A sensação térmica em Gainesville no momento da chegada do elenco do Flamengo no sábado era de 6º. Muito diferente dos 30º sentidos no Rio de Janeiro no dia anterior à viagem. A preocupação com as baixas temperaturas será uma tônica da pré-temporada nos Estados Unidos, mas também podem ser benéfica à preparação dos jogadores. Em tese, o elenco vai adquirir um nível de aptidão física maior para iniciar a temporada no calor do Rio de Janeiro por causa da preparação prévia no frio. Isso porque as temperaturas baixas permitem cargas mais intensas de treinamento físico, acelerando a preparação. Mas o Flamengo também terá que tomar mais cuidado. O ge consultou Orlando Laitano, professor e pesquisador do Departamento de Fisiologia da Universidade da Flórida, para entender o cenário que o time brasileiro enfrentará em Gainesville. Além do frio, o clima é também seco neste momento, o que faz com que os jogadores apresentem níveis maiores de desidratação. É uma bandeira vermelha para esses dias de preparação na Flórida. O frio muda a percepção dos jogadores sobre a necessidade de consumir líquidos e, por isso, a equipe de profissionais do Flamengo precisará estar mais atenta à hidratação do elenco, como explicou Luciano Capelli, fisiologista do clube: - O que diferencia o frio e o calor é a desidratação, quanto você desidrata e o que você perde. Para isso, nós temos mecanismos de avaliar essa perda tanto em qualidade quanto em quantidade. Nós conseguimos elaborar estratégias individuais de hidratação tanto no frio quanto no calor. Muitas das vezes conseguimos impor uma intensidade de treinamento maior no frio do que no calor. Por esse lado, se a gente treina mais intensamente no frio, quando voltamos para o calor, depois de um período de adaptação, isso pode ser benéfico. Pensando na readaptação dos atletas ao clima quente, o Flamengo optou por encerrar antes a pré-temporada na Flórida e voltar ao Rio com uma semana de antecedência do que estava previsto. Quando voltar ao Brasil, o time terá reajustar a carga e intensidade, porque dificilmente conseguirá manter a intensidade no calor. A vantagem é que o elenco já está adaptado às altas temperaturas. Veja algumas vantagens de treinar no frio: Aumento da capacidade do sistema cardiovascular, visto que o frio exige maior esforço para manter a temperatura corporal, o que melhora a circulação sanguínea e o transporte de oxigênio. O treino em climas frios força o corpo a economizar energia e melhorar a eficiência metabólica. Isso pode ajudar no gerenciamento do calor em condições mais quentes, pois o corpo já terá lidado com condições adversas. Aumenta a resistência. Além disso, treinar em temperaturas adversas desenvolve resistência psicológica, ajudando os atletas a lidarem melhor com desconfortos e desafios.