A discussão sobre a criação de ligas independentes de clubes no Brasil segue mais latente do que nunca. Um dos tópicos mais debatidos é sobre a divisão dos direitos televisivos entre os clubes, com muitos defendendo diversos modelos que existem em diferentes ligas do mundo.

Durante palestra na Confut Sudamericana, conferência realizada no Rio de Janeiro, o vice-presidente geral e jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee, defendeu que o Brasil precisa de um modelo próprio na divisão.

"Eu acho que não tem um melhor modelo que a gente possa olhar e copiar, acho que cada mercado é um mercado q tem as suas peculiaridades. E aqui no Brasil, por exemplo, nós temos um descasamento importante de torcida e de audiência entre alguns clubes e outros. A gente tem o Flamengo aí, nacional, entre 22% e 24% da torcida, o Corinthians, um clube enorme em um mercado muito importante que é São Paulo... e isso é diferente, por exemplo, da Premier League, que a torcida deles lá é mais separada", disse.

"Então, assim é importante você olhar modelos mundiais, mas também é importante você saber onde você está e como as coisas estão funcionando aqui. É muito fácil uma pessoa que defende o clube pequeno, que está com o boné do clube pequeno, falar "não, tem que ser o modelo da Premier League ou da NFL ou que seja da MLS", mas são incomparáveis com o Brasil, porque lá a situação é completamente diferente", seguiu.

"Um presidente do Flamengo ou um Conselho Deliberativo do Flamengo que vai analisar esta questão, ele jamais vai fazer uma transferência imediata de recursos de uma forma violenta, ou do Corinthians, vai ter que ser uma sessão", acrescentou.

Dunshee ainda defendeu que ocorra um acordo geral, afirmando que vê, inclusive, outros clubes grandes concordando com sua posição.

"Mas eu acho que a gente tem que adaptar os modelos lá de fora para a situação real do Brasil, porque ninguém vai dar um caminhão de dinheiro para ser dividido por outros porque isto é difícil, se você sabe que negociando individualmente você pode ganhar muito mais, você não vai apresentar para o seu conselho uma proposta onde que você vai ganhar muito menos", avaliou.

"Então, a gente tem que sentar, encarar a realidade, e encontrar um modelo onde seja justo e que seja progressivo, e que, aos poucos, esta repartição de receitas seja um pouco mais equilibrada, isto o Flamengo é favorável. Agora, o Flamengo não é favorável a simplesmente sustentar de forma pesada e ter uma redução de receita violenta, e tenho certeza que Palmeiras, Corinthians e os grandes clubes do Brasil também não têm esta visão", completou.

O dirigente flamenguista ainda defendeu que o clube já cedeu pelo sucesso da liga de clubes quando possibilitou a criação da "Lei do Mandante" na negociação de direitos televisivos.

"Então, a gente tem que encontrar um modelo que atenda a todos, mas que haja alguma... a gente tem que ceder alguma coisa? Sim. A gente já cedeu, inclusive, o movimento que o Flamengo fez mais importante e democrático que existiu nos últimos tempos foi a "Lei do Mandante", hoje, todos os times do Brasil que disputam a primeira divisão têm o jogo do Flamengo para vender, e isso tem um valor comercial", afirmou.

"O Flamengo cedeu, o Flamengo fez isto de forma consciente sabendo que a venda individual era uma liberdade necessária, inclusive, para permitir a venda coletiva, que nós entendemos que a melhor forma de fazer um ganho total para todos, um ganho em escala para melhorar o Campeonato Brasileiro para todos e as receitas para todos, é numa venda coletiva, é numa liga que permita um campeonato melhor, com calendário melhor, com arbitragem melhor, vários pontos que a liga pode trazer de valor e de melhoria para o produto", continuou.

Por fim, o dirigente mostrou otimismo para um desfecho feliz da liga de clubes no Brasil.

"Acho que é possível e estamos mais próximos de encontrar uma solução nacional, que eu acho que é importante, mas eu acho que é preciso um pouco de bom senso de todo mundo para saber que nenhum presidente ou dirigente de clube, tendo uma proposta de 3X, vai entrar numa liga para ganhar simplesmente meio X. Não vai acontecer isso, então, a gente tem que ter um pouco de bom senso para avançar", finalizou.

Próximos jogos do Flamengo

Fluminense (F): 16/7, 16h - Brasileirão

América-MG (C): 22/7, 16h - Brasileirão

Atlético-MG (F): 29/7, 21h - Brasileirão