13/1/2014 15:46
Getúlio ou Carné? Da escola do Fla ao Boavista, goleiros disputam camisa 1
Amigos desde os tempos de base do Rubro-Negro, jogadores rechaçam clima de competição e guardam clube revelador com carinho, apesar de escassez de chances
Por volta de 2006 e 2007, Getúlio Vargas estava no elenco profissional do Flamengo. Muito novo, o garoto Marcelo Carné dava os primeiros passos rumo à profissionalização. Mesmo com a divergência de categorias, no entanto, os encontros eram constantes, contam eles. Uma amizade, por mais que não fosse tão intensa, nasceu desde então. Oito anos depois, os dois se reencontram no Boavista já homens, com bagagem, para disputar uma só vaga como titular na equipe que começa a jogar o Campeonato Carioca em menos de uma semana. Se o mundo dá voltas, o mesmo se aplica ao futebol.
- Assim que eu cheguei aqui, ele (Carné) já brincou comigo: 'Te via treinar' (risos). Sempre fomos muito amigos - conta o companheiro de posição e, agora, de clube.
Atualmente com 30 anos, Getúlio Vargas saiu do Flamengo em 2008 e ainda viu Carné ficar por lá até meados de 2012. Depois disso, teve os direitos adquiridos pelo Vila Nova-GO, mas ficou pouco tempo no clube goiano e acabou acertando com o futebol da Bélgica, por onde já havia atuado quando era emprestado pelo Fla. Também passou por Portugal, África do Sul e Fortaleza, onde foi eleito o melhor goleiro da competição no título do Campeonato Cearense de 2007. No Bangu, ano passado, concorreu como melhor da posição no Carioca, mas acabou perdendo o prêmio para Jefferson, do Botafogo.
Carné é seis anos mais novo: tem 24. Nada que impedisse uma carreira rodada, porém. Apesar de ter se desligado do clube formador há pouco tempo, já defendeu o Duque de Caxias, o próprio Boavista, o Tombense-MG e o Bangu. Ambos também têm passagens pela base da Seleção Brasileira.
O que os dois parecem ter aprendido com a experiência é a cautela e o respeito. Tanto que a reação de rechaçar qualquer clima de disputa foi igual entre eles. Mas uma coisa não se pode negar: somente um ficará com a vaga de titular.
- Eu não gosto de ver como disputa, nunca levei para esse lado. Cada um está aqui para defender o seu trabalho. Lógico, de forma saudável. Não tem essa de disputa - assegura Getúlio Vargas. O companheiro faz coro a ele:
- Quando ele chegou, a gente conversou: o futebol passa, mas as amizades ficam. A gente faz o nosso trabalho apenas. Um joga o outro para cima aqui. Queremos mesmo é dar dor de cabeça ao treinador. Quem tiver que jogar vai representar bem o trabalho - afirmou Carné, que disputou apenas uma partida como profissional do Flamengo.
A "disputa" - talvez assim seja melhor! - é observada de longe pelo técnico Américo Faria, que pouco interfere. A briga pela camisa 1 está aberta, e o treinador já adiantou que não tem nada definido. Isso será feito somente lá pela quinta ou sexta-feira, próximo à estreia da equipe no Carioca, contra o Vasco, no sábado.
A experiência é um fator que pesa muito em casos como esse. E Getúlio Vargas não só tem mais idade como também mais clubes no currículo. "A experiência ajuda sim, mas isso é um conjunto de coisas", minimiza Getúlio, que não acredita em privilégio na escolha do treinador.
Marcelo Carné foi mais direto. Ele, claro, admitiu a qualidade do amigo, mas lembrou que está no Boavista há mais tempo - acertou no meio do ano passado para a disputa da Copa Rio - e avaliou as chances de cada um: 50% e 50%.
- Ele (Getúlio) tem a experiência, mas eu já estou aqui desde a Copa Rio. Ele tem alto nível, mas eu sei da minha capacidade. Acho que é 50% e 50% para cada um. Vamos deixar isso para o Américo - disse o jovem goleiro.
Fugindo completamente da polêmica envolvendo seu nome e o do Madureira, Getúlio Vargas preferiu não comentar as recentes declarações de Elias Duba, presidente do Tricolor Suburbano. Aliás, decidiu se calar em relação a tudo que levasse ao caso. Prosa mesmo só quando o assunto é bom. Como os tempos de Flamengo, por exemplo.
As oportunidades na equipe principal foram pouquíssimas, mas ele não guarda mágoas por conta disso. Muito pelo contrário, diz que tem só agradecimentos ao clube que o revelou e o projetou no cenário do futebol.
- De maneira nenhuma tenho mágoas. Pelo contrário, o Flamengo foi o clube que me deu asas para voar. A época em que eu subi para o profissional foi a mesma em que o Bruno chegou. Então, eu vi que a oportunidade não viria. Mas não fosse o Flamengo, eu não iria para o Ceará me tornar o melhor goleiro do estadual. Nunca seria negociado na Bélgica para viver uma experiência de vida imensurável. Se eu quisesse, eu poderia ter ficado no Flamengo, morando no Rio e recebendo meu salário numa zona de conforto. Mas eu não quis - recorda o jogador.
Marcelo Carné reforça o discurso do companheiro, apesar de guardar mágoas sim. Não do Flamengo, mas de "certas pessoas" dentro do clube que, segundo ele, acarretaram nessa escassez de chances no profissional.
- Não fica mágoa nenhuma, as coisas acontecem. Não vou falar que foi tudo perfeito, até porque tive problemas com certas pessoas lá dentro. Mas isso ficou para trás. Eu só guardo felicidades no Flamengo, foram 14 anos lá. Me proporcionou muitas coisas e até hoje tenho um carinho muito grande. A falta de oportunidades se deu por conta de uma ou outra pessoas lá dentro - concluiu.
Com Getúlio Vargas ou Marcelo Carné na meta, o Boavista estreia no Campeonato Carioca no próximo sábado, às 19h30m, no Estádio de São Januário.
5846 visitas - Fonte: Globo Esporte
VEJA TAMBÉM
- ADEUS! Gabigol inicia contagem regressiva após saída do Flamengo
- REFORÇO DE PESO! Flamengo analisa fazer proposta por Roberto Firmino
- DE SAÍDA? Matheus Cunha tem futuro incerto no Flamengo e recebe sondagens
Instale o app do Flamengo para Android, receba notícias e converse com outros flamenguistas no Fórum!
Mais notícias do Flamengo
Notícias de contratações do Flamengo
Notícias mais lidas
Comentários do Facebook -