11/12/2013 07:41
Celebridade em casa, Hernane curte férias após cessar dúvidas com gols
Com agenda lotada e nos braços da família, Brocador convive com assédio incomum no bairro onde cresceu e admite mágoa com barração: ‘Não acreditavam em mim’
A bagagem de Hernane está lotada para as férias. E não apenas de gols. Com os 36 marcados ao longo de 2013, o Brocador coleciona troféus que fazem companhia à medalha de campeão da Copa do Brasil. Artilheiro do Carioca, da Copa do Brasil e do país na temporada, o atacante recebeu entre segunda e terça-feira outros três prêmios por desempenho individual. Reconhecimento aos montes para quem há um ano descansava sob a desconfiança após balançar as redes apenas três vezes nos primeiros seis meses de Flamengo e sem saber se seria o escolhido para ser reserva do então absoluto Vágner Love. Doze meses depois, tudo mudou. Em campo e também fora dele.
Enquanto espreme a agenda lotada de compromissos profissionais, Hernane começa as férias ao lado da família na casa que deu de presente para mãe em Campo Limpo, bairro da Zona Sul de São Paulo. Apesar de baiano, vive desde os 12 anos na capital paulista, onde não consegue mais passar anônimo. O cara que fazia tranquilamente o trajeto até o Parque Santo Amaro, local onde cresceu, agora convive com acenos e gritos de "olha o Brocador". Simpático, responde quase sempre com um assobio e sinal de positivo da janela do carro. Rotina que encara de sorriso aberto e que não tem dúvidas: vai se intensificar ainda mais até a reapresentação dia 8 de janeiro.
- Era só a família, não tinha esse tanto de gente na rua, essa muvuca que tem hoje. Sei que as coisas mudaram. Sei que agora nas ruas vai ter a família, os amigos, mas também quem não me conhecia. Depois desse 2013, passaram a me conhecer muito mais. Vão ser férias também com os torcedores, que vão me parar nas ruas para tirar fotos, mas esse é o lado bom. Vou ter mais tempo para atender todos.
O sucesso, por sua vez, não foi fácil. Hernane demorou para sanar todas as dúvidas em torno de seu nome. A responsabilidade de substituir Vágner Love e tirou de letra: foi artilheiro do Carioca. Mas parecia não ser o bastante, e foi justamente quando parecia ser absoluto que o Brocador sofreu seu mais duro golpe na temporada, ao ser sacado para a entrada do medalhão Marcelo Moreno.
- Foi o momento que achei que algumas pessoas duvidaram do meu trabalho. Vinha de artilheiro do Carioca e estava muito confiante que não ia sair do time da maneira que saí (...) Peguei aquele momento e guardei. Foi um momento de mágoa. A palavra certa não é raiva, nem rancor. Eu tinha que trabalhar e mostrar cada vez mais. As coisas foram acontecendo e muitas pessoas não acreditavam. Eu tinha que mostrar no Brasileiro para ter a confiança na torcida. Fui coroado provando isso e conquistando a Copa do Brasil.
Coroação que veio à base de um caminhão de gols, e que Hernane não para de sentir nas ruas. Xodó no Rio e assediado em São Paulo, o Brocador se prepara também para recepção de gala na Bahia, onde reencontrará amigos em Bom Jesus da Lapa, sua terra Natal, antes de seguir para os Estados Unidos. Na rotina de compromissos pesada, o Brocador encontrou um tempo para bater um papo com o GLOBOESPORTE.COM, relembrar momentos marcantes do melhor ano da carreira e fazer uma promessa para o restante das férias: se esbaldar em potes de açaí. Confira a íntegra da entrevista:
Nas suas últimas férias, depois de um início tímido no Flamengo e com o Love como dono da posição, você imaginava viver tudo que está vivendo hoje, um ano depois?
Não. Ano passado, foi totalmente diferente. Tinha feito só três gols e não teve esse tumulto todo (quando vim para São Paulo). Era só a família, não tinha esse tanto de gente na rua, essa muvuca que tem hoje. Sei que as coisas mudaram. Sei que agora nas ruas vai ter a família, os amigos, mas também quem não me conhecia. Depois desse 2013, passaram a me conhecer muito mais. Vão ser férias também com os torcedores, que vão me parar nas ruas para tirar fotos, mas esse é o lado bom. Vou ter mais tempo para atender todos.
Nos seus melhores sonhos, imaginava um ano tão perfeito?
Imaginava um bom 2013. Tanta perfeição assim veio com muito trabalho. Sem dúvidas, foi um ano de coroação que Deus me deu. Um ano muito importante. O sucesso vem com o trabalho, né?
Você começa o ano com dois gols diante do Quissamã, na estreia no Estadual e pouco depois da saída do Love. Diria que esse jogo foi fundamental para te dar confiança e tranquilidade?
Sabia que, com a saída do Love, eu ia ter essa oportunidade. Já na estreia poder fazer dois gols me fortaleceu cada vez mais. Sabia que tinha que brigar pela artilharia para conquistar a torcida. Não só a torcida, como também diretoria, comissão técnica. Tinha que fazer valorizar o meu trabalho e para isso era preciso ser o artilheiro. Por isso, falo que aquilo para mim foi um título. Tinha esse sonho de ser artilheiro em um grande time e no Flamengo aquele era o momento.
Mesmo com a artilharia, no momento que era para você ser o dono da posição e ficar tranquilo, aconteceu a saída do time para entrada do Moreno. Até que ponto aquilo te decepcionou? Como você lidou com isso? Dias após ganhar o troféu de artilheiro do Carioca, ir para o banco de reservas.
Foi o momento que achei que algumas pessoas duvidaram do meu trabalho. Vinha de artilheiro do Carioca e estava muito confiante que não ia sair do time da maneira que saí. Acho que foi meio forçado. Se era para mostrar o trabalho, mostrei no Carioca sendo o goleador. Já no primeiro jogo do Brasileiro fui para o banco e foi um momento em que fiquei muito chateado. Não concordei, mas aceitei a situação e continuei trabalhando. Graças a Deus, as coisas foram acontecendo, os números melhorando e reconquistei o meu espaço mais do que merecido. Trabalhei muito para isso e não iam ser algumas pessoas que me tirariam do meu lugar. Trabalhei e reconquistei.
Muita gente adota esse discurso de aceitação da boca para fora, mas o seu retorno no Brasileiro ainda melhor do que no Carioca mostra que você transformou a decepção em motivação mesmo...
Sem dúvidas. Peguei aquele momento e guardei. Foi um momento de mágoa. A palavra certa não é raiva, nem rancor. Eu tinha que trabalhar e mostrar cada vez mais. As coisas foram acontecendo e muitas pessoas não acreditavam. Eu tinha que mostrar no Brasileiro para ter a confiança na torcida. Fui coroado provando isso e conquistando a Copa do Brasil.
Diria que os dois gols no Fla-Flu representaram o grande ponto de virada nesta situação?
Acho que foi um dos jogos. Contra o Vitória, o Moreno foi para seleção, o substituí e fiz dois gols, assim como no jogo do Fluminense. Eu não tinha dúvidas da confiança da torcida no meu trabalho. O Mano optou pelo Moreno, respeitei, mas aquele foi o momento em que ele chegou, sentou e falou que mesmo com a volta do Moreno eu seria o jogador da posição. Aquilo foi bom para me dar confiança. Pude trabalhar um pouco mais tranquilo, pois sabia que o meu futebol estava sendo retomado, a minha felicidade.
Qual a importância do efeito Maracanã nessa sua volta por cima? Foi uma empatia impressionante, com gol em quase todos os jogos...
Foi muito grande essa sintonia. Até hoje, não sei explicar. Procuro alguns argumentos, mas não consigo ainda. Ali, estou em casa. O pessoal canta “que torcida é essa?”, “o Maraca é nosso”, e eu adotei também um pouco disso para mim. Quando o Flamengo joga no Maracanã, as coisas acontecem um pouco mais rápido. Jogamos mais tranquilos, podemos atacar, nos expor um pouco, o que não acontecia fora. Temos a força da torcida, que foi muito importante para o Flamengo e para mim. Tinha o sonho de ser ídolo da torcida do Flamengo e a cada vez que entrava em campo eu tentava mostrar mais.
Tudo que você fez na temporada foi suficiente para acabar com todas as dúvidas que te cercaram em diferentes momentos?
Acho que não sou a pessoa certa para falar disso. Creio que hoje a torcida confia, mas sei que não está bom. Tenho que mostrar cada vez mais. A partir do momento que eu não fizer, as coisas vão se inverter. Então, tenho que fazer mais para que não tenha dúvida de que o Hernane tem condição de ser o camisa 9 do Flamengo.
Depois de 36 gols, três prêmios de artilheiro e um título, agora você está de férias. Qual a programação? É hora de relaxar, curtir a família...
Esse é o momento onde posso dormir até um pouco mais tarde, comer um pouquinho a mais, abusar um pouco da alimentação. Graças a Deus, não tenho problema com peso. Gosto muito de açaí e agora posso extrapolar um pouco, o feijão tropeiro, que é o feijão da Bahia (risos). Além de estar com a família, que é a melhor parte. Sei que quando voltar das férias vou estar bem. Me cuido bastante. Agora, posso ultrapassar um pouquinho mais.
1031 visitas - Fonte: Globoesporte.com
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