Marcado por uma série de confusões, o Brasileirão 2013 segue sem data marcada para terminar. Em meio a tantas indefinições, de quem serão os rebaixados e de quantos times vão disputar a primeira divisão, uma coisa é certa: as próximas temporadas prometem ser difíceis no que diz respeito ao marketing esportivo. É o que garante especialistas no mercado.

O desgaste causado por inúmeros episódios lamentáveis de brigas nos estádios já seria suficiente para afastar empresas sérias do futebol brasileiro. O primeiro exemplo foi dado o ano passado mesmo, com a saída da Nissan, então patrocinadora do Vasco, por causa das cenas absurdas protagonizadas na última rodada por torcedores do time carioca e do Atlético-PR.

Além disso, a participação decisiva do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) no campeonato, que rebaixou a Portuguesa e salvou o Fluminense, pelo menos até este momento, também gerou polêmica e pode causar estragos na imagem do produto.

"O Brasileiro desse ano vai ser lembrado muito pelo Bom Senso, pela violência e pela virada de mesa. Isso é péssimo para a empresa. Eu acho que esse é o ponto que a gente tem de maior prejuízo. O valor do campeonato vai caindo cada vez mais. Talvez agora a gente não sinta tanto, mas mais pra frente com certeza", afirmou Erich Beting, especialista em marketing esportivo, para o ESPN.com.br.

Para o publicitário Washington Olivetto, sócio da WMacCan, o cenário gera incertezas para o investidor, o que é um péssimo sinal.

"Quando um anunciante procura uma mídia, ele quer saber exatamente o que vai encontrar. Se vai anunciar em uma novela, por exemplo, ele quer que a novela passe na televisão todos os dias. Tudo isso gera muitas incertezas. O investidor não quer estar perto de violência. Os anunciantes vão pensar muito mais a partir de agora, não tenho nenhuma dúvida de que vai ter incertezas. A Nissan é o exemplo. Ela não quer a marca naquela selvajaria. Sobre o STJD, seja ou não legalmente, sempre atrapalha a imagem, é mais um defeito no produto futebol", destacou.

De acordo com o economista Luis Paulo Rosenberg, que esteve no comando do marketing corintiano por alguns anos, os episódios podem também afastar consumidores do futebol, aumentando o prejuízo das marcas.

"O leigo imagina que quando um patrocinador coloca o nome na camisa ele está apenas buscando aparecer na Globo e na ESPN. Na verdade, ele está associando a marca dele à marca do clube. Ele investiu bilhões para ela ser vista como algo do bem. Quando um torcedor é fotografado com a marca dele do peito dando uma marretada no outro, a perda do patrocinador é de bilhões de reais. Portanto, ele prefere não correr o risco à aparecer na televisão. Nos comentários sobre a decisão do STJD, muita gente fala em cancelar o pay-per-view. Se o patrocinador perceber que o consumidor está olhando para o futebol com asco, vamos ter de vender naming rights com preço de patrocínio de camisa", completou.

Por ser ano de Copa do Mundo, algumas dificuldades eram previstas para 2014 e para os próximos anos, já que o evento vai atrair muitos investimentos de empresas, que devem deixar as competições cotidianas em segundo plano.

"Quando a gente soma esse ambiente, com a pré Copa do Mundo, com as empresas investindo bastante nisso, você acaba fazendo com que o campeonato brasileiro não seja prioridade. O cenário pior é não ter nenhuma empresa nova para entrar. A gente tem perdido empresas nos últimos tempos, como foi a Fiat e a Samsung. Se essas empresas entram no futebol do mundo inteiro e aqui não é porque tem algum problema", finalizou Beting.