Contratado para defender a Portuguesa em julgamento no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), o advogado João Zanforlin fez uma curiosa analogia na última segunda-feira. Durante sessão da comissão disciplinar, o jurista comparou o jogador Heverton a chuchu: "Ele não faz bem e nem mal". A equipe paulista e o Flamengo usaram o critério técnico como argumento para tentar evitar punições, mas isso gerou outra metáfora curiosa. No voto que puniu os cariocas, o relator usou o argentino Lionel Messi, do Barcelona, como exemplo.

Flamengo e Portuguesa foram punidos por terem escalado jogadores em situação irregular no Campeonato Brasileiro – André Santos e Heverton, respectivamente. Cada um dos times perdeu quatro pontos, e os paulistas acabaram rebaixados para a segunda divisão nacional por causa disso.

No voto, o relator do processo do Flamengo disse que a questão técnica não pode ser considerada. A lógica do jurista é que o clube podia ter usado irregularmente o argentino Lionel Messi, eleito pela Fifa o melhor jogador do planeta nos últimos quatro anos, e tentado manter os pontos se ele atuasse mal.

André Santos foi expulso na última partida da Copa do Brasil. No entendimento do STJD, o lateral-esquerdo deveria ter cumprido suspensão na última rodada do Campeonato Brasileiro.

Heverton recebeu um cartão vermelho no próprio Brasileirão, contra o Bahia, e cumpriu suspensão automática contra a Ponte Preta. No entanto, teve pena ampliada pelo STJD e deveria ter desfalcado a Portuguesa na última partida do certame nacional.

"A Portuguesa não precisava do resultado. E com todo o respeito, o que mudaria para nós? Com todo respeito, o Heverton pegou três ou quatro vezes na bola", alegou Manuel da Lupa, presidente da equipe paulista. O meio-campista entrou aos 32min do segundo tempo de um empate sem gols contra o Grêmio.

Para os auditores do STJD, dar razão a essa tese da Portuguesa seria atribuir uma visão muito subjetiva ao caso. O órgão precisaria medir a relevância de atletas e o quanto eles participaram de uma partida.

"Disseram que o jogador da Portuguesa só atuou por 15 minutos e que por isso não foi importante. Se é assim, por que o time não ficou com um a menos nesse período?", questionou um advogado, cuja identidade será preservada, em entrevista ao UOL Esporte.

Condenados pela comissão disciplinar do STJD, Flamengo e Portuguesa decidiram recorrer. Agora, os casos serão analisados pelo pleno da entidade, em sessão marcada para o dia 27 de dezembro.