13/12/2013 19:37
Perfil: fama, polêmicas e contradição sobre a CBF na 'cachaça' de Sestário
Advogado do caso Héverton se diz viciado em trabalho e tem como clientes 43 clubes. Alguns dizem que foram apresentados a ele pela confederação
Pegue 43 clubes brasileiros mais três federações, junte de 25 a 30 audiências semanais e adicione cerca de 20 horas por dia de trabalho. A quantidade pode variar um pouco de ingrediente para ingrediente, mas o sabor não muda para Osvaldo Sestário, "workaholic" assumido (gíria em inglês que significa alguém viciado em trabalho).
- É uma cachaça. Já teve vezes no STJD em que a pauta toda era minha - afirma o advogado.
A repercussão envolvendo seu nome nesta semana, por ter sido o representante da Portuguesa no caso Héverton - que pode mudar o rebaixamento da Série A do Campeonato Brasileiro -, não abala a rotina do jurista. Convicto de que não deixou de informar a Lusa da suspensão de dois jogos do atleta, ele usa como argumento os 16 anos de carreira no futebol.
- Eu falo muito para aqueles que me criticam, para outros advogados aí que falam que eu domino, que tenho reserva de mercado e essa coisa toda: se eu não fosse bom naquilo que faço, não estava há tantos anos fazendo. Eu penso dessa maneira. Eu advogo por exemplo os três grandes de Recife (Sport, Náutico e Santa Cruz), e há muitos anos já. Isso não é à toa, isso se conquista. Até porque beleza aqui não está, não é? (risos). Acho que é com competência e trabalho. Para se ter uma ideia, fui advogado de clube, procurador na Liga de Futebol de Londrina, ou seja, fazia o papel que o Paulo Schmitt faz hoje de acusar, fui auditor do TJD aqui do Rio, fui dirigente. Então, a minha experiência está voltada para todos os lados: tenho visão do dirigente, do clube. Essa escola ajudou muito - defendeu-se.
O escritório de Sestário tem oito integrantes, incluindo um sócio e a esposa Renata Elisa, com quem é casado há nove anos. Ele tem duas filhas do primeiro casamento, que moram com a mãe em Londrina. O advogado não se estende ao falar da vida pessoal. E não se exalta nas respostas, apesar do confronto com a Portuguesa, que o acusa de não comunicar a punição de Héverton e dispensou seus serviços.
- Sou muito sereno, procuro ser muito técnico. Eu até admiro alguns colegas que têm essa veia mais teatral às vezes, mas não é o meu caso. Já teve julgamentos de eu me exaltar, por exemplo, de a procuradoria fazer denúncia duas vezes de um mesmo atleta meu. Então você acaba ficando revoltado com a situação. Mas sou sereno, tranquilo, quem me conhece sabe que sou da paz, digamos assim. Acho que é até uma virtude nesse caso.
A TEIA DE SESTÁRIO: COMO CONSEGUIU TANTOS CLIENTES
A declaração sobre Sestário é de Paulo Schmitt, procurador geral do STJD:
- Dizem que ele defende 200 clubes, mas não sei se é verdade.
Não é verdade. Mas é uma lista vasta: no momento, segundo sua assessoria, seus clientes são três federações de futebol (Cearense, Paranaense e Mineira) e 43 clubes. De todas as divisões. E até mesmo times que não têm série - que sequer participaram da Série D em 2013. Esporadicamente, o advogado também atende outros clubes, como o Vasco, por mais de dois anos. Por tudo isso, ele é conhecido por todos no STJD e, em média, está presente em 30 julgamentos por semana. A extensa relação de fregueses começou a ser formada quando ainda estava na presidência do Londrina e ajudou na criação da Futebol Brasil Associados (FBA), em 2002. O órgão defendia os interesses das equipes da Série B.
Após o fim de seu mandato no Londrina, no fim de 2003, Sestário foi incentivado por Peter Silva, amigo e também ex-presidente do clube paranaense e ex-mandatário da FBA, a se mudar para o Rio de Janeiro. Na cidade, tornou-se advogado da FBA. Era o início da relação intensa com muitos clubes do Brasil, que fez com que observasse uma carência no mercado jurídico da época.
- Eu acabei criando esse vínculo com os clubes e comecei a fazer um trabalho específico de STJD. Na época era muito difícil para os clubes, e eu senti isso na pele no Londrina para contratar um advogado no Rio. Não havia advogados especializados. E era caro, tinha muitas coisas que dificultavam esse trabalho. Passei a atender estes clubes até pela facilidade do nosso relacionamento, acabei me especializando só nisso e hoje trabalho só com STJD - explicou.
A primeira vez em que atuou no STJD foi em 2002, quando ainda presidia o Londrina e defendeu o clube em um caso de doping do ex-atacante João Fumaça. Mal sabia que tal experiência seria sua rotina diária anos mais tarde. Após a extinção da FBA, em 2009, Sestário não diminuiu seu trabalho. Pelo contrário. Manteve os clientes e intensificou sua relação com eles. A demanda foi instantânea.
- A profissão de advogado é de relações públicas. Se ninguém me conhecer, ou eu não conhecer ninguém, eu posso ser um gênio, mas ninguém vai me procurar - opinou o ex-presidente do STJD Rubens Approbato.
861 visitas - Fonte: Globo Esporte
VEJA TAMBÉM
- NÃO VAI MAIS? Zagueiro não deve ir para rival por respeito ao Flamengo!
- SERÁ QUE VEM? Flamengo consulta valores por Roberto Firmino com aprovação de Filipe Luís
- FLAMENGO NO MERCADO! Firmino gera polêmica e divide a torcida
Instale o app do Flamengo para Android, receba notícias e converse com outros flamenguistas no Fórum!
Mais notícias do Flamengo
Notícias de contratações do Flamengo
Notícias mais lidas
Comentários do Facebook -