O presidente do Fluminense, Peter Siemsen, colocou sob suspeita a influência do Flamengo na concessão da liminar a um sócio do clube na 42ª Vara Cível de São Paulo devolvendo os quatro pontos retirados pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), em dezembro, e cassada na última segunda-feira pela CBF. Ele pediu uma maior reflexão em torno dos episódios acontecidos na última rodada do Brasileiro envolvendo também a Portuguesa.

Na ocasião, os dois times foram punidos pela escalação irregular de atletas. A Lusa, que havia mandado a campo o meia Héverton, suspenso, acabou rebaixada no lugar do Fluminense enquanto que o rubro-negro carioca se salvou por pouco após ser penalizado pela utilização do lateral André Santos — seria ele o rebaixado caso a Lusa não fosse punida.

Peter sugere uma ligação entre o advogado Luiz Paulo Pieruccetti Marques, responsável pela liminar obtida pelo Flamengo na Justiça paulista, e o rival, não se tratando, portanto, de um torcedor apenas.

"Torcedor do Flamengo, não. Um advogado do Flamengo. Torcida do Flamengo é outra coisa. (Ele é) um advogado que trabalha com o departamento jurídico do Flamengo e ligado diretamente", afirma em entrevista ao ESPN.com.br.

Além disso, o mandatário tricolor diz ser preciso "pensar e avaliar" toda a situação da rodada final do Brasileiro.

"O pessoal tem que dar uma olhada na situação. Faço uma analogia com o raio. Nos últimos cinco anos na Série A, você só tem três casos de jogador que jogou irregularmente por suspensão. Quer dizer, fora Flamengo e Portuguesa, você só tem outro caso que é o Grêmio Prudente. Houve um erro administrativo do Prudente e ele foi punido, coincidentemente num jogo com o Flamengo. Não sei por que o Flamengo não reclamou naquela época. Podia fazer defesa do Grêmio Prudente também, da mesma forma que está fazendo a dele", diz.

"O Grêmio Prudente perdeu o jogo mais os três pontos da penalidade prevista na lei. Ninguém reclamou para mudar a lei. Agora, acontece com o Flamengo e a Portuguesa. Bom, eu acho que é uma situação de ganhar na (Mega) Sena ao contrário. É a mesma coisa de você ter uma tempestade na cidade e dois raios caírem na mesma árvore. Porque em cinco anos você só tem um único time com o qual aconteceu isso numa situação administrativa, de um erro administrativo, e de repente acontecem dois na mesma rodada? Acho que é isso que tem que ser pensado e avaliado", completa.

Perguntado sobre o que é preciso ser analisado em todo esse episódio, o presidente Peter Siemsen preferiu se esquivar. "Eu não vou me meter nisso, não tenho como ver isso. O que eu acho é que tem alguém ganhando na (Mega) Sena ao contrário".

O cartola preferiu não afirmar tratar-se da hipótese de uma combinação nos bastidores, embora não tenha descartado a possibilidade. "Não sei. Acho que foi muita sorte de todo mundo acontecer na mesma rodada".

Como a CBF ainda não conseguiu um efeito suspensivo contra a liminar que devolve os quatro pontos à Portuguesa na Justiça Comum, o Flamengo é hoje o clube que está sendo rebaixado no Brasileiro. A entidade máxima do futebol brasileiro se articula para derrubar também a decisão favorável à Lusa.