A goleada por 5 a 2 no estádio Moça Bonita não foi a única vitória do Flamengo sobre o Boavista na última quarta-feira. Longe dali, no estádio Nivaldo Pereira, em Nova Iguaçu (RJ), a equipe de juniores do Rubro-negro vencia a equipe do interior por 4 a 1. E o jogo não era apenas mais um, mas sim o ponto de partida para uma reformulação nas categorias de base do clube.

E para comandar este processo de mudanças, o time da Gávea convidou um velho conhecido do clube: o técnico Marcelo Buarque, de 50 anos. Com passagens como atleta, técnico e auxiliar, o profissional chega ao Flamengo após superar uma leucemia em 2013 e pronto para cumprir uma missão que já foi deixada bem clara pela diretoria.

"É hora de voltar a produzir grandes craques. Há muito tempo não temos um. A diretoria me disse que precisávamos reativar aquele ditado de que 'craque o Flamengo faz em casa'. Isso tem que voltar a valer", disse Marcelo.

O último grande craque revelado pelo Flamengo foi o atacante Adriano, em 2000. "A ideia é ter grandes craques e não apenas promessas. Quem sabe um novo Adriano mesmo. Não exatamente igual, mas no sentido de ter um grande jogador formado aqui", explicou o novo técnico.

Após o Imperador, o meia Renato Augusto, atualmente no Corinthians, foi o nome de maior destaque da base rubro-negra, mas não chegou a brilhar como esperado.

E apesar do momento difícil, o desafio não chega a assustar Marcelo Buarque. "Aqui é apenas um trabalho que tem tudo para dar certo. Susto mesmo eu tomei no ano passado. Minha doença foi um baque muito grande. Quando você é diagnosticado com leucemia começa a pensar um monte de coisas. Eu só queria viver e poder estar ao lado da minha família", relembrou.

"Por sorte, eu tive uma leucemia melóide crônica, que é um tipo mais leve da doença. Tomei uma série de remédios e hoje estou praticamente zerado. Claro que tomo remédios ainda, mas é tranquilo. O médico ainda falou: 'você vai morrer com isso, mas não disso'", completou Marcelo Buarque.

Atleta das categorias de base do Flamengo entre 1976 e 1982, técnico dos times mais jovens entre 1987 e 1999 e auxiliar técnico dos profissionais em 2010 (Rogério Lourenço estava no comando), Marcelo acredita que este será seu maior desafio pelo clube.