Para Hernane, existe um contexto para se assumir ídolo do Flamengo. Quando era perguntado se podia se considerar em tal condição no clube, pela quantidade de gols marcados (34 na temporada, sendo 17 no Maracanã), o Brocador rejeitava o rótulo. A justificativa era a necessidade de conquistar um título. Nesta quinta-feira, o artilheiro amanheceu como mais novo campeão com a camisa rubro-negra. Em participação no "Arena SporTV", o xodó da maior torcida do Brasil comentou esse e outros assuntos.

- Hoje posso dizer que sou ídolo. Para um jogador ser ídolo de um clube grande como o Flamengo tem que conquistar título. Já me fizeram essa pergunta antes e eu falava que não, sempre falei que não. Ainda não caiu a ficha, não consegui dormir depois do título. Fui dormir 6h da manhã. Daqui a pouco cai a ficha. E, com essa torcida maravilhosa, não tem nada melhor - respondeu o Brocador.

Mas antes da glória houve um momento sem holofotes. Hernane começou 2013 como titular no Campeonato Carioca, quando o treinador ainda era Dorival Júnior. Em março, Jorginho foi contratado como novo técnico. Em maio, chegou Marcelo Moreno para ser o centroavante principal do elenco. O Brocador precisou esperar sua vez e se contentar com a reserva, aproveitando as raras oportunidade no time para mostrar serviço. O jogador reconhece a dificuldade de defender a camisa rubro-negra e não esconde que a cobrança foi enorme.

- No Flamengo, você tem que provar todo dia, não é fácil jogar aqui. Hoje estou passando por isso. O time é muito grande mesmo. A torcida cobra bastante e eu acho que ela tem razão. Só não pode ultrapassar, mas tem que cobrar do início ao fim. Infelizmente não levamos o Carioca, que fui artilheiro, assim como na Copa do Brasil. No Brasileiro joguei pouco com o Mano. Com a chegada do Marcelo Moreno tive que ir para o banco, sabia que ele vinha para jogar, mas não desisti. Trabalhei bastante esperando a nova oportunidade, que veio com o Jayme e eu pude ajudar também no Campeonato Brasileiro - lembrou o artilheiro rubro-negro.

Passada todas as incertezas do meio do ano, Hernane agora pode sorrir, se orgulhar da tarefa cumprida na Copa do Brasil e dos números alcançados na temporada. Após o título, sobra tempo até para falar das coreografias exibidas nas comemorações.

- O André Santos é o jogador que mais chama para fazer as comemorações. Na concentração ele vai no quarto e pergunta: 'Hernane, qual vai ser a de hoje?'. Essa da final foram de dois amigos de Bom Jesus da Lapa (interior da Bahia), que fizeram mais uma música para mim. Pediram para fazer a dancinha e eu retribui fazendo a comemoração, mas na hora não deixaram eu fazer a coreografia. Na empolgação chegou todo mundo me abraçando. Mas deu para fazer um pouquinho. Quem criou a coreografia entendeu - contou, aos sorrisos.

Brocador, Brocatelli (alusão a Balotelli, do Milan), Hernandowski (alusão a Lewandowski, do Borussia Dortmund), Hernaniesta (alusão a Iniesta, do Barcelona), Hernunes (alusão ao artilheiro do Flamengo em 1981, ano das conquistas da Taça Libertadores da América e do Mundial de Clubes). Definitivamente nas graças da torcida, o atacante agora tem até o luxo de escolher qual dos apelidos prefere. E mostrando compasso com a história do clube que defende, não deixa por menos.

- Essa brincadeira de inventar apelidos para o jogador sempre vai ter. Mas o apelido que deu mais certo desses foi o 'Hernunes'. Muitos torcedores me encontram na rua e falam que eu tinha esse espírito do Nunes, de brigador, que quando sobra a bola ali na área está sempre fazendo o gol - definiu o goleador.