10/2/2014 09:30
Cheio de história, Nou Camp do León esfria caldeirão para receber o Fla
Com apelido que remete ao Barcelona e 11 jogos de Copa no currículo, estádio foi determinante para acesso e título, mas não tem assustado adversários em 2014
Um estádio cheio de história, com apelido imponente, mas que não tem colocado mais tanto medo como em um passado recente. Isso é o que espera o Flamengo para estreia na Libertadores, quarta-feira, contra o León, no México, pela primeira rodada do Grupo 7. Batizado com o nome da cidade sede dos "Esmeraldas", o local não demorou muito para receber a alcunha de Nou Camp. Xará da casa do Barcelona, o palco sediou, em 47 anos de história, uma Olimpíada e duas Copas do Mundo. Na temporada passada, foi o caldeirão do time da casa, campeão mexicano. Entretanto, 2014 chegou e os números caíram drasticamente, em retrospecto que pode animar torcedor rubro-negro.
Campeão do Torneio Abertura em dezembro, o León chegou à conquista, depois de 21 anos de jejum, muito graças à força do Nou Camp. Ao todo, foram oito vitórias, três empates e somente uma derrota na campanha que teve ainda 43 gols marcados e 21 sofridos. Na disputa atual da liga mexicana, por sua vez, a pressão imposta pelos 30 mil torcedores que costumam lotar a casa não tem surtido efeito. Apenas na 15ª colocação entre 18 participantes, os "Esmeraldas" foram mandantes em três ocasiões, tendo vencido só uma. Pior que isso, perderam para o Morélia e para o Pumas nas últimas duas partidas, em série de tropeços que não acontecia há um longo período em seus domínios.
- Tem sobrado posse de bola e faltado poder de fogo a esse time do León. Fazia um ano que não perdia duas partidas consecutivas em casa e agora todos estão em alerta, clube e torcedores. Por outro lado, por ser um torneio internacional, é esperada casa cheia e grande apoio. Pela característica de ficar bem perto do campo, sem alambrado, o ambiente costuma ser de muita pressão para os rivais - definiu o jornalista Paco Vela, da rede de jornal e TV "Lá Afición".
E se o rendimento não tem entusiasmado em campo, fora dele as características do estádio realmente favorecem a uma atmosfera de pressão para cima do Flamengo. Na tarde de domingo, ainda com o lixo da partida da véspera, diante do Pumas, exposto e comprovando a lotação, o GloboEsporte.com visitou o Nou Camp e percebeu um estádio com as cadeiras bem próximas ao campo, principalmente atrás dos gols, e cenário típico da Taça Libertadores da América. Se acanhado é um adjetivo exagerado para a estrutura apresentada, nota-se que em dia de casa cheia é possível construir um ambiente que, no mínimo, imponha respeito ao adversário.
Com capacidade de 30 mil pessoas após as reformas que deixaram toda a arquibancada com cadeiras, os ingressos serão vendidos a partir desta segunda-feira para associados e terça para o grande público. Os valores variam entre R$ 35 e R$ 70. Já o espaço destinado aos visitantes é bem reduzido e cercado por grades, bem próximo ao placar eletrônico. O gramado parece estar em boas condições, com a grama cortada bem baixa. Os jogadores do Flamengo poderão tirar suas conclusões na tarde de terça-feira, às 16h, horário local (20h de Brasília), quando fazem o treino de reconhecimento.
Apelido ‘sem querer’, Santos, Copa e Olimpíadas
Apesar da associação automática, os leoneses garantem que o apelido de Nou Camp em nada tem a ver com o Camp Nou do Barcelona. Construído para os Jogos Olímpicos da Cidade do México, 1968, o estádio passou a ser chamado assim após suposto erro de tradução de um narrador esportivo, que teria confundido os idiomas espanhol e catalão. Verdade ou não, o fato é que o Estádio León construiu sua própria história ao longo dos anos e deixou para trás a relação com o Barcelona.
Logo na inauguração, um clássico entre dois dos maiores clubes sul-americano: Santos x River Plate, com vitória por 2 a 1 para os brasileiros, em 1 de março de 1967. No ano seguinte, o local foi sede do torneio olímpico de futebol, mas cumpriu mesmo a missão de sua construção em 1970 ao abrigar sete jogos da Copa do Mundo. A mais importante delas: Alemanha 3 x 2 Inglaterra, pelas quartas de final. Já no Mundial de 1986, a participação foi mais modesta: quatro jogos, sendo três da França, que acabaria eliminando o Brasil nas quartas.
Com o passar do tempo e a queda do León para longo período na Série B, o Nou Camp viveu anos de anonimato até ser fundamental para campanha do acesso dos "Esmeraldas", em 2012. O fator casa foi tão determinante que o rosto de torcedores marcantes foi pintado no muro atrás do gol onde ficam localizadas as organizadas. O casamento de sucesso permaneceu no ano seguinte, com a conquista da Séria A, e vive agora momentos de crise. Melhor para o Flamengo, que tem a oportunidade de não passar em branco ou ser apenas mais um em um estádio com tanta história para contar. E nem precisou do Barcelona para isso.
792 visitas - Fonte: GE
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