Guia do Carioca: com novo formato, estadual começa neste sábado

17/1/2014 08:55

Guia do Carioca: com novo formato, estadual começa neste sábado

Após dez anos, competição abandona sistema com turno e returno e dois grupos devido ao apertado calendário do ano, em razão da Copa do Mundo

O Campeonato Carioca de 2014 chega com uma nova cara. Depois de dez anos sob um mesmo formato - dois grupos e dois turnos, as taças Guanabara e Rio - a competição volta à fórmula utilizada em 2003, com turno único, só que desta vez com 16 equipes. A decisão foi tomada pela Federação do Rio, com concordância dos clubes, para aumentar o período de pré-temporada, livrando algumas datas do calendário, espremido pela disputa da Copa do Mundo.

A competição chega com os clubes considerados grandes em momentos muito distintos. Botafogo e Flamengo dão a largada no torneio com a cabeça voltada para o prêmio maior do primeiro semestre, a Taça Libertadores. A dupla começa o Estadual com times mistos, de olho na preparação para a competição sul-americana. O Fluminense, ainda em meio ao susto pelo rebaixamento e decisões judiciais que movimentam o futebol brasileiro desde o fim de 2013, se reforçou com Conca e Walter e aposta em um bom começo de temporada, assim como o Vasco, que promoveu grandes mudanças no elenco para se recuperar do rebaixamento à Série B.

Já os clubes de menor investimento têm o desafio de conseguir incomodar os grandes em uma competição de tiro mais longo, com 15 jogos diretos até a classificação para a semifinal. Destaque para os treinadores velhos conhecidos dos torcedores cariocas, como o ex-zagueiro Válber, que comanda o Audax. No Boavista, sob o comando do ex-supervisor da seleção brasileira Américo Faria, o destaque é o retorno aos campos do volante Jônatas, ex-Flamengo.
Entre os campeões, o Flamengo lidera com 32 títulos, seguido pelo Fluminense com 31, Vasco com 22, e Botafogo com 20, além de América (7), Bangu (2), Paissandu (1) e São Cristóvão (1).



Um time com a mesma base de 2013, mas desfalcado de sua principal estrela. Assim será o Botafogo neste começo de temporada. A aposentadoria de Seedorf não estava nos planos do clube, e o presidente Mauricio Assumpção já deixou claro que não tem como contratar alguém do mesmo nível. O principal desafio será a Taça Libertadores, torneio que o Botafogo não disputava havia 17 anos. Porém, no discurso, os jogadores falam da importância em buscar o bi do Carioca.

Atual campeão, o Alvinegro deve disputar a primeira fase mesclando a equipe. O novato treinador Eduardo Hungaro, uma das novidades para 2014, deve dar chance a muitos jovens. A seu favor terá a manutenção da base da equipe, com praticamente todo o time que faturou o Carioca no ano passado e conquistou o quarto lugar no Brasileiro.

Além de Seedorf, saíram os atacantes Elias e Bruno Mendes. Para o setor, a diretoria buscou reforços fora do país, contratando o grandalhão centroavante Ferreyra, ex-Olimpia. E está próximo do acerto com Zeballos, outro com passagem pelo futebol paraguaio. A defesa será a mesma do ano passado, com a vinda dos laterais gêmeos Anderson e Alex para compor o elenco, enquanto o meio-campo ganhou reforços para a posição de volante: Bolatti, Rodrigo Souto e Aírton. Ao todo, são nove atletas para a função.



O Flamengo chega para a disputa do estadual com a consciência de sua responsabilidade em lutar pelo título, mas também com o foco no prêmio maior: a Taça Libertadores, pela qual estreia no dia 12 de fevereiro, contra o León, do México, fora de casa. Para isso, o técnico Jayme de Almeida dará espaço a alguns reservas e jovens promessas da Gávea nas primeiras rodadas do Carioca, a fim de preservar os titulares.

A torcida, que terminou o ano empolgada com o título da Copa do Brasil, começa 2014 ressabiada com a perda quase certa de Elias, uma das principais peças daquela campanha. O Flamengo não chegou a um acordo com o Sporting para a contratação do volante, embora ainda não tenha descartado totalmente a manutenção do jogador. Hernane, que tinha saída quase c erta para o Al Jazira, do Emirados Árabes, deve ficar.

Para repor a perda, a diretoria se movimenta. O ala/meia Everton, que passou pelo clube em 2009, na conquista do hexa, está de volta. Do Grêmio chegou Elano, para manter o toque de experiência do meio-campo perdida com a saída de Elias. O ataque terá Alecsandro, ex-Atlético-MG e com passagem pelo Vasco, mas outro nome ainda pode pintar. Somados a eles já estão confirmados o zagueiro Frickson Erazo, titular da seleção equatoriana, o volante Feijão, trocado por Rafinha com o Bahia, e o lateral-direito Léo, que chegou do Atlético-PR.



A torcida do Fluminense, que terminou 2013 desanimada, começou 2014 para lá de empolgada. A animação passa por Conca, de volta ao clube pelo qual foi campeão brasileiro em 2010 após dois anos e meio no futebol chinês. Formará um poderoso trio de frente com Fred e Rafael Sobis. De quebra, o Flu ainda tem Walter, destaque do Goíás no último ano, como mais novo contratado. O outro reforço até agora também briga por vaga no setor ofensivo: o meia-atacante Chiquinho, ex-Ponte Preta.

Em contrapartida, seis jogadores saíram: os zagueiros Anderson e Digão, o volante Edinho e os atacantes Samuel, Rhayner e Marcelinho - destes, apenas o cabeça de área era titular. Outro desafio é espantar a bruxa que atacou o elenco no ano passado e deixou vários jogadores no departamento médico, sendo alguns do time titular como Fred, Carlinhos e Bruno.

Opção principal do presidente da patrocinadora, Renato Gaúcho está de volta ao clube pelo qual foi campeão da Copa do Brasil em 2007 e vice da Libertadores em 2008. Desta vez, a principal competição da América do Sul não está no cardápio tricolor depois de três anos seguidos na disputa. O foco do primeiro semestre, além de acompanhar a batalha judicial referente ao Brasileiro, será a primeira fase da Copa do Brasil e o Campeonato Carioca. O Flu foi beneficiado por um erro da Lusa e se manteve na elite do nacional.



Pela segunda vez em cinco anos, o Vasco chega a um Campeonato Carioca fora da elite nacional, em fase de importantes cortes de gastos e com uma reformulação em seu time. Diante das dificuldades - especialmente defensivas - encontradas em 2013, alguns reforços até são animadores para a torcida. O goleiro uruguaio Martín Silva, ex-Olímpia-PAR, e o zagueiro Rodrigo, ex-Goiás, por exemplo, vêm de temporadas destacadas.

Além deles, foram contratados mais cinco jogadores (os laterais André Rocha, Marlon e Diego Rocha, o volante Aranda e o atacante Everton Costa), que não são capazes de alçar o clube como um favorito à conquista, mas representam uma renovação. A aposta é no foco total na competição, algo que Botafogo e Flamengo, envolvidos na Libertadores, devem abrir mão parcialmente.
Os retornos do volante Fellipe Bastos e do atacante Wiliam Barbio, que tiveram boas temporadas emprestados a Ponte Preta e Bahia, respectivamente, também configuram um fator a mais para deixar a torcida cruz-maltina um tanto mais otimista.

Audax

O Audax Rio vai apenas para seu segundo ano disputando a Série A do Campeonato Carioca. A estreia, no ano passado, pode ter sido considerada além das expectativas. Afinal, a equipe, fundada em 2007, conseguiu um surpreendente sétimo lugar, ficando atrás apenas Boavista, Resende e os quatro grandes. Para 2014, os boatos de que a franquia seria vendida com a troca de diretoria fizeram pairar um clima de incertezas no clube. Mas com a confirmação da disputa do estadual, o clube foi ao mercado e trouxe mais de 10 novidades. Muitos vindos do Audax de São Paulo, como a dupla de zaga Agnaldo e Fernando, por exemplo. O técnico é um velho conhecido do futebol carioca: Válber, que jogou nos quatro grandes e também marcou história no São Paulo como jogador. Ele terá sua primeira experiência de treinador.

Bangu

Um dos mais tradicionais clubes da capital do Rio de Janeiro, o Bangu sempre é uma atração do Campeonato Carioca. Este ano, por três motivos a mais. No gol estará Rafael, ex-Vasco e Fluminense, que tenta um recomeço no estadual. Na linha de frente, os atacantes Rhaudeman, primo de Neymar, atacante do Barcelona, e Elias, promessa revelada pelo Corinthians, são as esperanças do clube. Ao todo, foram contratados sete reforços desde o fim da Copa Rio do ano passado. Comandado por Mazolinha (não é o antigo ponta do Botafogo), o Bangu conta com outro trunfo importante: a oportunidade de poder jogar em casa - Estádio Moça Bonita - contra todos os adversários, inclusive os grandes. O Alvirrubro inicia a busca pelo seu terceiro título da competição - já foi campeão em 1933 e 1966.

Boavista

Vice-campeão da Copa Rio no ano passado, o Boavista se apresenta ao Campeonato Carioca de 2014 como um dos clubes do interior que mais investiram em contratações para a temporada. Ao todo, 15 nomes foram anunciados, além da nomeação de Américo Faria, ex-supervisor da seleção brasileira, para o cargo de treinador. Destaque para a volta aos gramados do meia Jônatas, ex-Flamengo, do retorno ao time do lateral-direito Thiaguinho, campeão brasileiro com o Fluminense em 2010, e para o acerto com meia Jeferson, campeão da Copa do Brasil em 2011 com o Vasco. A equipe ainda aposta na juventude do atacante Romário, emprestado pelo clube cruz-maltino, para a disputa do Estadual. Sexto colocado na última edição do Campeonato Carioca, o Verdão de Saquarema espera ao menos repetir os feitos de 2011, ano em foi finalista da Taça Guanabara, após eliminar o Fluminense nos pênaltis, e garantiu a melhor colocação de sua história na competição ao terminar em quarto na classificação geral.

Bonsucesso

O Bonsucesso é o outro recém-promovido à elite do futebol carioca. De longe, foi o clube que mais contratou para a disputa da competição: 21 reforços, quase dois times inteiros. Vestirão a tradicional camisa rubroanil este ano jovens que foram campeõs da Copa SP de Futebol Júnior pelo Flamengo em 2011, como Caio, China e o lateral-direito Yago. Apesar de, no passado, sempre ter figurado entre as equipes melhores colocadas, o título de campeão carioca ainda é inédito ao clube, que completou 100 anos de fundação em 2013. A diretoria correu contra o tempo para fazer com que o Estádio Leônidas da Silva - que leva o nome do maior ídolo da história do clube - atendesse a todas as exigências da Federação do Rio, e os jogos da equipe vão poder ser realizados em casa, pelo menos contra os pequenos. Provavelmente com arquibancada cheia, a exemplo do que aconteceu nas fases finais da Segundona do ano passado. O técnico será Ricardo Barreto, mantido de 2013.

Cabofriense

Depois de dois anos amargando a Série B do Carioca, a Cabofriense, enfim, está de volta à elite. E vem com moral. Campeão da Segundona de 2013, o clube de Cabo Frio não poupou esforços na montagem do elenco para a atual temporada. Ao todo, 18 reforços foram contratados. Entre eles, estão os zagueiros Gladstone, ex-Cruzeiro; Arthur Sanches, ex-Flamengo; e os atacantes Fabrício Carvalho, ex-São Caetano, e Bruno Veiga, ex-Fluminense. Sob o comando do treinador mineiro Alexandre Barroso, a equipe quer, quem sabe, fazer algo parecido com o ano de 2007, quando chegou à final da Taça Rio, mas acabou sendo derrotada pelo Botafogo. Fundado em 2007, o clube ainda ousou no final do ano passado e ganhou destaque na mídia ao tentar contratar o atacante uruguaio Loco Abreu, mas as negociações acabaram não avançando. Com o Estádio Correão - sua casa - recentemente reformado, a promessa é de não fazer feio em seu primeiro ano de volta à Primeira Divisão.

Duque de Caxias

O time foi salvo do rebaixamento na última rodada da Série C do Campeonato Brasileiro no ano passado, e a diretoria do Duque de Caxias reformulou o time inteiro. Foram 16 reforços. Destaque para o retorno do goleiro Andrade, ex-Olympique de Marselha. Um novo técnico também havia sido contratado: Alexandre Gama, ex-Fluminense. No entanto, faltando apenas uma semana para o início do Campeonato Carioca, o treinador recebeu uma proposta irrecusável do futebol do Catar e deu adeus ao Tricolor da Baixada. O auxiliar César Diniz foi efetivado no cargo. Apesar de ter sido nos últimos anos a quinta força do futebol do Rio de Janeiro, alcançando, inclusive, uma boa colocação na Série B do Brasileiro, o Duque de Caxias não costuma ir bem no Campeonato Carioca. A melhor colocação do Tricolor da Baixada no estadual foi uma modesta décima colocação, em 2011.

Friburguense

Disputando a Série A do Campeonato Carioca desde 1997 - com exceção de 2002, ano em que jogou a Segundona -, o Friburguense, vez ou outra, apronta para cima dos grandes. A melhor colocação foi a quarta posição, em 1999 e 2000. Em 2014, o clube de Nova Friburgo vem com praticamente a mesma equipe que ficou em nono no ano passado. Porém, com contratações pontuais. A principal delas é o volante Abedi, ex-Vasco e Botafogo que estava na Cabofriense. O técnico Gerson Andreotti foi mantido e terá o papel de, com a ajuda de um Estádio Eduardo Guinle brilhando de novo, tentar surpreender mais uma vez. Para isso, o Frizão, como é carinhosamente conhecido, terá ajuda dos incansáveis ídolos Ziquinha e Cadão. Esse último, aos 42 anos, vai para seu décimo sexto Carioca vestindo a camisa do Tricolor da Serra.

Macaé

Principal força do futebol no interior do Rio de Janeiro, o Macaé praticamente se refez após bater na trave pelo acesso para a Série B do Brasileiro no ano passado. Foram contratados 12 novos jogadores. Um novo técnico também acertou. Paulo Henrique Filho assumiu a equipe. O destaque do time fica com o atacante Jean, ex-Flu, Fla e Vasco. Apesar de ser a quinta força do Rio, o Macaé não tem histórico de boas campanhas no Campeonato Carioca. A melhor campanha foi em 2009, quando alcançou a quinta colocação. No ano passado, o Alvinail Praiano lutou para escapar do rebaixamento até a última rodada. O clube também é um dos poucos a receber os grandes em casa, no Estádio Moacyrzão, um dos mais modernos do interior do estado.

Madureira

Quase rebaixado na Série C do Brasileirão de 2013, o Madureira inicia o ano com o uma reformulação no elenco que escapou da degola na última rodada da competição. Além do treinador Antonio Carlos Roy, a diretoria do clube contratou 16 reforços para a disputa do Campeonato Carioca e conseguiu a manutenção do empréstimo do volante Bruno Tiago, que pertence ao Botafogo, e é uma das apostas do clube para a temporada. Campeão da Taça Rio em 2006, ano em que o clube foi vice-campeão Carioca e atingiu a sua melhor posição na competição, assim como em ocorreu em 1936, o Tricolor Suburbano carrega o título de ser uma das equipes mais antigas e tradicionais a disputar a elite do futebol do Rio de Janeiro.

Nova Iguaçu

O Nova Iguaçu vai para a sua quarta participação no Campeonato Carioca. O comandante será Edson Souza, que já teve uma passagem em 2008 e conquistou a Copa Rio - principal título da história do clube. Sem histórico de contratação de medalhões, a Laranja da Baixada manteve o padrão e novamente terá um elenco jovem. No mercado, destaque para a contratação do atacante Sergio Júnior, de 32 anos, que foi o artilheiro do Macaé na Série C do Brasileiro em 2013 e foi alvo de praticamente todos os times de menor investimento do estadual. A melhor colocação registrada pelo Nova Iguaçu na competição foi a nona, obtida em 2011 e 2012. No ano passado, a Laranja da Baixada lutou para não cair até a última rodada. Durante este tempo na elite do futebol do Rio de Janeiro, o clube ficou conhecido mesmo por revelar o lateral-esquerdo Cortês e o atacante Wiliam Barbio.

Resende

O Resende manteve a base do time que, em 2013, chegou à fase de oitavas de final da Série D do Campeonato Brasileiro. Nomes como os dos meias ofensivos Marcelo Régis e Geovane Maranhão seguem na equipe comandada pelo técnico Paulo Campos. No gol, o experiente Mauro continua a prestar seus serviços. O Resende disputa a elite do Campeonato Carioca desde 2008. Seu momento de mais brilho se deu em 2009, quando conseguiu se classificar à fase semifinal da Taça Guanabara e eliminou o Flamengo, dentro do Maracanã. Na final, entretanto, o clube alvinegro do Sul-fluminense acabou derrotado pelo Botafogo. Em 2013, o Resende foi o quinto colocado no Campeonato Carioca, atrás apenas dos quatro grandes.

Volta Redonda

O Volta Redonda entra na disputa do Campeonato Carioca sob o comando do jovem técnico Tarcísio Pugliese, ex-Guarani-SP. Apesar dos 33 anos de idade, o comandante já milita no futebol desde os 19 e também já trabalhou com preparação física. O clube não conta com nomes muito conhecidos no elenco, exceção feita ao goleiro Gatti, que já se destacou em algumas edições passadas do estadual. Em 2013, o Voltaço não fez grande campanha e acabou em décimo lugar. No segundo semestre, foi eliminado na fase semifinal da Copa Rio. O clube do Sul-fluminense teve seu ponto mais alto no estadual em 2005, quando venceu a Taça Guanabara e fez a final contra o Fluminense. O Volta Redonda, que à época tinha Túlio Maravilha como maior destaque, venceu o primeiro jogo e, no segundo, esteve perto de levar a decisão para os pênaltis, mas um gol do zagueiro Antônio Carlos no apagar das luzes garantiu o título ao Tricolor.

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