A contratação de Paulo Pelaipe para o cargo de diretor executivo do departamento de futebol do Flamengo fez despertar dúvidas sobre a permanência do técnico Dorival Júnior no comando do elenco. Afinal de contas, o cargo de treinador normalmente é de confiança deste dirigente. Porém, qualquer modificação tem que passar pela presidência, pois envolverá o pagamento de multa rescisória – que, no caso de Dorival, não é pequena, estando na cada de quase R$ 2 milhões.

Paulo Pelaipe vai responder diretamente a Flávio Godinho, vice-presidente de futebol, de quem escutou que precisará ser discreto e evitar o vazamento de informações para a imprensa. Godinho quer que qualquer contratação seja anunciada em entrevista coletiva na sede do clube. Por isso, Pelaipe tem evitado dar declarações sobre o futuro de Dorival, tendo assegurado apenas a permanência do ex-jogador Zinho na função de gerente do departamento de futebol, que continuará fazendo a conexão entre o elenco e a diretoria.

Pelaipe foi informado na noite de segunda-feira sobre o valor da multa rescisória de Dorival Júnior e se assustou com os valores. O presidente Eduardo Bandeira de Mello já avisou a Godinho que não existe possibilidade de o Flamengo arcar com essa quantia no momento em que a atual gestão, liderada por Patricia Amorim, está tentando antecipação de receita para manter os salários em dia.

Caso decida dispensar Dorival, Pelaipe vai ter que convencer o treinador a abrir mão da multa rescisória, algo pouco provável de acontecer, uma vez que o mercado de treinadores está praticamente parado no Brasil, com a maioria dos clubes da Série A do Campeonato Brasileiro já tendo definido seus comandantes para a próxima temporada. Dorival está passando férias nos Estados Unidos, de onde só retorna no próximo domingo. Na segunda-feira, o treinador deverá se reunir com Pelaipe para saber seu futuro. Além dele, o Flamengo conta com os auxiliares Ivan Izzo e Lucas Silvestre, e o preparador físico Celso de Rezende, todos de confiança de Dorival. Porém, Pelaipe acredita que um clube precisa ter uma comissão técnica fixa, que não deixe o clube a ver navios quando um técnico é demitido ou pede para ser desligado do comando do elenco.


MANO MENEZES

Paulo Pelaipe é amigo pessoal de Mano Menezes, que foi demitido da Seleção Brasileira no último dia 23 de dezembro. Os dois trabalharam juntos no Grêmio, onde o treinador passou grandes momentos de sua carreira. Com a chegada do diretor ao Flamengo, começaram especulações sobre o ex-técnico da Seleção. Porém, essa possibilidade foi minimizada pelo próprio Pelaipe.

“Não tem nada a ver, não tem nada de Mano Menezes. A primeira coisa que eu vou fazer será me reunir com o presidente. Todo mundo fala de Mano porque fui eu que busquei ele no Caxias e levei para o Grêmio. Trabalhamos três anos juntos e temos um bom relacionamento. Mas isso não tem relação com nada”, decretou Paulo Pelaipe ao Jornal Extra.

Além desta declaração de Pelaipe, os empresários de Mano Menezes também não parecem dispostos a negociá-lo com algum clube brasileiro, pois entendem que a imagem dele ficaria desgastada. A ideia deles é que o treinador assuma uma equipe do futebol europeu, fugindo assim do assédio da imprensa do Brasil, que fez muita pressão por sua demissão da Seleção.

Paulo Pelaipe terá pouco tempo para trabalhar na formação do elenco para a próxima temporada, pois a reapresentação do plantel acontecerá em 3 de dezembro, quando começa a preparação para a disputa da Taça Guanabara, primeiro turno do Campeonato Carioca. O Rubro-Negro estreia no dia 19 de janeiro, diante do Goytacaz, no Rio de Janeiro (RJ).