O Flamengo não se mostra preocupado com o anúncio de abertura de inquérito civil feito nesta quarta-feira pelo Ministério Público de São Paulo para investigar as condutas da CBF e do Superior Tribunal de Justiça Esportiva (STJD) no rebaixamento da Portuguesa devido ao episódio Héverton. Em caso de devolução dos quatro pontos perdidos pelo time paulista no Brasileiro, a equipe carioca correria o risco de queda para a Série B.

O promotor Roberto Senise Lisboa, que vem investigando o caso desde dezembro do ano passado, se disse confiante na reversão da decisão que puniu a Lusa e livrou o Fluminense do descenso.

"Nós estamos instaurando esse inquérito com base no estatuto do torcedor. Existe a possibilidade de a perda de pontos ser revertida. E a possibilidade é bem forte. Se não houver o cumprimento do Estatuto do Torcedor, vamos para uma ação civil pública", afirmou Senise. A partir da notificação, CBF e STJD terão dez dias para responderem ao Ministério Público.

Se a Portuguesa conseguir recuperar mais uma vez a sua vaga na primeira divisão, o Flamengo, que também foi punido pela escalação de um jogador irregular (o lateral-esquerdo André Santos ), acabaria entrando na zona de rebaixamento.

"Não fomos comunicados oficialmente. De qualquer forma, os mesmos argumentos que socorrem a Portuguesa, socorrem o Flamengo. Não temos como nos manifestar mais profundamente porque não recebemos qualquer notificação, mas a linha de argumentação é similar. Eu espero que os dois clubes sejam contemplados", diz o vice-presidente jurídico rubro negro, Flavio Willeman, ao ESPN.com.br.

Na prática, em caso de sucesso do Ministério Público em seu inquérito, caberia ao Flamengo provar apenas que a sua situação é semelhante à da Portuguesa.

"Se o Flamengo escalou um jogador sem a CBF ter informado que ele estava suspenso, então, é o mesmo caso da Lusa", esclareceu o promotor Roberto Senise.

Assim, o time diretamente afetado pela ação do MP seria novamente o Fluminense, que poderia ter de cumprir, no fim das contas, o rebaixamento sofrido em campo. A reportagem tentou sem sucesso contato com o advogado tricolor Mário Bittencourt para comentar o assunto.

A Portuguesa também foi convocada pelo Ministério Público para audiência no dia 22 de janeiro, às 15h (de Brasília). A equipe alega que não foi avisada a tempo da suspensão de Héverton para a rodada final do Brasileiro, em 8 de dezembro, contra o Grêmio. O jogador entrou em campo nos últimos 15 minutos do jogo, que já não valia nada para a Lusa, então livre do risco de rebaixamento.

O clube paulista recorreu na Justiça Desportiva da perda de pontos que acarretou em sua queda à Série B e foi derrotado. Nos últimos dias, torcedores têm entrado na Justiça Comum contra a decisão do STJD.