Cria do Fla e vascaíno na infância, Lomba pode definir queda do Flu

5/12/2013 08:18

Cria do Fla e vascaíno na infância, Lomba pode definir queda do Flu

Revelado na Gávea, goleiro do Bahia diz que equipe não vai tirar o pé na partida de domingo, na Fonte Nova: 'É questão de caráter, de dar dignidade ao campeonato'

Cria do Fla e vascaíno na infância, Lomba pode definir queda do Flu
"São Marcelo Lomba", o paredão tricolor, como a torcida apaixonada do Bahia o chama, talvez tenha sido quem mais sofreu com a caminhada final do time para se manter na Série A do Brasileiro para 2014. Contra Grêmio, na Arena, e diante do Cruzeiro, no Mineirão, o bombardeio não assustou o camisa 1 do Esquadrão de Aço de Salvador. Depois de um ano de muita turbulência política, com picos de vexame na final do Baiano – quando sofreu duas goleadas para o rival Vitória -, o time comandado por Cristóvão Borges e que tem como um dos pilares o goleiro revelado no Flamengo conseguiu a dura missão.

No domingo, às 17h, contra o Fluminense, numa Fonte Nova provavelmente lotada, Lomba nem pensa em reduzir o ritmo. Vascaíno na infância, ele garante que o profissionalismo, os anos na Gávea e a relação que criou em dois anos e meio de Bahia já o fizeram deixar de lado o sentimento de criança.

- Isso (de ser torcedor) não tem nada a ver mais. Honestamente, isso passa. Joguei vários anos no Flamengo e hoje em dia sou Bahia - afirmou o goleiro.

Lomba e a equipe baiana prometem não deixar os esforços de lado para manter Salvador em festa – ou seja, se o Fluminense precisa da vitória, vai ter que passar por cima do "São Marcelo Lomba":

- Nós vamos tentar vencer, normalmente. Não existe qualquer coisa diferente disso.

Na entrevista que concedeu por telefone ao GloboEsporte.com, Lomba - adaptado ao povo baiano, ao time e à cidade de Salvador - conta a trajetória complicada do time em 2013, em meio à guerra eleitoral, e ainda relembra o início da carreira no Flamengo. O goleiro também faz planos ambiciosos para o Esquadrão de Aço de 2014.

Confira a íntegra da entrevista com o goleiro abaixo.

GloboEsporte.com: Como foi esse ano que começou com a derrota para o Vitória por goleada na final do Estadual, um afastamento do time, crise política e agora termina com a missão cumprida logo contra o campeão Cruzeiro, no Mineirão?

Marcelo Lomba: Não cheguei a ser afastado. Foi naquele primeiro jogo da final, na goleada, quando praticamente perdemos o título e resolveram me tirar o segundo jogo. Talvez por ser um dos nomes mais conhecidos do time. Fui poupado, mas não fui afastado. No Brasileiro já voltei a jogar normalmente. Mas foi um começo de ano muito difícil, realmente. O Bahia estava passando por uma crise política, tinha aquele enfrentamento da torcida com ex-presidente (Marcelo Guimarães Filho, que foi destituído do cargo após processo no judiciário que provocou intervenção política no clube) e isso afetou muito também dentro de campo. E o Vitória tinha uma superioridade mesmo, tanto é que está bem no Brasileiro.

O que representou o trabalho do Cristóvão nessa permanência na Série A?

Ele foi muito importante para a gente. Por ter história no Bahia (o treinador foi revelado nas divisões de base do tricolor baiano), ele foi muito bem recebido e veio com metodologia de trabalho que o grupo gostou muito. De treino, de fator motivacional também. O grupo o apoiou muito, ele conseguiu resgatar nossa confiança e trabalhou muito bem com um elenco pequeno até. São apenas 27 jogadores. Tivemos um começo que ninguém esperava, uma surpreendente arrancada no inicio, no primeiro turno. Mas depois, pelo nivelamento do campeonato, pelo desgaste, acho que perdemos o foco e fomos brigar na parte debaixo da tabela. Aí concentramos muito para esses últimos jogos, que foram bem complicados. O Cristóvão é muito estudioso, gosta de montar a estratégia dele de acordo com o outro time, vê os pontos fortes, analisa os vídeos, isso tudo facilita para a gente.

Você ficou 13 jogos sem sofrer gols, mas nesses últimos jogos, contra Cruzeiro e Grêmio, talvez tenha sido quando mais trabalhou, não?

Pois é, me destaquei quando o Bahia mais precisou, consegui manter algumas vantagens e segurar o empate em outros jogos. Era um final muito apertado, com sete ou oito brigando para não cair.

No pior momento do Bahia vocês chegaram a temer pelo emprego do Cristóvão?

O trabalho dele aqui nunca foi questionado. O que considero uma atitude acertada da diretoria. Geralmente os clubes que estão em baixa trocam muito de treinador, e o Bahia manteve. Um mérito do trabalho do Cristóvão e da diretoria. Até no período da intervenção política do clube, quando estávamos muito bem e o Cristóvão estava sendo assediado, houve essa decisão de prosseguimento do trabalho.

Como a intervenção não desestabilizou o grupo?

Por sorte, quando aconteceu, estávamos viajando. Jogamos numa quarta contra o São Paulo, depois fomos enfrentar a Ponte Preta, no momento de maior turbulência. E conversamos entre nós. Era o grupo, o Anderson Barros (diretor de futebol) e o Cristóvão. Falamos que naquele momento era esse o tripé do clube. O Anderson representaria a diretoria para o que a gente precisasse e isso não nos deixou sentir muito a confusão. O maior medo era de tudo aquilo afundar o Bahia no campeonato.

Como foi a sensação de alívio após a vitória sobre o Cruzeiro no Mineirão?

O Bahia fez partida heroica contra o Cruzeiro. Era a gente contra 60 mil pessoas. Todo mundo dava como certo que íamos perder, éramos os únicos que acreditávamos contra um time que foi campeão com méritos e favorito para a partida. Mas se às vezes nos falta técnica, sobra comprometimento e vontade. Foi um jogo de igual para igual, embora, evidentemente, eles tenham dominado o jogo, principalmente depois que abrimos o placar. No fim, eles empataram e conseguimos ainda fazer mais. É um alívio muito grande, tira um peso das costas.

Seu contrato vai até o fim de 2014. Há proposta de outros clubes para o ano que vem?

Estou com a cabeça aqui no Bahia. Domingo acaba o campeonato, vou tirar férias com a minha família, quero aproveitar bastante, sem planejar muito. Tenho contrato e continuo aqui no Bahia.

Houve alguma sondagem do Vasco pelo seu futebol?

No começo do ano ouvi alguma coisa, mas nada que chegou a mim. Nada mais sério.

Sei que você era vascaíno na infância. Isso não pesa não? Até para o jogo de domingo contra o Fluminense, na Fonte Nova.

Isso não tem nada a ver mais. Honestamente, isso de torcedor passa. Joguei vários anos no Flamengo e hoje em dia sou Bahia. Não tem como. É o clube onde fui mais prestigiado, onde as pessoas têm mais carinho por mim. A gente acaba se afastando do sentimento antigo. O Bahia já está marcado na minha vida.

E como vai ser a equipe para esse jogo de domingo? O Fluminense precisa desesperadamente da vitória.

Nós vamos tentar vencer, normalmente. Não existe qualquer coisa diferente disso. É questão de caráter, de dar dignidade ao campeonato. Temos como exemplo o jogo do Atlético-MG contra o Fluminense, quando fizeram um grande jogo (terminou 2 a 2 no Maracanã). Não vai ter corpo mole. Se o Fluminense conseguir vencer, vai ser mérito deles.

Hoje, olhando para trás, como vê seu início no Flamengo, quando substituiu o Bruno, que tinha recém sido preso?

Eu vejo aquela fase como um grande aprendizado, um grande amadurecimento. Eu era um garoto, tinha 23 anos, hoje tenho 26. Era muita pressão, mas joguei um Brasileiro inteiro e aprendi muito.

Como vê os planos do Bahia para 2014?

Acho que o Bahia é o clube que tem mais espaço de crescimento na Série A. Pela mobilização da torcida, pela Arena Fonte Nova, que é a cara do torcedor do Bahia, bem no meio de Salvador, que lota a maioria dos jogos. . Espero que o clube consiga ficar mais forte, que planeje bem para tentar voos mais altos. O Bahia tem muita tradição, tem ídolos do passado, um estádio de primeira linha, acho que pode fazer um time mais forte e ser a grande surpresa do cenário nacional. Depois de muita dificuldade este ano, a esperança volta.

789 visitas - Fonte: Globoesporte.com


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