. O nome do campeonato sequer era mencionado na capa de O Globo após a conquista: "Fla é campeão e já tem vaga na Libertadores". No programa "Globo Esporte", da Rede Globo, nenhuma imagem do empate sem gols com o Goiás, que deu o título ao Rubro-Negro, foi mostrada no dia seguinte. Prova da menor importância é evidente inclusive na fala dos rubro-negros campeões. Para Nélio, o título do Campeonato Carioca do ano seguinte, em cima do Fluminense, teve maior peso, por exemplo.
- Com certeza o Carioca de 1991 foi mais comemorado (do que a Copa do Brasil). Por nós jogadores vindos da base, que nos tornamos titulares, e pela torcida também. O Flamengo não ganhava o Estadual há muito tempo (havia perdido em 88 e 89 para Vasco e Botafogo, respectivamente). O Carioca moveu muito mais, a torcida viu os jogadores criados na casa crescerem. A Copa do Brasil não tinha a dimensão que tem hoje - conta.
- Acho que nós já tínhamos qualidade para jogar no profissional, e o Flamengo nos proporcionava isso. Chegamos para somar, sabiam que tínhamos qualidade apesar de sermos novos. Com 17 anos eu já tinha ficado no banco de reservas em um jogo contra o Olaria na Gávea. A diretoria acreditou no potencial daquela garotada. Pode ter sido um pouco de necessidade por ter outra competição mais importante, mas se não fosse naquele momento, seria um pouco depois. Depois, pegamos sequência e ganhamos o Carioca em 1991 e o Brasileiro em 1992 - diz Nélio.
Zinho reforça que os jovens ganharam corpo e maturidade.
- Nosso treinador era o Jair Pereira, trabalhava com a base, tinha sido campeão com a seleção brasileira de juniores. Nosso time tinha muita garotada. Júnior Baiano, Paulo Nunes, Nélio, Marcelinho Carioca, Rogério (Lourenço). Era um momento de reformulação do clube, de safra. Ainda tinha um pouco de 87, da Copa União, mas a gente vinha de um período ruim, sem título no estadual, e esse título da Copa do Brasil foi fundamental para dar uma confiança do torcedor e da mídia para a nova geração do Flamengo.
Passados 23 anos, o Flamengo tenta nesta quarta-feira o tricampeonato da Copa do Brasil. Depois de 90, contra o Goiás, e de 2006, contra o Vasco, o Rubro-Negro encara o Atlético-PR. No Maracanã, às 21h50m (de Brasília), cariocas e paranaenses disputam a taça. Com o empate por 1 a 1 em Curitiba, semana passada, o Flamengo joga por um empate sem gols para ficar com o título. Em caso de novo 1 a 1, a decisão vai para os pênaltis. Qualquer empate a partir do 2 a 2 dá o título ao Furacão. Se houver um vencedor nos 90 minutos, por qualquer placar, este será o campeão.
campanha do primeiro título do Flamengo na Copa do Brasil:
1ª Fase - Flamengo 5 x 1 Capelense-AL - Moça Bonita / Capelense 0 x 4 Flamengo - Rei Pelé
Oitavas - Flamengo 2 x 0 Taguatinga-DF - Gávea / Taguatinga-DF 1 x 1 Flamengo - Boca do Jacaré
Quartas - Bahia 1 x 1 Flamengo - Joia da Princesa / Flamengo 1 x 0 Bahia - Municipal de Juiz de Fora
Semifinal - Flamengo 3 x 0 Náutico - Maracanã / Náutico 2 x 2 Flamengo - Aflitos
Final - Flamengo 1 x 0 Goiás - Municipal de Juiz de Fora / Goiás 0 x 0 Flamengo - Serra Dourada
A escalação do Flamengo na decisão contra o Goiás, no Serra Dourada:
Zé Carlos, Aílton, Vitor Hugo, Rogério e Piá; Uidemar, Júnior, Bobô (Nélio) e Zinho; Renato Gaúcho e Gaúcho. Técnico: Jair Pereira.
978 visitas - Fonte: Globo Esporte
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